Congresso debate desafios e perspectivas para a organização do conhecimento
Durante dois dias, 2 e 3 de setembro, a cidade de Belém foi sede do V Congresso Brasileiro em Organização e Representação do Conhecimento, que teve como tema “Organização do conhecimento responsável: promovendo sociedades democráticas e inclusivas”. Organizado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), em parceria com a Capítulo Brasileiro da International Society for Knowledge Organization (ISKO), o evento teve como intuito promover um debate acerca dos desafios e das perspectivas para a organização do conhecimento de forma responsiva, inclusiva, participativa e representativa.
Para a abertura, o evento contou com as presenças do reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho; do presidente da ISKO Brasil, Thiago Barros; e dos professores da UFPA Armando Lirio, diretor do ICSA; Roberto Lopes Junior, diretor da Faculdade de Arquivologia; e Cristian Berrío Zapata, coordenador do Programa de Pós-Graduação de Ciência da Informação.
“É muito importante estarmos discutindo a produção e gestão de conhecimento, porque este é um momento em que a Ciência e a Educação estão sendo muito fortemente ignoradas ou atingidas por medidas que deixam de reconhecer o seu valor. Espero que o evento sirva de estímulo para continuarmos neste percurso de avanço científico e de desenvolvimento da nossa produção acadêmica”, ressaltou Emmanuel Tourinho.
O reitor da UFPA destacou, ainda, que o fato de o V Congresso Brasileiro em Organização e Representação do Conhecimento ter sido realizado em Belém foi significativo para dar visibilidade aos estudos produzidos na Amazônia. Vale lembrar que a proposta de um dos eixos temáticos do evento - A dimensão aplicada da organização do conhecimento - era pensar a realidade e propor mudanças para ela.
“Para a área, é fundamental a discussão dessas temáticas porque mostra que nós buscamos melhorar. A gente vive em uma época em que o conhecimento tem que ser útil e que as pessoas devem acreditar nisso. Então aqui buscamos justamente colocar a utilidade no conhecimento, dar destaque, dar evidência para esse conhecimento e facilitar para que as pessoas possam encontrar e fazer uso desta informação”, lembrou o professor Thiago Barros, presidente da ISKO Brasil.
Primeira vez na Região Norte - Embora tenha tido um grande número de trabalhos inscritos de pesquisadores de todas as regiões do Brasil, a primeira edição realizada no Norte do Congresso Brasileiro em Organização e Representação do Conhecimento foi simbólica para dar visibilidade aos estudos que têm sido feitos na região.
“Este é o primeiro congresso de nível acadêmico nacional, na área de Ciência da Informação, a acontecer na Região Norte, sediado por um dos cursos de Arquivologia mais novos do Brasil e por um Programa de Pós-Graduação (PPGCI/UFPA) recente, que é o único da Região Norte na área Ciência da Informação, ou seja, estamos quebrando algumas barreiras e trazendo algumas novidades sobre o que está acontecendo na área para o Brasil e dizendo também para as pessoas: ‘olha aqui, a gente também faz pesquisa, também estamos pensando nas questões importantes para a nossa área de estudo’”, ressaltou Thiago Barros.
Para o professor, especialmente neste momento de grande visibilidade da região, é imprescindível que haja o reconhecimento e conhecimento da produção científica que é feita aqui. “Há um apagamento das ações de ponta que a gente tem na região. E no contexto atual, no qual a Amazônia está centro das atenções do mundo todo, é importante mostrar que na região existem instituições preocupadas em melhorar o desenvolvimento de forma responsável, o que integrava o tema do evento”.
Participação Especial – O primeiro dia de congresso contou ainda com a presença especial do professor Grant Campbell, da University of Western Ontario (Canadá), que realizou a Conferência de Abertura "Music, dementia and knowledge organization". O professor apresentou os resultados de uma pesquisa iniciada com base em duas experiências pessoais: a apresentação de Alzheimer por sua mãe, que teve perda de memória gradativa; e a demência vascular desenvolvida por seu pai, que teve perda de memória recente. A pesquisa teve como foco o estudo das conexões entre a demência e a mobilização do conhecimento.
“Durante uma apresentação musical em uma casa de pacientes com demência, eu notei que as pessoas que não podiam falar podiam cantar, porque, quando nós tocamos uma música conhecida, as pessoas começaram a cantar. Claramente a música reacendeu a memória de todos. Então eu me perguntei: onde está essa conexão entre a música e a memória? Como nós podemos utilizar esta conexão para melhorar a comunicação entre as pessoas e suas famílias?”, lembrou o professor.
Ao analisar o comportamento das pessoas com demência fundamentado nas teorias dos aspectos acústicos da música, na tentativa de explicar a conexão observada, Grant Campbell percebeu que a classificação das informações não era realizada da mesma maneira que encontramos em bibliotecas. “Nós precisamos de uma estratégia internacional para abordar esses desafios em organização de conhecimento, mas precisamos entender este problema da organização também nos contextos mais íntimos”, ressaltou.
Texto: Maissa Trajano - Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Alexandre de Moraes
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