UFPA recebe Sandra Graffi, a musa do Cinema da Boca

A Universidade Federal do Pará recebe, nesta sexta-feira, 10 de maio, às 14h30, na Faculdade de Artes Visuais (FAV), a atriz Sandra Graffi, estrela e musa do Cinema Nacional, na década de 1980. A artista estará na faculdade para um bate-papo sobre o Cinema da Boca do Lixo, um dos movimentos mais importantes e promissores da história cinematográfica brasileira. Antes da roda de conversa com Sandra Graffi, a FAV exibirá o documentário O Galante Rei da Boca (2003), dirigido por Alessandro Gamo e Luís Rocha Melo.

A Boca do Lixo, zona central da capital paulista, atraiu para região, diversas produtoras cinematográficas, que ficaram sediadas principalmente nas ruas do Triunfo, Vitória, dos Gusmões e dos Andradas, devido à proximidade com as estações ferroviárias e rodoviárias. Duas das três estradas de ferro da cidade, a Paulista e a Sorocabana (hoje pertencentes ao Governo do Estado), tinham nas imediações as estações de trens da Luz e a Júlio Prestes. Nesta área, estavam instaladas, por exemplo, a Polifilmes (então a maior distribuidora de filmes em 16 mm), a Columbia, a Paramount, a Warner, a Art Filmes, a Fama Filmes, a Pel-Mex, a França Filmes do Brasil, a Paris Filmes.

Da região da Boca do Lixo paulista, nasceram produções de filmes dos mais politizados até pornochanchadas. Um exemplo é O Pagador de Promessas – a única produção brasileira que ganhou a Palma de Ouro no Festival Internacional de Cannes realizado por uma empresa sediada em um prédio na rua do Triunfo.

Rara oportunidade - Diretora da FAV e professora do Curso de Cinema e Audiovisual, Ana Cláudia Melo, afirma que a presença de Sandra Graffi na UFPA, especialmente na Faculdade de Artes, que abriga o único curso de Cinema e Audiovisual da região Norte do Brasil, é uma daquelas raras oportunidades de aprender sobre um passado recente do Cinema Nacional, que “talvez por preconceito, tenha ficado por muito tempo à margem dos estudos acadêmicos.”

Segundo a professora, atualmente o Cinema da Boca já é reconhecido por estudiosos, inclusive como um gênero ou uma tendência criativa do Cinema Nacional ao lado e até mesmo em oposição ao Cinema Novo. A professora explica ainda que o termo “Boca do Lixo” foi adotado, à época, por vários jornalistas para se referir às realizações produzidas identificadas como pornochanchada, nome dado às comédias maliciosas e de costumes produzidas no país.

O Galante Rei da Boca - Com 50 minutos de duração e eleito melhor documentário em 2004, no Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade, o filme apresenta um mapeamento das formas de produção da Boca do Lixo a partir da trajetória do produtor e diretor Antônio Polo Galante, conhecido como o Rei da Boca, com quem a atriz trabalhou e conviveu ao casar com o filho dele, o roteirista e também produtor, Roberto Galante.

Sandra Graffi - Foi modelo que migrou para as telas e se tornou atriz. Ela participou de 17 filmes, trabalhou com renomados diretores e produtores como Alfredo Sternheim, Walter Hugo Khouri e Antônio Polo Galante. Ela viu o auge e também o declínio do movimento com a liberação de filmes de sexo explícito no Brasil. Esteve ao lado de nomes conhecidos que fizeram parte do movimento e até hoje integram a cena do audiovisual brasileiro, como Silvio de Abreu, autor de importantes telenovelas brasileiras, que chegou a ter uma produtora na região da Boca do Lixo.

A artista também trabalhou com Luiz Castellini, Walter Hugo Khouri, Julio Bressane, Chico Cavalcanti, e com José Mujica, o Zé do Caixão, e o grande Ozualdo Caldeiras. Contracenou ainda com atores como Nuno Leal Maia, Sandra Brea, Zilda Mayo, Elizabeth Hartman, Matilde Mastrangi, Vera Fisher  e  com a Xuxa, no polêmico filme Amor Estranho Amor (1982), de Walter Hugo Khouri.

Serviço:
Roda de Conversa - O Cinema da Boca do Lixo, com Sandra Graffi
Exibição do Documentário O Galante Rei da Boca (2003)
Dia: 10/05/2019
Hora: às 14h30
Local: Faculdade de Artes Visuais (FAV/UFPA) – Sala de Projeção do Prédio Anexo – Campus Guamá

Texto e fotos: Divulgação FAV