Núcleo de Acessibilidade do Campus Castanhal produz vídeos em Libras sobre a Covid-19
O Núcleo de Acessibilidade (NAcess) da UFPA Castanhal está produzindo vídeos em Libras a fim de informar a comunidade surda sobre os cuidados necessários para se evitar a propagação do novo coronavírus. O NAcess pretende produzir um vídeo por semana com outros conteúdos relacionados ao tema: prevenção, lockdown, saúde mental no período de isolamento etc. A ideia surgiu do momento em que o Núcleo percebeu que tem sido produzido pouco conteúdo em Libras sobre o assunto. O segundo vídeo da série NAcess já está no ar e explica também como e por que o governo do estado decretou medida de lockdown em alguns municípios paraenses, acesse aqui.
O NAcess tem como objetivo eliminar barreiras físicas, de comunicação e de informação para estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Entre os serviços oferecidos para a comunidade, estão: disponibilização de material impresso para formatos acessíveis em DOSVOX e ampliação na tela; assessoria para os docentes no ensino e avaliação destes alunos; assessoria para a coordenação do campus em concursos públicos e aquisição de materiais e equipamentos, como PSSs de Libras, concurso de ensino de Libras, compra de equipamentos e empréstimo de equipamentos para acessibilidade de alunos da educação especial.
O projeto é coordenado pela professora Yomara Pinheiro Pires e vice-coordenado pela professora Débora Alfaia da Cunha. Elas explicam que a ideia da disponibilização dos vídeos surgiu após constatarem que o excesso de informações na mídia sobre a pandemia não alcançava, de modo satisfatório, a comunidade surda. “Diariamente, somos postos a uma enxurrada de informações, algumas verídicas e confiáveis; e outras, não. Isso acaba nos deixando confusos, apreensivos, podendo até mesmo afetar nossa saúde emocional. Então, veio a reflexão: se nós, ouvintes, já estamos confusos, e a comunidade surda? Conversando com demais colegas do NAcess, chegamos à conclusão de criar vídeos e cartilhas que pudessem trazer informações confiáveis ao nosso público-alvo”.
A ideia é atender a alunos com deficiência auditiva, física ou visual com publicações semanais, seja em vídeos, seja em cartilhas, com informações confiáveis. Nesta primeira série, já foram planejadas seis produções entre vídeos em Libras e cartilhas. “Sabemos da importância dos núcleos de acessibilidade para o processo de ensino-aprendizagem de nossos alunos. Como estamos com nossas atividades presenciais suspensas, e estando este período com grande ênfase para as tecnologias digitais de informação e comunicação, seja para estudos, seja para entretenimento, resolvemos, então, juntar estes dois mundos: a inclusão e a informação, de forma fácil e acessível e, principalmente identificada com nossa realidade”, afirmam as coordenadoras.
Também fazem parte do NAcess Tiago Augusto Nascimento Rodrigues – Tradutor-Intérprete de Lingua de Sinais (TILS); Mara Cristina Lopes Silva Araújo – TILS; Antonio Rafael Silva Teixeira- TILS; Martan de Oliveira Bastos – Bolsista; Rosalice Queiros dos Santos – Bolsista; Ana Gabriela da Cruz Gonçalves – Bolsista. Além dos vídeos com as temáticas em Libras, eles pretendem, ainda, fazer uma cartilha com dicas para autistas.
Público infantil autista - A cartilha foi pensada para atender ao público infantil, com um olhar especial para a criança autista. Nesse intuito, o projeto tentou conciliar uma abordagem séria, pois partiu das orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), e, ao mesmo tempo, lúdica e divertida, ao incorporar uma linguagem visual mais agradável, colorida e acolhedora, em especial para as crianças autistas, pela predominância de diversas tonalidades de azul, amarelo e laranja. A estrutura da cartilha, na modalidade de perguntas e respostas, permite que o leitor possa ler de várias maneiras a obra, podendo ir direto para uma pergunta, sem ter a necessidade de ler a cartilha na sequência das páginas.
“O grande objetivo deste projeto é criar um instrumento de diálogo entre adultos e crianças sobre esse momento difícil para o mundo”, diz a professora Débora Alfaia. A cartilha, na modalidade de e-book, traz informações sobre a doença, sintomas e prevenção. Contudo o foco é na contribuição que cada pessoa pode fazer nesse momento, por meio das ações de prevenção, higiene e de responsabilidade social. Além disso, a cartilha tenta dialogar com as crianças sobre as dificuldades emocionais deste período, decorrente das incertezas e mudanças de rotinas, abordando o tema da tristeza, destacando ser normal esse sentimento, que é preciso conversar sobre isso e trabalhar essa emoção, por meio de atitudes que, não esquecendo a gravidade da situação, permitam preservar a saúde mental das crianças e o exercício de seu direito ao lúdico.
Um destaque importante é a presença de uma criança como ilustradora principal, o que torna a infância não apenas uma faixa etária alvo, mas também a protagonista na obra. “As ilustrações enfatizam a inclusão social, apresentando crianças de diferentes etnias, como negras e indígenas, e crianças deficientes, como autistas e cadeirantes. Por fim, espera-se que as diferentes crianças possam se reconhecer na obra e fazer dela um recurso para a compreensão dessa crise de saúde global”, esclarece a coordenação. A expectativa é de que a cartilha seja disponibilizada na próxima semana, no site do Campus Castanhal.
Texto: Jéssica Souza – Assessoria de Comunicação da UFPA
Arte: Reprodução do vídeo
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