UFPA, USP e Essex desenvolvem projeto que monitora boas práticas realizadas em comunidades vulneráveis durante a pandemia

Com o objetivo de identificar ações bem sucedidas em comunidades vulneráveis para lidar com impactos econômicos e sociais da Covid-19, a Universidade Federal do Pará (UFPA), a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade de Essex, do Reino Unido, iniciaram o projeto “Tackling Covid19 Through Co-production: engaging Brazilian vulnerable communities in facing the consequences of pandemics”. O projeto é financiado pelas agências britânicas UK Research Innovation e Newton Fund, por meio de uma chamada pública com foco nos atuais desafios globais.

O projeto ainda pretende gerar um ambiente propício para a chamada co-produção, quando cidadãos e servidores públicos trabalham juntos na busca de soluções para o bem estar coletivo. A co-produção ocorre quando pessoas sem posições ou cargos públicos interagem e participam da concepção, produção e/ou controle de uma política pública.

“As Ciências Sociais Aplicadas estão cada vez mais envolvidas com os grandes desafios sociais, como os objetivos de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU). Um dos desafios globais é a desigualdade social e a desconexão entre governos e pessoas de comunidades vulneráveis. Com a pandemia, este cenário se agravou e nós percebemos que algumas comunidades conseguiram lidar melhor com as pressões que surgiram, enquanto outras menos. Entender como essas comunidades conseguiram melhores respostas pode ajudar a amenizar o distanciamento entre a autoridade pública e as pessoas em vulnerabilidade”, explica o professor da Faculdade de Ciências Contábeis da UFPA, André Lino. 

Neste momento, a equipe do projeto tem contactado organizações não governamentais nos municípios de Belém e São Paulo que atuam nessas comunidades para acompanhar as ações exitosas neste período. As prefeituras de ambos os municípios também serão entrevistadas. Em seguida, será feito o que a equipe chama de exercício de co-produção: membros da comunidade irão, coletivamente, pensar sobre como engajar a população na vacinação. Espera-se que cada vez mais pessoas interajam com a autoridade pública e discutam as ações com uma conscientização coletiva. 

“O projeto nasce do contexto da pandemia, que agravou as desigualdades e os impactos sentidos por pessoas que já viviam em condições de vulnerabilidade, mas, para além deste momento, o projeto pode melhorar como comunidades vulneráveis e governos se relacionam no longo prazo. Criar confiança entre cidadãos e governo, fortalecer estratégias conjuntas que dão voz e ação às pessoas dessas comunidades, que sentem diariamente as necessidades que podem ser supridas por governos. Essas iniciativas de co-produção ainda poderão ser replicadas em vários contextos”, pontua o professor.

Além de André Lino, também fazem parte do projeto a professora Lidiane Dias (UFPA), o professor André Carlos Busanelli de Aquino (USP), e a professora Ileana Steccolini (Universidade de Essex), que lidera o projeto internacionalmente.

Seleção de bolsista – Para compor a equipe de pesquisadores, o projeto abriu inscrições para bolsistas, em nível de doutorado, da UFPA e da USP. São ofertadas quatro bolsas de pesquisa no valor de R$2.900 mensais por um período de 12 a 14 meses, sendo duas bolsas exclusivas para alunos(as) da UFPA. As inscrições vão até o dia 4 de fevereiro de 2021 e devem ser feitas com envio de documentos suplementares descritos no Edital e da ficha de inscrição, disponível aqui. 

Os bolsistas atuarão conduzindo entrevistas e acompanhando as comunidades selecionadas em São Paulo e Belém. O objetivo é promover as vozes dos líderes locais e incentivar o engajamento de toda a comunidade. Com esse mapeamento e o incentivo e fortalecimento da co-produção, espera-se conseguir responder às demandas que ainda devem surgir da pandemia de Covid-19 nessas comunidades.

A seleção dos candidatos será baseada na aderência de experiência ou atuação anterior na temática do projeto, com base no currículo Lattes e outros documentos enviados. A seleção será em duas etapas eliminatórias: análise curricular e entrevista com a comprovação das atividades mencionadas no currículo. 

“Em conjunto com os membros das comunidades e representantes dos governos, buscaremos construir soluções conjuntas e viáveis para o controle e prevenção de novos casos da doença, e, no futuro, estratégias eficazes para conscientização sobre a importância da vacinação”, ressalta André Lino.

Texto: Maissa Trajano - Assessoria de Comunicação da UFPA.
Foto: Thiago Pelaes