Estudos de alunos da UFPA são premiados na edição 2020 do Prêmio Capes de Tese
Dois alunos da Universidade Federal do Pará (UFPA) foram premiados na edição 2020 do Prêmio Capes de Tese. Uma aluna escolhida para o Prêmio em História e outro aluno que recebeu menção honrosa na área de Ciências Ambientais. O resultado do prêmio foi divulgado no dia 1º de outubro e pode ser conferido aqui.
A tese premiada foi “Gente de Guerra, Fronteira e Sertão: Índios e Soldados da Capitania do Pará (Primeira Metade do Século XVIII)”, da doutora pelo Programa de Pós-Graduação em História (PPGHIST/UFPA) Wania Alexandrino, com orientação do professor Rafael Chambouleyron. “Ficamos extremamente felizes ao saber da premiação. É sempre uma honra muito grande ter o trabalho reconhecido. E é também o reconhecimento do nosso programa e de todo o trabalho da UFPA, por meio da Propesp, no apoio à consolidação da pós-graduação na região”, afirma o orientador.
Sobre o Prêmio Capes de Tese, Rafael Chambouleyron diz ser uma premiação muito importante, uma vez que reconhece o árduo trabalho de pesquisa dos discentes e também de orientação dos docentes. “Acho que ele representa não só o importante esforço da doutoranda na confecção de seu trabalho, mas também o amadurecimento da pós-graduação na área de História nas IES públicas da Região Norte, processo que se inicia nos anos 2000, e o papel da UFPA na formação dos quadros do ensino básico e superior na Amazônia”.
O trabalho de Wania revela uma pesquisa realizada no Brasil e nos acervos documentais portugueses (por meio da concessão de uma bolsa sanduíche). O professor Rafael a acompanha desde a graduação, realizada no campus da UFPA em Cametá, e destacou o amadurecimento intelectual da aluna e a qualidade do seu trabalho como pesquisadora, o seu empenho e sua seriedade para a investigação.
A tese apresenta uma importante análise que permite a compreensão da complexidade do passado colonial amazônico e o papel que os diversos grupos indígenas tiveram na construção deste território. “Penso que toda tese em História surge da investigação sistemática de fontes históricas diversas e de uma vasta leitura da produção historiográfica existente. A tese que eu escrevi surgiu da combinação dessas duas atividades e de uma profunda inquietação sobre compreender melhor o passado colonial amazônico. Foram 5 anos de produção da tese, período em que pude realizar pesquisa no Brasil e nos acervos documentais portugueses, e, evidentemente, também compartilhar experiências e conhecimento com pesquisadores de História Colonial que acabaram por contribuir para o refinamento da análise e construção da obra”, explica a autora.
“Como mulher, mãe e pesquisadora, o prêmio significa a reafirmação do nosso espaço na produção científica do país. Mas, também como oriunda de escola pública e da interiorização da Universidade, esse prêmio significa que devemos defender projetos de uma educação mais democrática, que possibilita acesso a mulheres, negros, indígenas, ribeirinhos e a tantos outros grupos excluídos historicamente. E, para a UFPA, esse prêmio significa o fortalecimento da pesquisa na Amazônia, o crescimento da Pós-Graduação em História e, sobretudo, reafirma o impacto positivo que a UFPA desempenha no Pará e na Amazônia”, continua Wania, hoje, professora na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).
Menção honrosa – Já a menção honrosa do prêmio foi concedida ao pesquisador Iori Leonel Vanvelthem Linke, orientado pela professora Ima Célia Guimarães Vieira e coorientação do professor Roberto Araújo de Oliveira Santos Júnior. A tese na área de Ciências Ambientais é intitulada “Kulonkom Pëtuku Kutïtëi / Kure Kynonory Ko Riko”, ou seja, “Cuidando da nossa Terra: A Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial de Terras Indígenas, os Wayana e os Aparai”. O objetivo foi compreender o processo de implementação da PNGATI – a Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial de Terras Indígenas no Brasil - no território dos Wayana e Aparai (Terras Indígenas no Parque do Tumucumaque e Rio Paru D‟Este) e suas relações com as concepções e práticas próprias da territorialidade desses povos.
Para o estudante, a menção honrosa “significa que trabalhar, estudar e lutar pelos (e junto aos) povos indígenas do país é uma vida que vale a pena ser vivida. Significa, ao meu ver, para a UFPA, que sim, na Região Norte, na Amazônia, de uma forma geral, podemos pensar positivamente e contribuir, de forma qualificada, com pesquisas premiadas, inclusive, na melhoria de vida no país. A Amazônia é muito mais do que florestas e povos em toda sua pluralidade. É tudo isso, mas também centro de excelência em pesquisa e em ensino de qualidade. Tenho orgulho de ser cria intelectual da UFPA e da Amazônia”.
Iori Leonel é biólogo e indigenista, tendo sua carreira iniciada no Instituto Iepé, no qual foi assessor. Desde 2010, é indigenista e servidor da Funai. “Fiz o doutorado buscando me qualificar profissionalmente ao tempo em que ampliava a compreensão da política PNGATI e aprofundava a relação com os povos com quem trabalho. Acho que o passo seguinte é continuar nesse eterno aperfeiçoamento pessoal e institucional, refletindo, desta forma, em melhorias no meu trabalho e na qualidade de vida dos povos da região do Tumucumaque”, diz o pesquisador que concluiu o doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da UFPA, em convênio com o MPEG e a Embrapa.
Texto: Jéssica Souza – Assessoria de Comunicação da UFPA
Arte: Divulgação Capes
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