Campanha Julho Amarelo alerta para a importância do combate às hepatites virais
No mês de julho, o Ministério da Saúde lança a campanha anual de combate às hepatites virais, sendo 28 de julho o dia mundial de combate a esta doença. Isto se deve aos altos índices de ocorrência dessa enfermidade, trazendo danos à saúde em todas as faixas etárias, podendo ocasionar inclusive a morte. Para marcar o Julho Amarelo, a Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio do projeto de extensão denominado “Doença Hepática Crônica: ação e prevenção”, objetiva conscientizar a população sobre essa outra ameaça à saúde dos brasileiros, além da covid-19.
As hepatites virais são doenças inflamatórias que possuem predileção pelas células do fígado, causando desde quadros leves com poucos ou nenhum sintoma, até formas agudas graves fulminantes, ou mesmo se tornarem crônicas e evoluírem para cirrose e câncer hepático. São causadas por vários vírus que possuem predileção pelas células do fígado para sua replicação. Entre eles, destacam-se os das hepatites A, B, C, D e E.
A professora Simone Conde, médica do Complexo Hospitalar - UFPA/EBSERH e professora da Faculdade de Medicina, explica que as hepatites podem ser divididas em dois principais grupos: as de transmissão oral e fecal e as de transmissão parenteral, sexual e vertical: “existem as hepatites cujos vírus são adquiridos por água e alimentos contaminados, como é o caso das hepatites A e E; e, outras que são transmitidas por líquidos corpóreos contaminados pelos vírus, em especial sangue e sêmen. Neste último caso, a forma de aquisição destes vírus se dá pela penetração na pele e nas mucosas, como por exemplo por agulhas e seringas contaminadas; ou por contato sexual desprotegido; ou ainda, de mãe infectada para filho durante a gestação. São exemplos deste grupo, os vírus das hepatites B, C e D”.
Dados nacionais - A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 350 milhões de pessoas no mundo todo vivem infectadas pelas hepatites B e C, sendo responsável por mais de 1,4 milhões de mortes anuais, e sendo considerada a segunda doença infecciosa que mais mata, abaixo somente da tuberculose, além de apresentar mais de nove vezes mais pessoas contaminadas do que o HIV. No Brasil, dados do último boletim epidemiológico datado de julho de 2019 revelam que, entre 1999 e 2018, foram notificados 632.814 casos confirmados de hepatites virais, sendo 26,4% referentes a hepatite A, 36,8% aos de hepatite B, 36,1% aos de hepatite C e 0,7% aos de hepatite D. Os óbitos no período compreendido de 2000 a 2017, em decorrência de causa básica e associada às hepatites virais, foram de 70.671 vítimas.
As regiões Norte e Nordeste são responsáveis por 55,7% dos casos notificados de hepatite A, com incidência atual, ou seja, surgimento de novos casos, de 1,1 mil para cada 100 mil habitantes, destacando que foram as últimas regiões do país a apresentarem decréscimo de casos confirmados na estatística nacional. No Brasil, a região Norte apresenta 74,9% dos casos notificados da hepatite D (ou delta), bem como o local de maior taxa de óbito, 52,2% em relação às demais regiões.
Dados regionais - Dos casos notificados de hepatite B, o norte do país corresponde a 14,4%, ocupando o terceiro lugar nacional. No Pará, a taxa global de casos é maior do que a encontrada em sua capital, semelhante no que ocorre em outras oito unidades federadas, chamando atenção para a doença nos interiores dos estados. Por outro lado, em 2018, a região Norte foi responsável por 5,7% das notificações de hepatite C, atrás das regiões Sul e Sudeste, com 26,8% e 16%, respectivamente; sendo as capitais dos estados as áreas de maior prevalência.
“É importante lembrar que cada vírus possui características próprias e um não se transforma em outro, apesar de determinarem doenças semelhantes. O quadro clínico clássico das formas agudas é dor ou desconforto abdominal, dor muscular, fadiga, náusea e vômitos, perda de apetite, febre, urina escura e amarelamento da pele e olhos”, esclarece Simone Conde. “Nos quadros crônicos, o indivíduo poderá conviver com o vírus sem apresentar nenhum sintoma, de forma silenciosa por muitos anos, sendo diagnosticado por exames de rotina ou de triagem, ou, ainda, quando já se apresentar quadro avançado de cirrose hepática e suas complicações, além do tumor maligno de fígado”, complementa.
Julho Amarelo - A OMS almeja retirar as hepatites virais do grupo de grave problema de saúde pública, com vistas a atingir, em 2030, um decréscimo de mais de 90% de novos casos. “Este objetivo maior é possível por ações de prevenção e controle com várias estratégias para cada tipo de vírus. No geral, sabe-se que investimento em saneamento básico, acesso irrestrito ao sistema de saúde, vacinação em massa, pré-natal universal, detecção dos infectados e oferta de tratamentos mais efetivos são elementos essenciais para o enfrentamento desta enfermidade”, diz a médica e pesquisadora.
“Portanto, se proteja e também a sua família. Informe-se, procurando um serviço de saúde e obedeça a todas as orientações recebidas, inclusive acerca das medidas de higiene, de prevenção, e não deixe de se vacinar contra as hepatites A e B. Somente com a união de esforços e a colaboração de todos esta realidade poderá ser transformada”, completa Simone.
Em que pese ao momento inédito de crise sanitária provocada pela pandemia do novo coronavírus, a pesquisadora ressalta que os demais agravos à saúde humana continuam presentes e se propagando também. “Portanto, ações como o Julho Amarelo para discutir e apresentar medidas de prevenção e controle das hepatites virais são importantíssimas. Esta campanha vem desde 2003, deflagrada com o Programa Nacional de Combates às Hepatite Virais do Ministério da Saúde, tendo o dia 28 de julho como o dia mundial de combate escolhido pela OMS”.
Segundo Simone Conde, “estamos na casa dos 10 milhões de casos da Covid-19, entretanto o planeta possui cerca de 350 milhões de infectados pelas hepatites crônicas virais, o que é alarmante. Entramos na década de instalação das medidas que são potentes para este controle, objetivando, segundo a OMS, que em 2030, haja um decréscimo de 90% de novos casos da doença”, destaca.
Para mais informações sobre as hepatites virais, acesse os informativos nos formatos folder e panfleto.
Texto: Jéssica Souza – Asssessoria de Comunicação da UFPA, com informações fornecidas pelo projeto “Doença Hepática Crônica: ação e prevenção”.
Arte: Reprodução Google
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