UFPA sediará lançamento de livro sobre História Econômica da Amazônia
No próximo dia 6 de junho, quinta-feira, às 18h, o pesquisador Francisco de Assis Costa, professor titular do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (Naea), lançará em Belém o seu mais novo livro: A brief economic history of the Amazon (1720-1970).
A ser realizado no auditório do Centro de Convenções Benedito Nunes, da Universidade Federal do Pará (UFPA), o lançamento vai se dar por meio de um debate sobre a obra, recentemente editada na Inglaterra pela Cambridge Scholars Publishing e comercializada tanto na página da editora quanto nos diversos sites de vendas Amazon.com.
Pelo caráter interdisciplinar do trabalho e da vasta produção do pesquisador, o diálogo será mediado pelo reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho, e contará com a participação de pesquisadores de diversas áreas e Instituições de Ensino e Pesquisa, locais, nacionais e internacionais.
O livro - De forma sintética, o livro é composto por três capítulos interdependentes e intitulados: 1) “A Amazônia colonial e sua economia (1720-1822)”; 2) “A economia da borracha (1820-1920)”; e 3) “A economia regional da Amazônia, o boom da borracha e depois (1850-1970)”. Todos se utilizam de ampla bibliografia, assim como de fontes conhecidas ou novas, como o Sistema de Integração de Dados Fundiários e Ambientais (SigFundiário), projeto lançado pelo IntegraData, na UFPA, em parceria com o Tribunal de Justiça do Pará (TJE-PA), o Ministério Público do Estado do Pará (MPE-PA), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma agrária (INCRA) e o Instituto de Terras do Pará (Iterpa).
Com recortes temporais de cerca de um século cada um, com exceção do último, que inclui 20 anos a mais, cada um dos capítulos desfaz equívocos, como a ideia de que a história econômica regional pode ser explicada por “ciclos”, entre os tantos casos; confirma fundamentado em novas fontes de dados o que eram apenas hipóteses, a exemplo da produção de borracha por camponeses “caboclos” desde antes (mas também durante e depois) do aumento da demanda internacional desse produto in natura no século XIX ou desvela novos sentidos e significados para a historiografia da Amazônia.
O novo livro também surpreende pela quantidade de atualizações teóricas e metodológicas, assim como por novas formas de combinar noções utilizadas em trabalhos anteriores, sempre em diálogo com autores de diversos campos e matrizes do pensamento. “Na verdade, mais de dois terços do livro resultam de pesquisa inédita”, explica Costa.
Entre as noções articuladas no trabalho, para melhor compreensão da diversidade amazônica, característica não apenas das condições geográficas e biogeoquímicas mas também da sociedade e da economia regional em diferentes momentos históricos, estão as de trajetórias tecnológicas , de economias locais e de arranjos produtivos locais, assim como a importante compreensão da domesticidade como padrão de organização de um tipo de economia que atravessará séculos, tendo como base os usos e os atributos de uma floresta viva, dinâmica, plural.
Tais ajustes permitem uma visão mais abrangente sobre processos de longo prazo que envolveram a formação de diversas formações socioeconômicas (camponesas agroextrativistas e agrícolas, em especial) e padrões de organização (produtiva, rurais e urbanas, de comércio e indústria), a exemplo do aviamento, ao mesmo tempo em que desvelam diversas influências (políticas, estatais, mercadológicas, sociais), capazes de produzir mudanças em seus cursos.
Sobre o autor - Francisco de Assis Costa é uma das principais referências quando se trata da pesquisa sobre a economia agrária e de base florestal na Amazônia desde os tempos coloniais até os dias de hoje. Também é reconhecido pelas importantes contribuições para o debate sobre o desenvolvimento regional à frente de cargos como a direção de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (DIRUR) do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) entre 2011 e 2012.
Economista de formação, cursou o doutorado na Freie Universität Berlin, na Alemanha. Pesquisa a Amazônia desde meados dos anos setenta, atuando hoje como professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido do Naea e no Programa de Pós-Graduação em Economia da Faculdade de Economia da UFPA.
Além do conhecimento histórico, sua obra inclui vários estudos sobre economias locais, como a dos produtos florestais não madeireiros (sementes, óleos, frutos, entre outros), incluindo também a economia do açaí, com o trabalho intitulado “O Açaí do Grão-Pará: Arranjos Produtivos e Economia Local – Estrutura e Dinâmica (1995-2011)”, que lhe assegurou o grau de professor titular no Naea em 2017.
Quantificar, analisar, teorizar foram os caminhos científicos encontrados por Francisco Costa para mostrar que as economias agroextrativistas existem há séculos na região, com alto potencial de inovação e resiliência diante de crises e pressões externas. “Reconhecer a importância dessas economias é fundamental para desfazer preconceitos históricos, para demonstrar a eficiência dessas atividades do ponto de vista da gestão do trabalho e da terra, assim como para valorizar a floresta em pé, caminho de desenvolvimento econômico mais adequado dos pontos de vista social e ambiental para a Amazônia”, afirma Costa.
O debate - O lançamento do livro "A brief Economic History of the Amazon" será às 18h do dia 6 de junho (quinta-feira), no Auditório Benedito Nunes.
Presencialmente ou por meio de vídeos, participarão como debatedores: Harley Silva (UFPA), Wesley Cantelmo (UMFG), Danilo Araújo Fernandes (UFPA), Philippe Plas (Paris XIII), Brenda Taketa (UFPA), Jochen Dürr (Universidade de Bonn, Alemanha), Thales Cañete (UNAMA), Rafael Chambouleyron (UFPA), Ana Paula Bastos (UnB), Roberto Araújo (MPEG) e Fábio Castro (UFPA). A entrada é franca, e a obra pode ser adquirida nos sites da editora Cambridge Scholars e da Amazon.com.
- Mais informações:
>> Currículo lattes - Sobre as pesquisas, acesse aqui.
- Reportagens sobre as pesquisas de Francisco de Assis Costa:
>> Revista Pesquisa Fapesp
>> Amazônia Real
>> Site O Eco
Texto: Brenda Taketa
Foto: Rubens Stanislaw
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