Equipes do Projeto Meu Endereço desenham plantas dos lotes dos territórios do Ter Paz
Sistematizar o levantamento das informações socioeconômicas e consolidar os dados físicos territoriais coletados em visitas técnicas de campo perante as 498 famílias inscritas no Projeto Meu Endereço: lugar de paz e segurança social. A soma destas duas ações marca, durante a primeira quinzena de fevereiro, uma nova etapa da parceria entre a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional (Sectet) e implementa o trabalho dos estagiários de engenharia e arquitetura na projeção das plantas de localização do imóvel, a planta de dimensão do lote e a confecção do memorial descritivo do lote, além de sistematizar o parecer das condições construtivas e de segurança estrutural de cada moradia. A informação é de Renato Neves, engenheiro pesquisador do Instituto de Tecnologia da UFPA e vice-coordenador do projeto.
O Projeto Meu Endereço: lugar de paz e segurança social foi lançado no segundo semestre do ano passado e oferece a assistência técnica profissional e a inovação tecnológica em direito à cidade, além de trabalhar para promover, por meio do Programa TerPaz, a inclusão social, visando reduzir os conflitos socioambientais urbanos por meio de ações de segurança pública e de cidadania nas áreas de habitação, educação, saúde, cultura, esporte e lazer nos bairros Icuí-Guajará, em Ananindeua; bairro Nova União, em Marituba; Cabanagem, Benguí, Guamá, Jurunas e Terra Firme, em Belém.
Aprendizado por meio da realidade urbana - Para Flávio Roberto Bentes, estudante do 8º semestre de Engenharia Civil no Instituto de Tecnologia da UFPA e estagiário do projeto, no bairro Terra Firme, o aprendizado durante o trabalho de campo estimula uma reflexão crítica sobre as disparidades entre a teoria ministrada em sala de aula, a realidade dos bairros mais estruturados urbanisticamente da cidade e as casas construídas nas áreas periféricas dos sete territórios.
“O foco imediato da comunidade é o título para garantir o direito social à moradia e o cheque moradia para a melhoria da edificação. No entanto, nas casas que coletei as informações para projetar a planta do lote não tinha saneamento básico e a iluminação pública é inadequada, além dos riscos de desabamento da moradia e das perdas de móveis pelos alagamentos. Esta realidade me ensina ser um profissional mais consciente e compreender a função social da engenharia, assim como revela a ausência do poder público e dos investimentos privados em áreas carentes da cidade”, enfatiza Flávio.
Por sua vez, para a universitária Mariane Cristina Queiroz, do 4º período de curso de Serviço Social no Centro Universitário Leonardo Da Vinci (Uniasselvi), a experiência do primeiro estágio é gratificante. “A teoria na prática é diferente. A lei na prática é incompleta e precisamos debater estes direitos constitucionais com as comunidades. O Serviço Social é uma ponte para compartilhar estes conhecimentos. É uma prática permanentemente de aprender e de ensinar nas relações comunitárias no bairro do Guamá” assinala Mariane.
Kit Meu endereço - Segundo Myrian Cardoso, professora da Faculdade de Engenharia Sanitária e Ambiental e coordenadora do Projeto Meu Endereço, os dados resultantes da somatória das informações socioeconômicas com as informações coletadas nas visitas técnicas são estratégicos para a elaboração do Kit Meu endereço, que é composto pela planta de localização georreferenciada do imóvel, planta das dimensões do lote e memorial descritivo, parecer das condições construtivas e segurança estrutural, parecer de avaliação imobiliária com o valor do imóvel e recomendação a programas sociais do governo do estado do Pará, ou às demais instituições que aderirem à Central de Atendimento Multiprofissional. A meta é entregar os primeiros kits durante a Feira do Saber & Conviver, a ser realizada neste semestre.
Andreia da Silva é moradora do bairro Nova União, em Marituba, e mãe de três filhos. Ela vive em união estável e a moradia possui uma cozinha, dois quartos, uma sala, um alpendre e uma baiuca, em construção na frente da casa, para gerar renda familiar com o artesanato. “A minha expectativa no kit é conseguir acesso ao cheque moradia ou a outra linha de financiamento para melhorar a casa para a minha família. Quando venta, o teto estala, balança e parece que vai cair em cima dos meus filhos. Quando chove, a casa alaga, a vala da rua transborda e o asfalto sonrisal vai desaparecendo. É um desafio viver assim. Quero realizar o sonho da minha família”, sinaliza.
Texto e fotos: Kid Reis - Ascom CRF/UFPA
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