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Aluno da UFPA é destaque no Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica do CNPq

  • Publicado: Sexta, 16 de Julho de 2021, 15h49

Prêmio CNPq Douglas

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) anunciou os vencedores do 18º Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica. Entre os escolhidos na categoria Bolsista de Iniciação Científica, está Douglas da Costa Rodrigues Junior, aluno do curso de Letras da UFPA. Douglas recebeu destaque pelo seu trabalho na área de Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes, com o título "Dicionário Multimídia Sakurabiat-Português". O projeto foi desenvolvido no Programa Pibic do Museu Paraense Emílio Goeldi, sob a supervisão da professora Ana Vilacy Galúcio, pesquisadora do Museu Goeldi e docente do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL/UFPA) e do Programa de Pós-Graduação em Diversidade Social (PPGDS/MPEG).

Organizado pelo CNPq, em parceria com a SBPC e a Academia Brasileira de Ciências (ABC), o Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica tem o objetivo de reconhecer os bolsistas de Iniciação Científica e Tecnológica que se destacaram apresentando trabalhos com relevância e qualidade. Além de Douglas, foram premiados também Fábio Spitza Stefanski (UFFS) e Marcelo Mancini(UFLA), na categoria Bolsista de Iniciação Científica; e Vanessa Helena Pires da Costa do Nascimento (Unifap), Lucas Ferreira de Castro (UFG) e Rebeca Santisma de Jesus Almeida (UFRB), na categoria Bolsista de Iniciação Tecnológica. Os seis vencedores receberão um valor em dinheiro e bolsas de mestrado ou de doutorado, além do  diploma de reconhecimento.

Esta premiação é, ao mesmo tempo, o reconhecimento da nossa dedicação no sentido de produzir conhecimentos e formar jovens pesquisadores aqui, no Pará e na Amazônia, e também a valorização da aprendizagem do Douglas como bolsista de Iniciação Científica. Estou muito feliz com a premiação e espero que sirva de motivação para os nossos alunos e bolsistas, para que não desistam dos sonhos e acreditem na força da Ciência como uma porta importante para a transformação de vidas e para a transformação do mundo, em benefício de uma sociedade mais justa”, comemora a orientadora do projeto premiado, Ana Vilacy.

Para o bolsista que desenvolveu a pesquisa, Douglas Junior, o sentimento hoje é de dever cumprido pelo reconhecimento de um trabalho que foi realizado de forma minuciosa, que tem um papel muito importante para a preservação da língua indígena Sakurabiat. “São mais de 200 entradas no produto final que foram feitas de maneira detalhada. É um projeto grande e feito com imenso carinho por nós. É uma honra trazer esse prêmio pra minha universidade, pro meu estado e pro Museu Goeldi”, afirma.

Prêmio CNPq Douglas tucumãDicionário Multimídia Sakurabiat-Português - O projeto desenvolvido por Douglas consiste em um dicionário multimídia da língua Sakurabiat, apresentado em uma versão bilíngue Sakurabiat – português. Para cada entrada lexical, o dicionário demonstra o verbete em Sakurabiat, a pronúncia em transcrição fonética, sua tradução para o português, além de exemplos de uso do verbete em Sakurabiat acompanhado de tradução e áudio com a pronúncia do exemplo.

“Desenvolver esse trabalho foi extremamente dificultoso desde o início. Quando começamos o trabalho, os dados da língua Sakurabiat estavam desatualizados e o primeiro desafio que tivemos foi: quais dados incluiríamos no projeto de início?. Então resolvemos começar apenas com o campo semântico de flora, pois era o que eu tinha disponível na época, nos arquivos do Museu Goeldi. Hoje, o dicionário finalizado, que foi premiado, possui quatro campos semânticos: fauna, flora, partes do corpo e manufaturas”, explica Douglas Junior.

Programado na linguagem Markdown - uma formatação aberta que permite a exportação dos materiais em html, PDF ou docx -, agora o dicionário multimídia servirá de material para o processo de revitalização da língua originária do povo Sakurabiat, da Terra Indígena Rio Mequens, em Rondônia, que está em situação bastante vulnerável e em risco de desaparecer , visto que hoje há no máximo 12 falantes fluentes e menos de uma dezena de falantes parciais. 

“Sabemos que atualmente temos cerca de 155-160 línguas indígenas faladas no país, sendo que aproximadamente dois terços dessas línguas são faladas aqui na nossa região amazônica. Infelizmente a maioria dessas línguas se encontra em uma situação bastante vulnerável, com poucos falantes e, em muitos casos, já não sendo mais aprendida pelas novas gerações. Muitos povos indígenas, cujas línguas se encontram nessa situação, estão iniciando movimentos autônomos de retomada ou revitalização de suas línguas tradicionais. Esse também é o caso dos Sakurabiat, onde há um movimento recente, liderado pelos jovens, de buscar (re)aprender a língua tradicional de seu povo. Nesse contexto, os projetos de dicionários multimídia estão sendo desenvolvidos também como uma possível ferramenta que possa auxiliar nesse processo de revitalização linguística”, explica a professora Ana Vilacy. 

Segundo a professora, a prática da dicionarização pode contribuir positivamente para aumentar a motivação dos falantes e potenciais falantes, principalmente quando apresentada em formato multimídia que pode ser usado na maioria dos aparelhos com leitores digitais, como celulares e tablets, e sem necessidade de internet. O uso desse tipo de dicionário possibilita, então, não somente a ampliação de vocabulário da língua como também uma maior familiaridade com os sons e a pronúncia das palavras. Por isso um amplo trabalho vem sendo desenvolvido no Museu Emílio Goeldi, no qual, além do Dicionário Multimídia Sakurabiat-Português, também estão sendo produzidos mais cinco dicionários multimídia de outras línguas indígenas.

“É tão importante que mais projetos como esses existam. Dessa forma, a cultura do povo encontra esperança para sair do esquecimento iminente. Me sinto muito feliz de fazer parte desse auxílio e espero que o povo Sakurabiat consiga restabelecer sua língua”, ressalta o estudante premiado, Douglas Junior.

Texto: Maissa Trajano – Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Arte: Divulgação CNPq e arquivo do projeto

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