UFPA forma 27 professores de Música no Marajó por meio do Parfor

Vinte e sete professores da educação básica de municípios da Ilha do Marajó receberam o título de Licenciatura em Música pela Universidade Federal do Pará (UFPA), após concluir o curso na turma sediada no município de Portel por meio do Plano Nacional de Formação de Professores (Parfor).

Por meio do Parfor, a UFPA já concluiu em Portel duas turmas de Pedagogia e uma de Ciências Naturais, além da turma de Licenciatura em Música, que começou em 2016 e teve a cerimônia de formatura realizada no final de novembro. Outras duas turmas de Licenciatura em História seguem ativas no município por meio do programa e estão na fase de defesa do Trabalho de Conclusão de Curso.

Para a professora Josiana Couto, a formatura no curso de Música representou a satisfação de concluir os estudos e poder lecionar em uma área que faz parte da sua vida desde sempre. "Minha relação com a música começou desde a infância na igreja em que congrego, há mais ou meno 40 anos. Iniciei no grupo infantil, passei pelo grupo de jovens e há mais de de 20 anos sou uma das regentes e solista de coral", conta.

Josiana já era graduada em Pedagogia e atua desde 2009 como professora da rede municipal do município de Breves, onde reside. Para realizar o sonho de estudar Música, ela se deslocava até o município de Portel para participar das aulas na turma.

"O Parfor me proporcionou a oportunidade de  adquirir conhecimentos musicais por meio de excelentes  profissionais. Pessoas incríveis que, com simplicidade, realizavam aulas prazerosas de fácil aplicabilidade que facilitavam o nosso entendimento. O Parfor me deu a oportunidade de ser professora de Música", celebra Josiana.

Interiorização - Morador do município de Portel, o professor Charles Coelho relatou as dificuldades enfrentadas para conquistar sua primeira graduação no curso de Matemática, na modalidade de ensino a distância.

"Eu assistia às aulas por uma televisão por sinal de satélite, o sinal falhava, ou então faltava energia na minha cidade e eu perdia aula, tinha que tentar pela internet, que, até nos dias de hoje, não é boa ainda", lamenta.

Com a graduação concluída, Charles começou lecionar em 2009, mas, desde 2014, atuava como voluntário em aulas de percussão para crianças, em um projeto musical da escola em que trabalhava.

Com o ingresso na turma de Música, por meio do Parfor, Charles teve a oportunidade de conquistar a segunda licenciatura. "No Parfor, eu tive professores mestres, doutores, presentes aqui na minha cidade, eu não precisei me deslocar para a capital para adquirir esse conhecimento", diz.

"É a realização de um sonho, não somente o sonho de ser licenciado em Música, mas também o sonho de que o filho do pobre, do ribeirinho pode se formar em uma faculdade federal sem precisar se distanciar da sua família. O Parfor trouxe a UFPA para dentro do município, dos nossos interiores", comemora o professor.

A chegada do curso ao município também foi motivo de comemoração para o professor Walriley Evangelista. "Sempre quis ter uma formação na área da Música e isso, por muito tempo, ficou distante da minha realidade, pelo fato de morar no interior do estado e não ter condições de estudar em Belém como gostaria", conta.

Formado em Química, Walriley conta que nunca chegou a atuar na área, mas a paixão pelo estudo da Música vem desde a infância. Foi na Escola de Música de Portel que ele teve a oportunidade de participar de várias oficinas e capacitações oferecidas por meio de uma parceria do município com a Fundação Carlos Gomes.

Em 2001, ele começou a dar aulas de Flauta doce na escola em que também atuam seu irmão, que é coordenador, e sua irmã, professora de Canto coral, além de outros familiares que estudam e fazem parte de diversos grupos de música da instituição.

Mesmo fazendo parte de uma família envolvida com a música, Walriley é o primeiro membro a realizar o sonho de conquistar uma licenciatura na área. "Hoje tenho fé que Educação é um caminho para a construção de uma sociedade mais digna, respeitosa e capaz de conduzir suas diferenças de forma justa e harmoniosa", afirma o professor.