Encontro reúne pesquisadores e comunidade em debate sobre desastres ocasionados pela mineração
Comunidades de Barcarena e pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) se reúnem no sábado, 25, no salão paroquial de São João Batista, em Vila do Conde, em uma roda de conversa para debater os desastres e os crimes da mineração que, há anos, atingem o município de forma recorrente e continuada. Durante o encontro, serão lançados um livro-dossiê sobre os desastres produzidos pelas indústrias minerais em Barcarena e um boletim da cartografia social de Vila do Conde.
A roda de conversa, que ocorre no dia em que o crime da Vale em Brumadinho completa um ano, é organizada pelo Grupo de Pesquisa Estado, Território, Trabalho e Mercados Globalizados, do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (GETTAM/NAEA), pelo Grupo de Estudo Sociedade, Território e Resistência na Amazônia, do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (GESTERRA/ICSA), e pelo Movimento Barcarena Livre.
Retrospecto - Em fevereiro de 2018, um vazamento de rejeitos da refinaria de alumina Hydro-Alunorte contaminou os rios e todo o meio ambiente em Barcarena, atingindo as comunidades locais. Pelo menos desde 2002, a mineração é responsável por cerca de 17 desastres no município, que envolvem, além da empresa norueguesa Norsk Hydro, a francesa Imerys e a própria Vale. Houve também desastres na região relacionados com vazamentos de óleo e naufrágios.
Segundo a professora Edna Castro, do NAEA/UFPA, que coordena o GETTAM e é uma das organizadoras do dossiê, os textos que compõem o livro têm como objetivo analisar os problemas e os impactos causados pelos crimes e pelos desastres da mineração em Barcarena. Edna Castro considera que a produção de conhecimento deve ficar acessível a qualquer pessoa e não pode ter compromisso com os processos que violam os direitos da natureza. “A Universidade cumpre, assim, sua responsabilidade civil de produzir conhecimento sobre os processos que ocorrem na sociedade, de maneira interdisciplinar, em todas as áreas”, avalia a professora.
“Uma contribuição importante deste dossiê é o fortalecimento da crítica das comunidades”, considera o professor de Serviço Social do Campus de Breves Eunápio do Carmo, que também é organizador do livro. Eunápio do Carmo recorda que o primeiro seminário sobre crimes e desastres ambientais de Barcarena ocorreu em 2016, seguido de outros, em 2017 e 2018, com trocas de conhecimento e informação com as comunidades. Vem desse período o surgimento do Movimento Barcarena Livre, que luta contra poluição, exploração, repressão e violações de direitos humanos.
Por quase 40 anos, desde a instalação do Distrito Industrial, o grito das comunidades ecoa em Barcarena, denunciando os diversos impactos das empresas que chegaram por lá. Sandra Amorim, da comunidade quilombola São João e ativista do Movimento Barcarena Livre e do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), acredita que o conhecimento sobre a mineração tem fortalecido a luta e a resistência no território. “A minha esperança é que, um dia, amenizasse mais a situação. Agora é necessário cuidar das pessoas que tão doentes e dar água de boa qualidade pra gente. A água é um direito”, defende Sandra Amorim.
Serviço:
Roda de Conversa – Desastres e crimes da mineração em Barcarena
Data: 25/01/2020 – das 8h às 12h
Local: Salão Paroquial de São João Batista, Vila do Conde, Barcarena-PA
Lançamentos:
Dossiê desastres e crimes da mineração em Barcarena (GETTAM/NAEA.UFPA)
Fôlder/Infográfico sobre desastres e crimes da mineração (GETTAM/NAEA.UFPA)
Boletim da Cartografia Social da Vila do Conde (GESTERRA/ICSA.UFPA)
Texto e arte: Divulgação
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