Estudo aponta fatores que podem influenciar a capacidade de proteção das máscaras de tecido

O último decreto do governo do Pará, que entrou em vigor na última semana, tornou obrigatório o uso de máscaras de proteção em estabelecimentos comerciais. Em virtude da falta de oferta do produto, atualmente uma das alternativas mais adotadas pela população é o uso de máscaras de tecido. Para tentar identificar o potencial de eficácia dessas máscaras, o professor David Normando, do Instituto de Ciências da Saúde (ICS/UFPA), e alguns colaboradores realizaram um estudo sobre o tema.

A pesquisa teve o intuito de avaliar qual a eficácia das máscaras de tecido, por meio de comparação com as máscaras médicas aprovadas (cirúrgicas, N95 ou similares). De acordo com a análise, embora o uso de máscaras de pano possa ser uma opção para reduzir a transmissão e a contaminação da Covid-19 entre a população em geral, a eficiência e a proteção podem variar conforme o material e o número de camadas que o produto possui.

"Esta revisão sistemática mostrou, por meio de evidências entre muito baixa e moderada, que as máscaras de tecido apresentam, em geral, menor eficiência quando são comparadas com as máscaras cirúrgicas, os respiradores N95 e FFP-2. De acordo com o estudo clínico, por serem menos seguras,  as máscaras de pano não são uma alternativa eficaz para os profissionais de saúde, por exemplo", afirmou o professor David Normando.

Material indicado – Porém, para a população que necessita se proteger dentro de casa ou que tiver a necessidade de circular em algum espaço público, as máscaras de pano podem continuar sendo utilizadas como uma alternativa. Vale ressaltar que é preciso ficar atento ao material usado para a confecção, assim como aos requisitos de limpeza e de lavagem da máscara. Alguns cuidados devem ser tomados para evitar danos progressivos ao tecido e garantir uma maior durabilidade e proteção.

"A indicação é que, para a confecção de máscaras de pano caseiras, por possuírem uma eficiência de filtração superior a 80%, os tecidos mais adequados são: saco de aspirador, pano de prato e sarja; e os que devem ser evitados, por apresentarem alta penetração de partículas, são os cachecóis ou lenços", explicou o professor David Normando.

Ainda de acordo com o estudo, é necessária a realização urgente de mais pesquisas clínicas para testar diferentes tecidos para que a população consiga ficar ainda mais informada sobre qual o material mais adequado para usar, para fins de proteção.

Sobre a pesquisa - Toda a análise foi resultado de estudo realizado pelo grupo de pesquisa coordenado pelo professor David Normando. Além de alunos, participaram da revisão a professora Rita Medeiros, da UFPA, e os professores Carlos Flores-Mir, do Canadá, e Nikolaos Pandis, da Grécia. O trabalho também está em revisão no International Journal of Epidemiology. Confira o resumo da pesquisa aqui.

Texto: Maiza Santos - Assessoria de Comunicação da UFPA
Arte: Reprodução Google