UFPA inicia pesquisa sustentável com resíduo de bauxita
O professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Márcio Barata, do Instituto de Ciência e Tecnologia FAU/ITEC, da Universidade Federal do Pará (UFPA), está coordenando um projeto de pesquisa realizado em parceria com a Hydro, em virtude do termo de cooperação técnica assinado entre a empresa e a UFPA, no ano passado. Por meio deste termo, diversos projetos de pesquisa podem ser realizados visando ao desenvolvimento sustentável da região amazônica. Esse primeiro estudo, que se iniciará em agosto, trabalhará a produção de cimento de baixo carbono com base no reaproveitamento do resíduo da bauxita.
Segundo o professor Márcio Barata, a expectativa é desenvolver um cimento de baixo impacto ambiental, capaz de reduzir tanto a demanda energética quanto as emissões de gás carbônico na atmosfera, empregando resíduo de bauxita disposto nas unidades da Hydro no Pará, como parte da matéria-prima de fabricação do cimento.
"O cimento é hoje o material de construção mais consumido no planeta, sendo responsável por cerca de 7% das emissões de CO2 em escala global. E isto ocorre porque emprega como matéria-prima o calcário, que, em seu peso, tem cerca de 50% de CO2. Para cada saco de cimento, outros 40 Kgde CO2 são liberados na atmosfera", explica.
O que se pretende é que a substituição do calcário pelo resíduo da bauxita, associado ao emprego de outros insumos e técnicas inovadoras, resulte em um cimento com reduções de até 70% nas emissões de gás carbônico para a atmosfera, consuma até 50% a menos de energia e apresente melhor desempenho mecânico e de durabilidade, a um custo igualmente competitivo ao cimento atualmente produzido em escala comercial. O uso do calcário em largas proporções na fabricação do cimento será responsável por 30% das emissões de gás carbônico até 2050.
“No caso do Brasil e, em particular, da região amazônica, há uma demanda reprimida por investimentos em infraestrutura urbana, sanitária, transporte e moradia, sendo que o cimento é a base para obras nessas áreas. Como esperamos que o Brasil e o Pará cresçam, estima-se que o consumo de cimento dobre em 30 anos", enfatiza.
Os resultados esperados com a pesquisa estão alinhados às metas de sustentabilidade estabelecidas pela ONU, de redução de 24% das emissões de CO2 até 2050 pela indústria do cimento. A parceria entre UFPA e Hydro também está diretamente associada à meta de sustentabilidade para o resíduo de bauxita estabelecida pela empresa. A Hydro busca utilizar parte desse resíduo para a geração de novos produtos até 2030, o equivalente a aproximadamente 500 mil toneladas de resíduo de bauxita ao ano.
O diretor Industrial da Alunorte (refinaria de alumina da Hydro), Michel Lisboa, afirma que o projeto é a oportunidade de a empresa aplicar na prática todo o conhecimento da Universidade para o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis e duradouras.
“A Hydro procura ser referência em sustentabilidade na indústria do alumínio. Para isso, a parceria em busca de inovação junto à academia é fundamental. A pesquisa é uma oportunidade de promover avanços globais e locais na nossa gestão ambiental, com redução da emissão de carbono e o reaproveitamento do resíduo da bauxita. Uma busca incessante de toda a indústria do alumínio”, ressalta.
Equipamentos e capacitação - Márcio Barata completa que, por meio da parceria, ocorrerão melhorias nas instalações, aquisição de equipamentos, capacitação de profissionais, bolsas para alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado, registro de patentes, além da transmissão de conhecimento aos cursos de graduação e pós-graduação.
“Espera-se, ainda, que o projeto de pesquisa contribua para a aproximação da UFPA e a sociedade, de modo que sejam conhecidas as necessidades e buscadas as soluções que melhorem as condições de vida da população e de preservação ambiental”, acrescenta.
O projeto de pesquisa será executado nas instalações do Laboratório de Tecnologia das Construções (Labtec), ligado à Faculdade e ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. A duração prevista é de 18 meses, com estimativa de conclusão em fevereiro de 2022. A equipe envolvida será formada por professores, doutorandos, mestrandos, graduandos de engenharia e arquitetura, engenheiros químicos, especialistas em engenharia econômica e técnicos de laboratório, no total de oito profissionais.
Sobre o funcionamento do projeto de pesquisa durante a pandemia, o professor explica que há atividades que podem ser executadas remotamente, e as que demandem a presença dos profissionais serão fracionadas para que apenas um ou dois técnicos estejam no mesmo ambiente fisicamente.
"Neste caso, todas as precauções e protocolos de segurança serão rigorosamente cumpridos. Outro aspecto que favorece a condução das atividades desta pesquisa é a localização da unidade do Labec onde serão realizados os experimentos: fora das instalações da Faculdade de Arquitetura, em uma área descampada e isolada, dentro do Campus Profissional", esclarece.
Texto: Jéssica Souza – Assessoria de Comunicação da UFPA, com informações da Ascom da Hydro
Foto: Divulgação
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