Professora Jane Beltrão será homenageada em Encontro Anual da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciências Sociais
Nesta quinta-feira, 21 de outubro, às 16h30, a professora Jane Beltrão, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da UFPA, será homenageada no 45º Encontro Anual da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciências Sociais (ANPOCS). A homenagem será transmitida ao vivo pelo Canal da ANPOCS no YouTube.
A antropóloga participará da “Conversa com o(a) autor(a)”, um espaço que já se tornou tradicional para reconhecimento do trabalho de pesquisadores(as) nas áreas de Antropologia, Ciência Política e Sociologia. A cada Encontro Anual da ANPOCS, um profissional de cada área é escolhido pela Diretoria da Associação para conversar com os participantes do evento. Além da professora Jane Beltrão, da área de Antropologia, serão homenageados o professor Fernando Limongi (FGV-SP/USP), da Ciência Política, e a professora Nadya Guimarães (USP), da Sociologia.
Sobre a escolha do seu nome, a professora Jane Beltrão comenta: “Fiquei demasiadamente honrada e feliz, não necessariamente por mim, mas por ser da Amazônia e ter o reconhecimento de meus pares. Meu trabalho é tecido no diálogo com colegas e discentes, dos quais muitos(as) orientandos(as) de dentro e fora da UFPA. Esta instituição que, como dizem as canções, ‘me deu régua e compasso’ (Gilberto Gil) e me permite dizer, todos os dias, que rio Guamá ‘é minha rua’ (Rui Barata). Aos que me acolheram(em), ‘aquele abraço’ virtual que tanto nos faz falta”.
Na “Conversa com o(a) autor(a), a professora Jane Beltrão será apresentada pelo professor Antônio Carlos, antropólogo do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (MN/UFRJ) e colaborador da homenageada em inúmeras iniciativas acadêmicas e institucionais. A mediação ficará a cargo da professora Rosani de Fátima Fernandes, da etnia Kaingang, que foi orientada pela professora Jane Beltrão no Mestrado em Direitos Humanos e no Doutorado em Antropologia, ambos pela UFPA, e hoje também é orientada pela docente em seu estágio de pós-doutoramento na Clínica de Direitos Humanos da Amazônia do Programa de Pós-Graduação em Direito (CIDHA/PPGD) da UFPA.
Para Rosani, a professora Jane é uma guerreira incansável na defesa dos povos indígenas, quilombolas e dos grupos etnicamente diferenciados na UFPA e na Amazônia. “A conheci em 2005, na Aldeia Gavião Kyikatêjê, e tive o privilégio de ser formada por ela em todo meu percurso da pós-graduação. Nossa relação extrapolou os limites da orientação, somos amigas e parceiras de militância, realizamos diversos projetos, publicações e atividades científicas que contribuíram no meu crescimento intelectual, político e acadêmico. O reconhecimento da ANPOCS é mais do que merecido, é a condecoração da excelência do seu trabalho e da sua imensurável sensibilidade e responsabilidade com os povos e com a Ciência feita na Amazônia”.
Docente da Universidade desde 1980, Jane Beltrão hoje é professora titular da Instituição, sendo fundadora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA) da UFPA. Graduou-se em História pela UFPA, é mestra em Antropologia pela Universidade de Brasília (UnB) e doutora em História pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atualmente, é pesquisadora 1B do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Já foi agraciada, em 2018, com a Medalha Roquete Pinto, da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), por suas contribuições à Antropologia brasileira.
Putira Sacuena, doutoranda da UFPA e importante liderança indígena na Instituição, destaca o papel da professora Jane na concepção e implementação de políticas afirmativas na UFPA: “As ações afirmativas são essenciais em nossas vidas enquanto povos Indígenas. Gosto de dizer que a UFPA é uma grande árvore de nossa ancestralidade e que nós somos os frutos dela, e isso são as ações afirmativas. Mas, para que a árvore dê frutos bons e especiais, precisa de muitas especificidades boas. Aí entra nossa querida professora Jane Beltrão. Ela é justamente a melhor especificidade que encontramos na grande árvore, que dialoga a interculturalidade, sabe exatamente a quantidade da água necessária para que essa grande árvore não seque e continue vigorada, sabe a quantidade da terra para que seja sustentada sua raiz e, melhor ainda, que a flor venha com o melhor perfume e um fruto magnífico. Estou falando da mulher branca que luta e defende, ou seja, a guardiã branca dos povos Indígenas na grande árvore que é a UFPA”.
O reitor da UFPA reitera a contribuição da pesquisadora para as políticas afirmativas na UFPA: “A homenagem à professora Jane Beltrão é motivo de muito orgulho para a nossa universidade. É um reconhecimento merecido por sua atuação acadêmica, produção intelectual e militância em defesa dos direitos dos povos tradicionais. Ela tem colaborado de forma decisiva para os avanços nas políticas afirmativas da UFPA ao longo dos anos, além de contribuir para a formação científica de várias gerações de estudantes, especialmente mestres e doutores indígenas”.
Texto: Divulgação
Arte grárfica: Divulgação ANPOCS
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