Projeto de pesquisa analisa o desenvolvimento infantil pela perspectiva microbiana e sociocultural
A Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio do Programa de Pós-Graduação em Ecologia, está participando do Projeto de pesquisa "Microbioma Intestinal Infantil: uma investigação biocultural", desenvolvido em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Ohio (EUA). O projeto quer entender como é o desenvolvimento da flora intestinal, chamada também de comunidade microbiana, do intestino dos bebês durante os primeiros dois anos de vida, formado pelas crenças e normas da família e pelo contexto social e econômico da família na Região Metropolitana de Belém.
O projeto vem trabalhando com um grupo de mãe e bebê voluntários que vivem em diferentes níveis socioeconômicos, durante os primeiros dois anos de vida do bebê, para a coleta de informações biométricas e da saúde da mãe e do bebê. O objetivo é realizar a análise baseada em cinco fatores, que são: as rotinas diárias de cuidados com o bebê em famílias com diferentes níveis socioeconômicos (SE); a exposição a microrganismos nos primeiros 24 meses de vida; a mudança da flora intestinal dos bebês durante os primeiros 24 meses de vida e as variações na exposição a microrganismos e na dieta; a composição nutricional e a caracterização do microbioma do leite materno; a relação entre as rotinas de cuidado infantil e os resultados de saúde (por exemplo, crescimento, desenvolvimento, maturidade do microbioma intestinal e da boca).
“Para entender o microbioma intestinal infantil, são necessários dados de populações humanas que vivem em diferentes bairros, com diferentes infraestruturas, incluindo a influência do que as pessoas acreditam nos cuidados com os bebês e da alimentação (leite materno ou fórmula, e alimentos) na composição microbiana infantil. Nossa ideia para convidar mãe-bebê de zonas socioeconômicas diferentes é capturar a variação na qualidade de água potável e a estrutura habitacional, pois acreditamos que a infecção por microrganismos influenciará a mudança e composição / diversidade do microbioma intestinal infantil”, explica a pesquisadora e pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ecologia Danielle Ribeiro-Brasil.
O projeto tem coordenação do professor Luciano Montag na UFPA; no Brasil, do professor Christian Hoffmann (Universidade de São Paulo - USP); e nos Estados Unidos, da professora Bárbara Piperata, da Universidade Estadual de Ohio (OSU). Além de Danielle Ribeiro-Brasil, a equipe que está desenvolvendo a pesquisa conta também com o médico e professor Dr. Hilton Pereira da Silva e com o professor Pedro da Glória (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - IFCH), responsáveis pelo treinamento dos outros estudantes sobre os procedimentos de referência adequados. No final do estudo, todas as principais descobertas (por exemplo, crescimento e desenvolvimento infantil, microrganismos) serão compartilhadas com a Secretaria Municipal de Saúde Pública de Belém, as Unidades Básicas de Saúde envolvidas, o diretor e com os médicos das clínicas e dos hospitais participantes.
Como participar da pesquisa - A pesquisa aceita voluntárias acima de 18 anos que estejam grávidas, a partir do 6º mês de gestação ou a partir da 24ª semana de gestação, ou ainda puérperas (resguardo ou quarentena) com bebês recém-nascidos antes de completar o primeiro mês de vida (preferencialmente 15 - 25 dias de vida). É necessário que as voluntárias residam na Região Metropolitana de Belém, considerando as proximidades dos bairros: Batista Campos, Campina, Castanheira, Cidade Velha, Condor, Canudos, Cremação, Guamá, Jurunas, Marco, Montese (Terra Firme), Nazaré, Parque Verde, Pedreira, Reduto, São Brás, Souza, Umarizal.
Para o desenvolvimento da pesquisa, serão feitas cinco visitas domiciliares, com equipe especializada, adotando os cuidados de isolamento social. Cada visita incluirá medições da saúde infantil e materna, coletas de água consumida, saliva do bebê, leite materno e fezes, do bebê, da mãe e de outras crianças que compõem o grupo familiar, além de quatro horas de observação na rotina do bebê analisado. As amostras coletadas são transportadas para o Laboratório de Ecologia e Conservação (Labeco), no Instituto de Ciências Biológica da UFPA, para posterior envio para o laboratório do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da Universidade de São Paulo (USP), onde passarão por análises microbiológicas.
Após a pesquisa, os voluntários receberão os resultados considerados relevantes para o conhecimento da família, incluindo as medidas de peso e comprimento de mãe e bebê e a interpretação dos resultados, assim como os dados sobre a qualidade da água e as recomendações de tratamento nos casos em que a água estiver contaminada. Durante o decorrer do estudo, se qualquer integrante da equipe coletar dados indicando uma preocupação significativa de saúde para a mãe ou para o(s) filho(s), tal como crescimento infantil inadequado ou ocorrência de patógenos intestinais, a equipe do projeto entrará em contato com a responsável para orientar a busca pelo tratamento adequado.
Para se voluntariar ou ter mais informações sobre o desenvolvimento da pesquisa, basta acessar o instagram do projeto e consultar os contatos dos membros da equipe de campo para efetuar um cadastro e agendamento da visita ou, ainda, acessar o e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
Texto: Bruna Ribeiro - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Fotos: Arquivo do Projeto
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