É preciso que todos se interessem em aprender a Língua Brasileira de Sinais
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é a segunda língua oficial do Brasil. Porém, no ambiente acadêmico, poucos estudantes ouvintes conhecem ou se interessam pelo aprendizado de Libras. Arlete Gonçalves, doutora em Educação e especialista em Tradução e Interpretação de Libras, pesquisadora em Educação de Surdos no Ensino Superior e coordenadora de Acessibilidade (CoAcess/SAEST) da Universidade Federal do Pará (UFPA), explica a importância do aprendizado da língua no Ensino Superior.
Apenas em 2002, a Libras foi oficializada como língua, tornando-se a oficial para as comunidades surdas do Brasil, com estrutura gramatical própria. Desde então, o seu aprendizado é obrigatório em Licenciaturas em Instituições de Ensino Superior. Mas o ingresso de alunos surdos em cursos superiores, em que o ensino de Libras não é obrigatório, tem aumentado, e o não conhecimento da língua pelos alunos ouvintes cria uma barreira na forma dos alunos surdos se relacionarem com a universidade.
A coordenadora da CoAcess, Arlete Gonçalves, após dificuldade em se comunicar com um aluno em sala de aula, tomou a iniciativa de aprender a língua: “O interesse ocorreu quando tive o primeiro aluno surdo e observei as dificuldades, chamadas de “barreiras de comunicação”, que havia em sala de aula. Eu não estava conseguindo compreendê-lo nem compartilhar as informações que eram necessárias para a sua formação. Essa situação foi impactante na minha formação como professora e me fez buscar o aprendizado em Libras”, conta.
Por que estudar Libras? - A UFPA recebe alunos surdos em vários cursos e, por mais que os surdos universitários possuam intérprete de Libras em sua turma, uma barreira de dificuldades é criada, porque a maioria dos alunos e professores ouvintes dos cursos não conhece a língua. Assim, o estudante surdo acaba, muitas vezes, se comunicando apenas com uma pessoa, no caso, o intérprete.
Não são somente alunos que precisam aprender Libras para que a barreira de comunicação seja quebrada. É necessário que haja interesse de toda a universidade, incluindo professores, técnicos e servidores. Por esse motivo, o Capacit tem oferecido, com frequência, curso de Libras voltado para servidores da Universidade, assim como o Instituto de Letras e Comunicação (ILC) também oferece cursos de Libras para a comunidade acadêmica e externa, com inscrições em diferentes épocas do ano.
“Com a implementação da lei de cotas, nós tivemos uma grande ampliação do número de vagas para pessoas com deficiências dentro da Universidade. Assim, possivelmente haverá um número maior de surdos ingressando na Universidade, em diversos cursos. Há necessidade de as pessoas começarem a colocar como prioridade em sua formação o aprendizado de Libras para se comunicar. É preciso que a Universidade se aproprie dessa língua”, ressalta Arlete Gonçalves.
Texto: Vagner Mendes – Assessoria de Comunicação da UFPA
Foto: Reprodução/Google
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