Acessibilidade é fundamental para inclusão de pessoas com deficiência
Acessibilidade diz respeito à condição de possibilidade para a transposição dos entraves que representam as barreiras para a efetiva participação de pessoas nos vários âmbitos da vida social. No contexto da pessoa com deficiência (PcD), o termo se refere à utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação.
Além dos mais de 500 discentes, a Universidade Federal do Pará também tem uma comunidade de servidores PcD, sendo um total de 24, dos quais cinco são docentes e 19 servidores técnico-administrativos. Para facilitar o dia a dia de todas essas pessoas que necessitam de recursos, a UFPA dispõe de infraestrutura e serviços para a interação cotidiana de pessoas com deficiência (confira aqui).
Uma pessoa cadeirante, por exemplo, precisa de rampas para ter acesso aos prédios; pessoas cegas e/ou de baixa visão necessitam de recursos em braile ou em letra ampliada; pessoas surdas requerem intérpretes que possam mediar a comunicação em Libras; os portadores do Transtorno do Espectro Autista (TEA) podem precisar de monitoria/mentoria, e assim por diante.
Considera-se acessibilidade física a ampliação de calçadas, a implantação de pisos táteis, a inserção estratégica de rampas, elevadores e escadas. Em relação aos serviços, estes contemplam atividades de acompanhamento e monitoria, tradução e interpretação de Libras, transcrição de textos em braile, conversão de textos para leitores de tela, instalação de softwares e audiodescrição de imagens, entre outros.
Experiências - O pedagogo José Monteiro, técnico da Coordenadoria de Acessibilidade da UFPA (CoAcess), possui baixa visão, sendo totalmente cego do olho esquerdo e dispondo apenas de 10% da visão do olho direito. Suas dificuldades iniciaram-se aos 23 anos, como consequência do glaucoma. Ele passou por várias fases que incluíram o desemprego, a depressão, a aceitação e consequente superação. Em interação com outras pessoas cegas e de baixa visão no Instituto Álvares de Azevedo, em Belém, ele percebeu que poderia seguir em frente apesar da deficiência.
Foi assim que se formou em Pedagogia pela Universidade Estadual do Pará (UEPA) e, em 2006, ingressou no serviço público, na Sessão Braile da Fundação Cultural Tancredo Neves (Centur). Em 2013, foi nomeado para a Secretaria Municipal de Educação de Abaetetuba. Em 2019, para a Superintendência de Assistência Estudantil (Saest) da UFPA, da qual foi direcionado para a CoAcess. Hoje, José Monteiro é especialista em Educação Especial com Ênfase em Inclusão.
“A UFPA é pioneira na inclusão para que PcD possam ter acesso ao ensino superior e ao mercado de trabalho. Cabe à academia conscientizar a sociedade quanto às atitudes excludentes, preconceituosas e discriminatórias, de modo que se possa tratar, agir e perceber a pessoa com deficiência não por pena, mas como ser humano, uma pessoa de direitos”, observa. A meta do pedagogo, agora, é romper as barreiras da Universidade para popularizar o anticapacitismo em toda a sociedade.
Além da infraestrutura, a acessibilidade também abrange o acolhimento e a permanência do PcD, seja no ambiente universitário, seja no profissional. Muitos necessitam ainda do recurso financeiro para adquirir ferramentas e conseguir concluir o curso. Rayle Gomes é técnico- administrativa da UFPA na CoAcess e é pessoa com deficiência física. Ela também foi estudante formada pela Federal paraense e compartilha sua experiência: “O auxílio PcD foi muito importante para a minha permanência no curso”, resume.
Condições - Rebeca Lopes Pereira é cadeirante e concluinte do curso de Direito, ela levou um tempo para associar o fato de ser PcD com a pessoa que ela é: “Mas agora entendo que a minha deficiência não resume quem eu sou, meu valor, minha importância..., é simplesmente uma parte de mim e a condição em que eu estou no mundo. Ao mesmo tempo em que me sinto vulnerável, também sei que sou capaz e entendo que a minha deficiência não vem antes do meu ser como pessoa, e todo ser humano tem uma história de superação, seja ela PcD ou não”, afirma.
A estudante disse ter aprendido a lidar com suas limitações pessoais, apesar de a própria sociedade lhe impor barreiras em alguns contextos. Ela relata já ter deixado de sair por saber que o lugar onde iria não era adaptado, não possuía rampas ou elevadores. Para terem autonomia, pessoas com deficiência precisam de transporte acessível, rua acessível, atendimento inclusivo etc. “Ainda preciso de acompanhamento para muitas coisas, não que isso seja ruim, mas é difícil você querer fazer algo e não poder porque te faltam as ferramentas”, observa. “Todos têm direito de exercer a cidadania, PcD também, embora precisem das condições adequadas”, conclui.
Texto: Jéssica Souza – Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Arte: Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA e fotos de arquivo
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