Dia Mundial do Vitiligo: dermatologista do Hospital Barros Barreto esclarece o público sobre a doença que acomete mais de um milhão de brasileiros
O vitiligo é uma doença crônica caracterizada por manchas brancas em virtude da perda do pigmento natural da pele, a melanina. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), mais de um milhão de brasileiros convivem com a doença. Para conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento, o dia 25 de junho foi instituído o Dia Mundial do Vitiligo. No Pará, o Serviço de Dermatologia da Universidade Federal do Pará (UFPA realiza o diagnóstico e tratamento dos pacientes, que ainda sofrem com o preconceito e o desconhecimento da doença.
“Não existe causa estabelecida para o vitiligo. Entre as hipóteses estudadas, a mais aceita cientificamente é a da teoria autoimune, ou seja, o próprio corpo produz anticorpos (autoanticorpos) que agem inativando ou destruindo os melanócitos, que são as células responsáveis pela produção da melanina”, explica a dermatologista e professora Silvia Müller, coordenadora do Ambulatório de Vitiligo do Serviço de Dermatologia da UFPA, que funciona no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), vinculado ao Complexo Hospitalar da UFPA/Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e atende cerca de 25 pacientes por mês. No ambulatório, os pacientes são criteriosamente avaliados, realizam os exames necessários e iniciam o tratamento disponibilizado no hospital por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Tratamento - Segundo a médica, existem no mercado vários recursos para tratar o vitiligo, desde medicamentos industrializados ou manipulados para uso tópico e por via oral, terapia com luzes e laser até, finalmente, os métodos cirúrgicos, como o IPCA (microagulhamento) e o transplante de melanócitos. Existem, no entanto, fatores que podem agravar o quadro ou desencadear o surgimento de novas manchas, como fatores emocionais, traumatismos na pele, queimadura solar, infecções severas, distúrbios metabólicos e outros.
“Com a necessidade do isolamento social por conta da proliferação da Covid-19, o estresse emocional causado pela pandemia constitui um sério fator desencadeante e agravante do vitiligo, por isso é importante que o paciente esteja atento aos distúrbios psíquico-emocionais severos, mantenha hábitos alimentares saudáveis, que durma em média 7 a 8 horas por noite e evite traumas nas áreas afetadas”, explica a médica. Ela destaca, também, que a principal dificuldade relatada pelos pacientes é o incômodo de ordem estética causado pelas manchas, pois ainda há o preconceito por parte da população em geral e pelo próprio paciente. Por isso, no Ambulatório de Vitiligo do HUJBB, além dos tratamentos específicos, os pacientes também realizam a avaliação psicológica e mantêm seguimento psicoterápico quando necessário.
Extensão - O projeto de extensão intitulado “Atendimento clínico-cirúrgico aos portadores de distúrbios pigmentares”, coordenado pela professora Silvia Ferreira Rodrigues Müller, iniciou em 2012 e conta com a participação de cinco médicos residentes de Dermatologia e quatro alunos da graduação. “Temos dois projetos de pesquisa: um relacionado ao uso de suplementos nutricionais utilizados no tratamento do vitiligo e outro que envolve o tratamento cirúrgico. O tratamento segue uma escala crescente de intensidade e complexidade, iniciando com suplementos até chegar às condutas cirúrgicas”, explica a professora.
Serviço - Os pacientes do Serviço de Dermatologia da UFPA são regulados pelo Departamento de Regulação do Município. Para ser atendido, deve-se procurar a unidade de saúde mais próxima e solicitar encaminhamento para a assistência de média e alta complexidade. É importante procurar assistência médica especializada, pois, segundo a professora Silvia Müller, pelo menos dez distúrbios dermatológicos podem ser confundidos com o vitiligo. Apesar de a cura ser rara, a doença tem controle, “porém o paciente deve ter muita disciplina com os tratamentos instituídos, para a melhoria da sua qualidade de vida e do convívio social”, conclui a médica.
Texto: Paola Caracciolo – Assessoria do Complexo Hospitalar da UFPA/Ebserh
Foto: Pexel
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