Pesquisa da UFPA desenvolve protótipo medidor de gás metano de baixo custo
A discente do Programa de Pós-Graduação em Gestão de Riscos e Desastres Naturais na Amazônia, da Universidade Federal do Pará (PPGGRD/UFPA), Mayara Cristina Silva Farias desenvolveu um protótipo portátil de baixo custo para medição de metano, que pode ser utilizado para diversos fins de pesquisa em diferentes ambientes que apresentam variações de concentrações do gás metano. O produto foi apresentado na defesa de mestrado da aluna, no dia 22 de junho. O projeto contou com a orientação do professor Hernani José Brazão Rodrigues e teve parceria com pesquisadores da Embrapa.
Atualmente, os equipamentos de alta precisão encontrados no mercado que fazem medições do gás metano são conhecidos por elevado custo, e, em geral, são obtidos somente por meio de financiamento de projetos de pesquisa. Já o custo de cada unidade do equipamento desenvolvido pela estudante da UFPA apresenta custo bem abaixo de equipamentos de mesma finalidade. Por este motivo, acredita-se que o aparelho é promissor, já que atende às necessidades que os trabalhos de campo demandam e ainda apresenta um bom custo comparado aos citados.
O gás metano é um dos constituintes atmosféricos responsáveis pelo efeito "Estufa" e está presente em aterros sanitários, lagos, manguezais, biodigestores, rede de drenagem de esgotos etc., ou seja, é sempre encontrado onde se tem matéria orgânica em decomposição. "Diversas pesquisas podem ser implementadas com o uso deste equipamento desenvolvido, que é portátil, resistente e apresentou bom grau de confiabilidade dos valores medidos", afirma o professor orientador Hernani Rodrigues.
"A partir do conhecimento de variações significativas nas concentrações deste gás, é possível fazer monitoramento de controle, uma vez que esse gás é um dos influenciadores no aumento da temperatura global em caso de aumento significativo de suas concentrações na atmosfera", complementa. Segundo o professor, todo o diferencial desse protótipo está no baixo custo com que ele foi produzido, e o grau de confiabilidade se aproxima muito de equipamentos convencionais. "Logicamente os convencionais são mais robustos e com grau de precisão confiável, mas foram feitos testes de regressão linear com o protótipo que apresentou resultados excelentes", revela.
Histórico - O equipamento foi desenvolvido para ser eficaz , inovador, funcional, portátil, de fácil manuseio e com custo inferior às opções disponíveis no mercado. De acordo com a discente Mayara Farias, a produção teve a parceria do Laboratório de Análises de Sistemas Sustentáveis (LASS), à época coordenado pelo pesquisador Cláudio Carvalho, e passou por diversas etapas até chegar à atual apresentação.
"É composto de parte física (hardware) e parte lógica (software). Ele apresenta vários componentes, com um item fundamental, que é o sensor de metano TGS6812, um sensor de qualidade, ótima precisão e desempenho. Esse elemento sensorial baseia-se na tecnologia de semicondutores de óxido metálico (MOS), obtendo uma curva de calibração, com linearidade a diferentes concentrações de gás metano (CH4) e coeficiente de correlação (R²) satisfatórios", descreve.
A pesquisa surgiu no final de 2015 até o início de 2016, quando da graduação da aluna, agora mestre. A ideia veio de alguns trabalhos acadêmicos sobre despejo inadequado de resíduos sólidos na cidade e da proporção de poluentes atmosféricos que determinados resíduos geravam para a atmosfera. "Com isso, tivemos a necessidade de quantificar a emissão do gás metano, que também é um gás responsável pelo efeito estufa. Como os aparelhos existentes no mercado apresentam um custo mais elevado, a ideia de desenvolver um equipamento de baixo custo foi só aumentando e hoje conseguimos um que atendesse às nossas necessidades", resume Mayara.
A expectativa é poder levar a pesquisa adiante com o doutoramento. Dando continuidade, a pesquisadora buscará aprender/entender o comportamento desse gás em diversos ambientes, além de realizar melhorias no equipamento, como o design, as tecnologias utilizadas e a sua aplicabilidade, tornando-o um equipamento autônomo.
Texto: Jessica Souza – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Arquivo Pessoal
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