Maquetes com a arquitetura da periferia de Belém são expostas no Hall da FAU
A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) promove, até o dia 17 de dezembro, uma exposição de maquetes produzidas por alunos do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPA. As maquetes são reproduções de fachadas de prédios presentes na periferia de Belém e apresentam a realidade dos bairros mais pobres da cidade. A exposição é aberta ao público.
“A arquitetura da cidade é a grande escultura da sociedade. Na hora em que você pega um aluno de Arquitetura e coloca-o para representar essa escultura, você aproxima ele da realidade da cidade. A cidade tem mais edificações construídas pelo próprio morador do que pelo arquiteto”, explica a professora Dina Oliveira, da FAU.
As produções fizeram parte da avaliação da disciplina “Representação e Expressão IV”, do curso de Arquitetura e Urbanismo, e serviram como uma forma de aproximação dos alunos com a realidade local. “A valorização, a promoção e a idealização da cidade são matérias-primas da Arquitetura. É a valorização da construção humana, mas associada à questão social. É uma aproximação com a sociedade, que é importantíssima para a sensibilização dos alunos”, conta Dina de Oliveira.
Produção das peças – Segundo Heloísa Assunção, estudante da FAU e uma das expositoras, os professores solicitaram que os alunos estudassem casas da periferia de Belém por um período. “Durante esses meses, aproveitei o percurso do ônibus que todo dia passava por um bom trecho do Guamá para fotografar algumas casas e ir anotando mentalmente os pontos em comum e as peculiaridades. Quando começamos a produzir a maquete propriamente, fiz vários desenhos rápidos combinando de várias formas os diferentes elementos das casas que observei”, disse.
Ela explica que montou a própria maquete baseada em um elemento principal: uma escada na entrada. “Comecei a maquete sem ter um desenho pronto do que iria querer no final. Comecei por um único elemento que eu tinha como definitivo, e os outros elementos fui decidindo baseada em uma estética do modernismo que se manifestou nas décadas de 50 e 60 em Belém e especificamente como foi apropriado por habitações mais simples”.
Elementos como um vaso de espada-de-são-jorge e um cartaz do Círio de Nazaré na entrada da casa, segundo Heloísa, eram indispensáveis em virtude da sua carga simbólica e cultural para a cidade. “Outros elementos indispensáveis também para ficar com cara de Belém, para mim, foram os cartazes anunciando festas de tecnobrega, tecnomelody e os flyers de ‘trago seu amor em 7 dias’”.
Importância social – Heloísa ressalta, ainda, que a atividade, por mais simples que fosse, levou-os a prestar atenção em uma ‘arquitetura sem arquiteto’, com soluções criadas por pessoas comuns para problemas rotineiros da cidade, como as chuvas e a formação de novos traços de estilo.
“Nosso trabalho nem chegou ao nível de conversar com as pessoas, mas, só de observar atentamente o que é produzido por elas, a gente entende a riqueza desses lugares. Esse tipo de percepção é importante sobretudo para valorizarmos as pessoas de todos os lugares, ainda mais numa conjuntura em que a periferia é cada vez mais alvo de desumanização e invisibilização. Olhar por alguns meses foi suficiente para admirar a vida e a riqueza desse espaço. E eu só olhei o Guamá”, conclui Heloísa.
Serviço
Exposição de Maquetes da FAU
Período: até 17 de dezembro
Local: Hall da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (Campus Profissional da UFPA)
Texto: Rafael Miyake – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Lucas Brito
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