Projeto criado por estudantes oferece serviços de reparos domésticos de mulheres para mulheres

Contratar um profissional para fazer pequenos reparos ou realizar obras dentro de casa é algo corriqueiro, mas ainda pode ser desafiador para mulheres que moram sozinhas, afinal, esse tipo de serviço é quase sempre oferecido por homens. Esse incômodo motivou alunos da Universidade Federal do Pará a criarem a Minerva, uma plataforma ainda em fase de desenvolvimento que conecta prestadoras de serviço a mulheres que precisam do auxílio.

O Projeto Minerva foi assim batizado em homenagem à deusa romana das artes, do comércio e da sabedoria. A iniciativa é mantida por 9 estudantes de diferentes áreas: Engenharia da Computação, Arquitetura, Administração. Junto a eles, duas mulheres tão guerreiras quanto a deusa Minerva já toparam o desafio.

“Aquela massa que ele bate, eu também posso bater” - Alessandra Luz é uma das primeiras participantes da iniciativa e mal pode esperar para começar a trabalhar. No ano passado, Alessandra realizou um curso e reconhece a dificuldade de manter-se motivada ao ouvir comentários machistas.

“Quando a gente chegava pra bater a massa, eles já diziam ‘sai daí, tu não dá conta’ ou ‘isso é coisa pra homem’. Mas, hoje em dia, nós sabemos que a mulher tá em todo lugar. Então aquela encanação que ele pode fazer, eu posso. Aquela massa que ele bate, eu também posso bater. Se tiver que trocar uma porta, uma janela, eu também sei”, conta Alessandra Luz.

E ela não está sozinha nessa. Sídia Silva foi a colega de turma de Alessandra em uma turma de 20 homens. O gosto pela área da construção civil começou com o desejo de realizar, sozinha, os reparos de sua própria casa. Agora, Sídia terá a chance de ajudar outras mulheres.

“Nós estamos nos setores de trabalho dos homens, e isso ainda assusta. O salário não é o mesmo, o tratamento é diferenciado. Em Belém, dificilmente se vê uma mulher em uma obra”. A autônoma também reconhece a segurança de prestar esses serviços para outras mulheres: “As mulheres que trabalham nessa área também sentem medo”, diz.

Mas o medo não tem espaço dentro do olhar e dos sorrisos de quem mal pode esperar para começar a transformar a realidade do mercado de trabalho feminino. A mesma energia e o orgulho também são sentidos pelas mulheres envolvidas na idealização do projeto.

Carla Verena, estudante de Administração e uma das idealizadoras da Minerva, lembra que pesquisas do Datafolha já apontam que 42% das mulheres brasileiras já sofreram assédio sexual. Segundo Carla Verena, podemos mudar essa realidade: “Quero que mulheres como eu consigam solicitar o serviço sem medo de que algo aconteça”, ressalta.

O serviço será solicitado on-line - Os estudantes envolvidos no projeto trabalham no desenvolvimento de uma plataforma web em que todas as mulheres poderão fazer cadastro e solicitar diversos tipos de serviços, como reparos residenciais, pinturas e instalações em geral. O serviço começa a ser ofertado ainda este ano, em Belém.

Saiba mais sobre a Minerva e outras iniciativas do Time Enactus UFPA.

Texto e imagem: Mariana Vieira - Assessoria de Comunicação / Time Enactus UFPA.