Curso de Educação do Campo proporciona a melhoria do ensino em comunidades tradicionais
O curso de Educação do Campo, que atende a povos e comunidades tradicionais, promoveu a colação de grau de 97 alunos de turmas vinculadas ao Campus Altamira da UFPA. Avaliado com nota máxima pelo Ministério da Educação (MEC) em 2018, o curso é voltado para a formação de educadores para atuar na Educação Básica, em escolas do campo, com pertencimento indígena, quilombola, camponês, assentados da reforma agrária, ribeirinhos e extrativistas, comprometidos com a transformação da educação e da realidade social desses territórios.
“Como pessoas residentes das comunidades rurais não podem chegar até a UFPA, a universidade vai até elas. Isso garante o acesso ao ensino superior para populações do campo que nunca poderiam cursar uma faculdade na capital. Também é uma iniciativa de fortalecimento do desenvolvimento local e regional, pois as pessoas têm acesso a uma formação em nível superior e com isso aprimoram seu desempenho e diminuem os abismos sociais existentes entre as populações rurais e urbanas na Amazônia”, afirma a professora Ana Paula Souza, coordenadora do curso de Educação do Campo do Campus de Altamira.
O curso garante a formação de educadores para atuar no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, preferentemente nas escolas do meio rural, que é uma demanda histórica das populações do campo. O foco são as disciplinas de Ciências, Biologia e Química da ênfase em Ciências da Natureza, e nas disciplinas de Língua Portuguesa, Redação e Literatura de Expressão Portuguesa, de ênfase em Linguagens e Códigos.
Oportunidade para superar barreiras – As colações de grau realizadas no segundo semestre de 2019 nos municípios de Placas, Brasil Novo, Senador José Porfirio e Anapu indicaram a dimensão do alcance dessa formação: 97 alunos oriundos de diferentes comunidades do campo (ribeirinhas, quilombolas, de reservas extrativistas, agricultores familiares etc.) colaram grau. Entre esses, 69 são mulheres, o que corresponde a, aproximadamente, 72% dos concluintes numa faixa etária que incluiu pessoas de 22 a 60 anos.
“É muito gratificante ter tido a oportunidade de cursar um nível superior em uma universidade pública, com excelentes profissionais como na UFPA. Primeiro porque não é fácil filhos de agricultores, populações tradicionais, ribeirinhos, quilombolas etc. entrarem para a universidade pública, ainda mais para fazer uma graduação. O curso de Educação do Campo veio para ‘quebrar’ essa barreira, trouxe oportunidade para as populações que têm pouco acesso às universidades”, expôs Walcinéia Duarte Tenório, do curso de Educação do Campo.
Segundo os concluintes, o curso dá oportunidade a agricultores familiares, homens e mulheres que foram excluídos do direito à continuidade de seus estudos por várias décadas, a professores das escolas do campo que não conseguiam se locomover para fora do seu local de trabalho e a lideranças dos movimentos sociais, de entrarem em uma universidade e encontrarem na Educação do Campo a identidade de suas lutas por educação de melhor qualidade.
“Ter a oportunidade de estudar um curso idealizado para o desenvolvimento das comunidades camponesas, que valoriza os costumes e os saberes das comunidades, nos faz sentir a responsabilidade de representá-las diante do mundo acadêmico, trazendo para o debate, de forma científica, a formação de políticas públicas voltadas para o campo, como saúde, educação, cultura etc,”, pontua Josicley Silva Carneiro, um dos formandos do curso de Educação do Campo.
Texto: Maiza Santos – Assessoria de Comunicação
Fotos: Arquivo pessoal
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