Pesquisa mostra que lixo produzido por turistas em Salinópolis gera microplásticos, um risco para a saúde
O município de Salinópolis, com diversas praias, chega a abrigar mais de 300 mil pessoas durante as férias de julho. Porém, com muitas pessoas, também vem muito lixo, principalmente plástico, que se quebra em pequenas partículas que se misturam na água e areia e podem ser ingeridas por peixes e diversos animais. Esses microplásticos nas praias trazem riscos à saúde de moradores e turistas, que podem ingerir estas partículas por meio de peixes, mariscos ou frutos do mar pescados na região.
De acordo com o professor José Eduardo Martinelli, autor da pesquisa que atestou a estes resultados e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), o ideal é que todo o lixo inorgânico gerado em zonas costeiras seja destinado para coleta seletiva e reciclagem. “Os turistas devem carregar consigo todo o lixo produzido, enquanto que pescadores e aquicultores devem ser cuidadosos e descartar corretamente artefatos que contém plástico, como cabos, boias, isopores e armadilhas”.
A ingestão acidental de plástico por seres humanos pode acarretar diversos problemas de saúde, principalmente no trato gastrointestinal, e pode interferir na resposta imunológica do intestino. “Essas partículas podem ser acumuladas na cadeia alimentar e consequentemente chegar até as nossas mesas. A presença do plástico no meio ambiente leva à ingestão acidental por espécies de importância socioeconômica como diversos caranguejos, camarões, ostras e peixes”, explica o professor.
Efeitos no ecossistema - Segundo a oceanógrafa Raqueline Monteiro, coautora da pesquisa e doutoranda do programa de pós-graduação em Ecologia Aquática e Pesca da UFPA, muitos desses plásticos ingeridos são tóxicos e podem causar problemas hormonais e reprodutivos em espécies marinhas, afetando sua procriação.
“Diversos tipos de plástico podem possuir aditivos tóxicos, como substâncias que retardam sua combustão ou queima. Além dessas substâncias que podem estar presentes no microplástico, essas partículas também podem absorver metais pesados e contaminantes orgânicos, tornando-as potencialmente danosas quando ingeridas acidentalmente por animais.”
Os microplásticos podem levar séculos até se degradarem em partículas ainda menores, que também podem ser ingeridas por animais marinhos ou persistir por tempo indefinido nas praias, manguezais e outros ambientes naturais. O estado atual é irreversível, mas ações de intervenção e educação podem ser adotadas, para evitar que mais plástico alcance praias, rios, mares e oceanos.
A pesquisa – Realizado em 2014, o estudo “Distribuição generalizada de microplásticos em uma praia arenosa da Amazônia” publicado no Marine Pollution Bulletin envolveu estudantes da disciplina "Impactos Ambientais e sistemas costeiros e oceânicos" e o Laboratório de Oceanografia Biológica, do curso de Oceanografia da UFPA. A pesquisa atestou a presença de microplásticos em todas as amostras coletadas na praia da Corvina, no município de Salinópolis. Para saber mais, leia o artigo completo aqui.
Texto: Rafael Miyake – Assessoria de Comunicação da UFPA
Foto: Agência Pará
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