Hospital Universitário Bettina Ferro intensifica a Campanha de Doação de Órgãos
O Hospital Bettina Ferro de Souza (HUBFS) está em pleno ritmo do Mês Nacional de Doação de Órgãos, realizado pelo Ministério da Saúde. Desde o início do "Setembro Verde", os profissionais da Instituição hospitalar estão envolvidos na ação direta junto com os pacientes e seus acompanhantes para sensibilizá-los a doarem seus órgãos e tecidos em prol de uma vida. Em 2011, o HUBFS foi o primeiro hospital federal da região Norte a fazer o transplante de córnea e, desde então, é constante a busca por doadores — o maior entrave para zerar a lista de espera no Pará, onde, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sespa), está em cerca de 800 a 900 pacientes no aguardo pelo tecido.
O ponto alto da campanha é esta semana, com os hospitais transplantadores promovendo uma série de ação. Em Belém, a terça-feira, 24, foi reservada para o Bettina Ferro, com o Serviço de Transplante de Córnea, vinculado à Unidade da Visão, fazendo uma série de atividades para chamar a atenção dos pacientes sobre a doação de órgãos. Para isso, contou com o apoio da Gerência de Atenção à Saúde, Setor de Vigilância em Saúde e Segurança do Paciente, Grupo Enfermágico e alunos da faculdade de Enfermagem.
Ao longo da manhã, houve realização de palestras para informar a todos como e de que forma fazer a doação e apresentação musical, com apresentação de uma releitura da música "Como é grande o meu amor por você", de Roberto Carlos, baseada especificamente no tema.
"Essa ação é necessária fazermos, porque hoje o Bettina Ferro só não faz mais transplante de córnea porque não têm doadores e muitas vezes isso perpassa pela questão cultural do povo paraense", enfatizou a técnica de Enfermagem da equipe do Transplante de Córnea, Silvana Sousa. Segundo ela, para fazer o procedimento, que conta com profissionais qualificados e recursos disponíveis, o HU recebe o tecido de outros estados brasileiros.
Queda - Silvana lamenta que, por falta de doação de córnea, nos últimos anos observa-se queda na captação de córnea e, consequentemente, no número de realizações de transplante no hospital. O maior feito do Bettina Ferro chegou em 2017, quando foram realizados 117 transplantes, mas em 2018 alcançou somente 96 cirurgias e de janeiro até o dia 18 deste mês foram contabilizados apenas 61 procedimentos.
A resistência em doar órgãos é clara entre os pacientes dos hospitais, mesmo depois de estarem informados da importância de salvar uma vida. Enquanto aguardava o filho Gustavo Salomão Andrade ser chamado na Unidade de Otorrinolaringologia, Gracilena acompanhou toda a programação realizada pela equipe de Transplante de Córnea.
Mesmo assim, ela afirmou que não estava convencida em cem por cento para ser doadora. "Sei que é importante doarmos nossos órgãos e isso foi muito bem explicado aqui, porque é dar esperança de vida a outra pessoa. Mas, ainda tenho que pensar mais sobre esse assunto", disse.
A paciente da Unidade de Oftalmologia Ana Maria Cardoso, de 23 anos, comentou estar disposta a doar seus órgãos, mas revelou que há resistência dos pais em atendê-la. "Talvez por serem idosos, são resistentes a essa ideia, mas sempre falo que se eu me for antes deles, para que pensem que estarei viva em outra pessoa", declarou a jovem.
Sobre a Rede Ebserh - Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede de Hospitais Universitários Federais atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.
Texto e fotos: Edna Nunes – Ascom Complexo Hospitalar da UFPA/Ebserh.
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