Pesquisadoras da UFPA elaboram informativo com indicadores socioeconômicos da realidade paraense para auxiliar no enfrentamento da Covid-19
Pesquisadoras do Grupo de Estudos e Pesquisas: Trabalho, Direitos Humanos e Seguridade Social (TRADHUSS), vinculadas ao Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Pará (PPGSS/UFPA), elaboraram um informativo sobre a realidade socioeconômica do povo paraense com o intuito de cooperar para os esforços na diminuição do impacto que a pandemia da Covid-19 está causando na sociedade. O material foi preparado nesse formato para tornar seu conteúdo o mais didático possível.
O informativo pretende oferecer subsídios às instâncias do poder público para encaminhar questões fundamentais e atender efetivamente às recomendações de isolamento e distanciamento social no estado. Os estudos revelam que, além dos esforços atuais já em curso, faz-se necessário analisar os indicadores demográficos, habitacionais, de saúde e econômicos para enfrentamento a curto, médio e longo prazos do crescimento da pandemia no Pará. O documento aponta que a avaliação desses indicadores, juntamente com outros, vinculados a diferentes áreas de conhecimento, é essencial para ampliar a análise proposta e sugerir ações ao poder público, a fim de minimizar os impactos na realidade efetiva da população.
O Grupo de Pesquisa TRADHUSS/UFPA tem realizado pesquisas na área de políticas públicas sociais e direitos sociais na região amazônica, e, nesse período de pandemia, busca potencializar a democratização e a socialização do acesso a determinados indicadores sociais e a informações científicas que podem ser úteis ao poder público e à sociedade em geral.
Pontos críticos apontados na pesquisa - No informativo, foram elencados dez pontos considerados críticos que dificultam a população paraense atender corretamente às recomendações e indicações de isolamento propostas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo Ministério da Saúde e pelo Governo do Pará. O material traz informações e recomendações ao poder público para encaminhamento dessas questões.
Entre tais pontos, apresenta-se a necessidade de disponibilizar leitos de UTI em cidades que possuem menos do que a quantidade recomendada pela OMS - de um a três para cada 10 mil habitantes - além de facilitar o acesso desses habitantes, haja vista as características socioespaciais da Amazônia. É necessário ainda fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), já que 80% dos paraenses dependem deste para atendimentos de saúde, e aumentar os gastos per capita em saúde no Estado, pois é um dos menores índices de todo o Brasil (R$ 703,67, em 2018).
Outras recomendações feitas pelas pesquisadoras dizem respeito a investimentos em saneamento básico para toda a população. Atualmente, apenas 15% dos domicílios paraenses possuem esgotamento sanitário e mais de 454 mil moradias não contam com um banheiro.
Além do saneamento, outro ponto destacado é a habitação, em que a média de moradores por domicílio, no Pará (3,5), é superior à média nacional (2,9), o que demonstra que há um déficit habitacional considerável. Além disso, o informativo propõe que sejam feitas ações educativas e informativas sobre prevenção e combate da doença causada pelo novo coronavírus em bairros que apresentam maiores índices de aglomerados subnormais, que possuem carência de serviços essenciais.
Colaboração - A professora Adriana Azevedo, coordenadora do TRADHUSS, explica que a pesquisa e a elaboração do material também são uma forma de dar um retorno à sociedade de tudo aquilo que tem sido produzido dentro da Universidade. Segundo a professora, todas as áreas do conhecimento possuem um papel importante para a compreensão de todas as características da sociedade local mediante este cenário de pandemia.
“Entendo que a UFPA assume uma responsabilidade social durante esta crise e tem divulgado inúmeras pesquisas e ações relacionadas à pandemia de forma solidária. Seguindo essa orientação, nós, enquanto grupo de pesquisa TRADHUSS, percebemos a necessidade de colaborar com nossos estudos para que os responsáveis, seja governo municipal, seja estadual, possam compreender melhor o panorama socioeconômico do Pará e, assim, traçar planos e projetos para que o isolamento e distanciamento social sejam realmente efetivos no combate à disseminação do novo coronavírus”, afirma a docente.
Para conferir o material produzido pelas pesquisadoras, clique aqui.
Texto: Adams Mercês - Assessoria de Comunicação da UFPA
Foto: Thiago Pelaes
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