2ª Campanha pela Erradicação do Racismo na Educação Superior na América Latina recebe submissão de projetos
A Cátedra Unesco Educação Superior e Povos Indígenas e Afrodescendientes na América Latina, sediada na Universidad Nacional de Tres de Febrero (UNTREF), está com uma chamada aberta para a 2ª Campanha pela Erradicação do Racismo na Educação Superior na América Latina. A chamada de projetos pretende despertar uma reflexão sobre as múltiplas formas de racismo existentes nos sistemas de ensino superior da América Latina, por meio da realização de atividades para a erradicação do racismo na região, organizadas por discentes, docentes, pesquisadores e técnicos administrativos. A submissão de projetos pode ser realizada até o dia 15 de julho de 2021, aqui.
A chamada atende a uma demanda de reflexão e desenvolvimento de estratégias capazes de auxiliar na erradicação do racismo na América Latina. Racismo que se manifesta não somente por meio de diferentes impressões cotidianas, mas também está presente de forma estrutural na sociedade e atinge, principalmente, a população negra e indígena dos territórios brasileiro e latino-americano. A escolha do ensino superior como foco para a realização da campanha se dá em virtude das características desta fase da educação, em que profissionais de diversas áreas são formados, incluindo novos educadores.
“A importância desta iniciativa está na proporção de que a realidade latino-americana se configura historicamente por processos de colonização que descambaram na colonialidade de práticas e saberes, que excluem tudo aquilo que não se configura a partir de uma herança eurocêntrica, mesmo os saberes da ciência e da universidade”, aponta o professor da UFPA José Guilherme Fernandes, do Campus Universitário de Castanhal, que também integra a Equipe de Acompanhamento das Ações para Erradicação do Racismo da Campanha.
“O problema da ocorrência dessas formas ‘sutis’ de racismo ou ‘menos visíveis’ do que a discriminação é que, com essa prática, não somente são formados professores racistas, mas também profissionais de saúde racistas, incapazes de servir adequadamente às comunidades desses povos, porque ignoram suas línguas, seus modos de vida, seus sistemas de conhecimento e formas de organização social. O mesmo ocorre em todas as demais profissões: Engenharia, Direito, Economia etc. Por essas razões, é muito importante erradicar o racismo no ensino superior”, pontua o professor Daniel Mato, pesquisador da Untref e coordenador da Rede Interuniversitária Educação Superior e Povos Indígenas e Afrodescendentes na América Latina (Esial).
Para tanto, a chamada para a Campanha pela Erradicação do Racismo na Educação Superior na América Latina surgiu como uma forma de incentivar o desenvolvimento de ações que sejam capazes de auxiliar na formação de profissionais antirracistas, que, por sua vez, contribuirão para erradicar o racismo em todos os níveis educacionais e nos seus respectivos futuros ambientes profissionais.
Como irá funcionar - Os projetos submetidos devem desenvolver atividades educativas sob a temática Erradicação do Racismo na Educação Superior na América Latina, no período de 1º de setembro a 15 de novembro de 2021, tendo como público-alvo: comunidade acadêmica, órgãos públicos com competência no ensino superior, organizações sindicais e formadores de opinião. Os projetos podem desenvolver produtos como artigos de opinião, vídeos e oferecer oficinas de capacitação, além da realização de eventos públicos.
“O racismo está associado às impossibilidades ou às dificuldades e limitações para o ingresso, mas fundamental para a permanência. Por isso o sentido da chamada é dar visibilidade, pautar essa questão e, fundamentalmente, desenvolver ações concretas para a sua erradicação. Não no sentido meramente de reflexão acadêmica, mas principalmente de desenvolver, articular e provocar ações, experiências e iniciativas no âmbito das universidades”, explica o professor Wagner Roberto do Amaral (UEL), que participou da organização da 1ª Chamada.
Serão selecionadas 20 propostas na edição deste ano. Para a implementação dessas propostas, as equipes selecionadas contarão com o apoio institucional da Cátedra Unesco, que realizará amplas campanhas de divulgação. A cátedra facilitará a comunicação e o trabalho colaborativo entre as equipes responsáveis pelas ações selecionadas e uma equipe de colaboradores com experiência no assunto. O objetivo é facilitar para que as equipes das diversas universidades aprendam umas com as outras e apoiem-se mutuamente.
Entre os eventos organizados, está previsto o desenvolvimento de uma atividade durante o “Colóquio Internacional de Educação Superior Indígena na América Latina. As múltiplas formas de racismo e discriminação racial”, o qual ocorrerá nos dias 6 e 7 de novembro de 2021. Além disso, os selecionados participarão de uma Mostra Pública Final, que deverá ocorrer em dezembro, por meio de plataforma virtual (Zoom ou Google Meet).
Saiba como foi a 1ª Campanha pela Erradicação do Racismo na Educação Superior, realizada em 2020, aqui.
Texto: Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Arte: Divulgação
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