Projeto Aprende se adapta às condições impostas pela pandemia para continuar pesquisas sobre a aprendizagem de crianças autistas
Entre as ações desenvolvidas na Universidade Federal do Pará (UFPA) para a inclusão de pessoas dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA), está o projeto do Núcleo de Teoria de Pesquisa do Comportamento (NTPC) denominado Aprende, sigla para Atendimento e Pesquisa sobre Aprendizagem e Desenvolvimento. Coordenado pelos professores Romariz Barros e Carlos Souza, trata-se de um projeto integrado de ensino, pesquisa e extensão focado na aprendizagem e no desenvolvimento de crianças com diagnóstico de TEA.
No âmbito desse projeto, as pesquisas são realizadas - em sua maioria - sobre o desenvolvimento de linguagem nas crianças com TEA, mas também sobre o ensino dos estudantes envolvidos e dos pais das crianças atendidas, o qual é feito por meio da capacitação. Então as crianças acabam por receber intervenção supervisionada (extensão).
Até antes da alteração da rotina da UFPA por conta das medidas necessárias para o enfrentamento da pandemia de Covid-19, o projeto funcionava de forma presencial, nas instalações do NTPC – localizado em Belém, Campus Guamá. As crianças e seus pais frequentavam o laboratório três vezes por semana e permaneciam por duas horas a cada visita. Atividades de ensino eram desenvolvidas com as crianças em paralelo com a capacitação dos pais e dos estudantes. Ao longo do processo, os pais eram inseridos nas atividades de ensino de seus filhos e finalmente a participação da criança era encerrada, aproximadamente dentro de um período de dois anos.
O projeto tem capacidade para receber até oito crianças e suas famílias por temporada. Quando uma delas encerra sua participação, uma nova é selecionada. As atividades centrais são as de pesquisa. Em torno dela, estruturam-se o serviço que é oferecido às crianças e o treinamento dos pais e dos discentes.
Adaptações - “Infelizmente, com a necessidade de distanciamento social (e em atenção às recomendações e às decisões acertadas da gestão da UFPA), não foi possível continuar recebendo as crianças e os pais no campus. Aproveitamos para elaborar vídeos didáticos para continuar ensinando os pais a trabalharem com seus filhos sob nossa supervisão. Então percebemos que esses vídeos podem ajudar outros profissionais a treinar pais e outros cuidadores a lidar com as demandas de seus filhos. É importante destacar que o uso dessas ferramentas de vídeos sempre deve ser supervisionado por profissional capacitado para tomar decisões e acompanhar o caso”, observa o coordenador Romariz Barros.
Assim, os vídeos são ferramentas que profissionais podem lançar mão para ajudar nesse momento em que é preciso manter a atividade de forma remota. Os vídeos estão disponíveis no canal do projeto Aprende UFPA no youtube.
O projeto tem três objetivos articulados: aumentar o conhecimento científico sobre a aprendizagem das crianças com diagnóstico de TEA (pesquisa), transferir conhecimento e serviço para crianças e pais com diagnóstico de TEA (extensão) e formar mestres e doutores na área de pesquisa e atuação atinente ao projeto (ensino). Alunos de graduação são também frequentemente engajados, embora o Núcleo, pela sua própria natureza, não tenha um curso de graduação dentro da sua estrutura funcional. O projeto tem feito a diferença local e regionalmente na formação de pessoal especializado em intervenção ao TEA.
Referência - Segundo o pesquisador responsável, Belém é hoje uma das capitais do Brasil onde mais há opções de serviço especializado nessa área, e muitos desses profissionais foram formados no projeto. Infelizmente, muito dessa oferta ainda está concentrada no serviço privado (clínicas particulares), mas isso já começa a mudar. “O Aprende é também uma referência nacional para ensino e pesquisa nessa área”, salienta.
O projeto tem capacidade para receber simultaneamente oito famílias e cerca de 24 pós-graduandos. “Esperamos retomar esses números tão logo seja possível. A situação atual tem nos levado a fazer pesquisas sobre como ensinar as pessoas a intervir nos casos de TEA, usando, para esse ensino, ferramenta de aprendizagem remota. Assim, acredito que isso poderá permanecer no projeto após a pandemia, ou mesmo transformá-lo permanentemente nessa direção. Se isso ocorrer, então se vai poder ampliar muito o público”, explica o professor Romariz.
Serviço:
Até então, as crianças que participam do projeto eram encaminhadas por meio da interação do NTPC/UFPA com o Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza.
Quanto à entrada de pós-graduandos para fazer mestrado e doutorado, faz-se por meio dos editais publicados pelo Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento do NTPC.
Texto: Jéssica Souza – Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Imagens: Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA e Arquivo do Projeto
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