Ir direto para menu de acessibilidade.

Seletor idioma

ptenes

Opções de acessibilidade

Página inicial > Ultimas Notícias > Pesquisas realizadas na UFPA se destacam no XII Prêmio Brasileiro Política e Planejamento Urbano e Regional de Dissertações de Mestrado
Início do conteúdo da página

Pesquisas realizadas na UFPA se destacam no XII Prêmio Brasileiro Política e Planejamento Urbano e Regional de Dissertações de Mestrado

  • Publicado: Quinta, 06 de Maio de 2021, 14h19

Prêmio ANPHUR

A Universidade Federal do Pará (UFPA) foi a vencedora do XII Prêmio Brasileiro Política e Planejamento Urbano e Regional de Dissertações de Mestrado (2021), promovido pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (Anpur). Além do primeiro lugar, concedido à dissertação A ilusão da igualdade, natureza, justiça ambiental e racismo em Belém, de autoria de Thales Barroso Miranda, a Instituição ainda recebeu menção honrosa pelo trabalho “Entre a várzea e terra firme - estudo de espaços de assentamentos tradicionais urbanos rurais na região do Baixo Tocantins”, de Kamila Diniz Oliveira, ambos orientandos da professora Ana Claudia Duarte Cardoso, do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo PPGAU/UFPA. 

Nesta edição do prêmio, foram submetidas 47 dissertações. “O prêmio é um reconhecimento à consistência do nosso trabalho, ao sucesso das redes de pesquisa, dentro do grupo de Pesquisa Urbanização e Natureza na Amazônia – URBANA, que temos criado, e às estratégias teórico- metodológicas que adotamos”, afirma a professora Ana Cláudia Cardoso. O prêmio da Anpur julga duas dissertações enviadas por todos os programas filiados. “Esta é uma associação de pesquisa muito antiga, dedicada ao campo do planejamento urbano e regional, que comporta programas de economia, arquitetura e urbanismo, gestão pública e de outras áreas que estejam interessadas na discussão principal”, continua a docente. 

A Associação tem 75 programas filiados e há uma predominância muito grande dos membros mais antigos, com mais de 40 anos, nas premiações. “Nosso programa tem 11 anos, e começamos a mostrar nossa capacidade de explicar a Amazônia a partir de nós mesmos, contribuindo para uma leitura mais atenta do Brasil, que tende a ser descrito com base na visão do centro sul”, destaca a orientadora das dissertações premiadas.

“Thales e Kamila estiveram inseridos em um ambiente de discussão sobre o urbano amazônico, que já nos deu outros prêmios (ganhamos o Prêmio Milton Santos em 2019, uma menção honrosa por texto em coletânea no Prêmio Anparq deste ano). Recebi a notícia com grande surpresa, pois a decisão de premiar a melhor dissertação e dar uma menção honrosa para trabalhos com a mesma origem (priorizando a qualidade do trabalho dos estudantes) é bastante incomum”, relata Ana Cláudia.

As duas dissertações estão ligadas ao mesmo projeto de pesquisa, que tem financiamento do CNPq e conta com parceiros de outras instituições, como o Inpe e a UFMG. “Graças às parcerias, o Thales fez um período sanduwich no Inpe, para capacitação no uso de geotecnologias, e a Kamila participou de missões de campo compartilhadas com pesquisadores do Inpe no Baixo Tocantins, o que otimizou o transporte e a cobertura das comunidades e os registros fotográficos feitos por meio de drones. Ambos os estudantes fizeram dois ciclos de Pibic comigo durante a graduação, TCC, e seguiram no mestrado,  nas temáticas que já desenvolviam”, comenta a orientadora.

Dissertação vencedora - A dissertação intitulada A ilusão da igualdade: natureza, justiça ambiental e racismo em Belém buscou revelar injustiças ambientais e as desigualdades social e racial na produção do espaço urbano de Belém, historicamente marcado pelo crescimento urbano rentista, pela disputa territorial e inúmeras consequências ambientais. Com base em dados científicos, sobre como populações negras e pobres foram direcionadas para as piores áreas do território da cidade de modo oficial explícito e implícito, foi discutido como a urbanização de Belém foi e ainda é pautada por estruturas técnicas não condizentes com a sua realidade social, econômica e ambiental. “Um dos efeitos é o risco à inundação e ao alagamento, que é seletivo, tem raça e classe”, observa o autor Thales Miranda. Mas, para chegar a essa conclusão, foi necessária uma longa trajetória de pesquisa.

“Ressalto a importância do ensino público, gratuito e de qualidade que me foi fornecido, pois iniciei o mestrado em março de 2018, mas são quase oito anos de pesquisa dentro da UFPA”, observa o pesquisador. Um marco importante, que não estava no planejamento da pesquisa, foi a inclusão do racismo no debate da cidade, que, na compreensão de Thales, a partir do amadurecimento de suas investigações, sempre estruturou a sociedade e os espaços públicos.

“Quando recebi a notícia do prêmio, eu não acreditei. Ainda estou assimilando que eu, um jovem negro da Cidade Nova, ganhei o maior e mais importante prêmio da área do planejamento urbano do Brasil. Estou muito feliz pelo prêmio e sou grato por todos aqueles que me ajudaram: minha família (irmãs, mãe, tia, vó, namorado), meus amigos, minha orientadora, o Grupo de pesquisa Laboratório Cidades na Amazônia (Labcam), os membros da avaliação da dissertação,  os órgãos de financiamento de pesquisa (Capes e CNPq) e a mamãe UFPA (a maior do Norte)”, destaca Thales.

Menção honrosa - Já a dissertação que recebeu menção honrosa buscou discutir os arranjos espaciais das populações tradicionais amazônicas, tanto na várzea como em terra firme, identificando como foram formados e as alterações que sofreram ao longo do tempo, devido aos processos socioeconômicos ocorridos na região. “Fiz algumas pesquisas de campo na região do Baixo Tocantins, onde tive a oportunidade de ter mais contato com diversas populações tradicionais, sendo quilombolas, extrativistas, ribeirinhos etc. Selecionei quatro comunidades, sendo duas em várzea e duas em terra firme, nas quais fiz entrevistas com famílias, buscando investigar seus modos de vida e como isso reflete na maneira como se apropriam do espaço”, explica Kamila Oliveira. “A pesquisa assumiu perspectiva interdisciplinar, integrando conceitos da Morfologia Urbana, Geografia, Antropologia e Sociologia na tentativa de decodificar a nossa forma de ocupação tradicional amazônica”.

A estudante ficou muito feliz com a menção honrosa da Anpur, pois não imaginava a conquista em um ano que definiu como muito difícil,  uma vez que teve perdas familiares e problemas de saúde por causa da pandemia. “Apesar das dificuldades, o trabalho pôde ser concluído e chegar a essa premiação. Mais do que a realização de um trabalho acadêmico, toda a trajetória da pesquisa, a participação em ciclos de Pibic e as orientações da professora Ana Cláudia me proporcionaram uma transformação na maneira de enxergar a vida e a nossa realidade. Isso mostra a importância do trabalho desenvolvido pelo grupo de pesquisa da professora, do Labcam, do PPGAU e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/UFPA), que nos enquadra no cenário nacional de pesquisa, com grande relevância científica”, sintetiza.

Parecer - Diante da tarefa de selecionar as dissertações vencedoras, o júri do prêmio destacou a qualidade de todos os trabalhos encaminhados pelos programas associados à Anpur, reforçando a solidez da pesquisa na área de Planejamento Urbano e Regional. Sobre a dissertação vencedora,  sobressaiu-se a relevância da temática abordada, o robusto arcabouço teórico-metodológico, a qualidade final do texto e a relevância multidimensional de suas conclusões. Já a escolha da dissertação indicada para menção honrosa foi justificada pela relevância da temática, pela originalidade e pela qualidade final do texto. 

Para saber mais, clique aqui

Texto: Jéssica Souza – Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Fotos: Arquivo pessoal dos pesquisadores

registrado em:
Fim do conteúdo da página