Encontro na UFPA discute as mudanças climáticas e os riscos para a sociobiodiversidade da Amazônia
Por meio de diversas expressões artísticas e de múltiplas vozes, o Encontro de Saberes Amazônia e Mudanças Climáticas, organizado pelo Fórum Social Pan-Amazônico, iniciou suas atividades nesta quarta-feira, 20 de outubro, denunciando as violências que põem em risco a sociobiodiversidade da Amazônia e conclamando todas e todos a defenderem este território de saberes.
Na abertura do evento, mães de santo saudaram a água, o fogo, o ar e a terra, elementos que serão orientadores dos círculos de debate do encontro, e abriram espaço para as manifestações que se seguiram. O reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho, foi o primeiro a se pronunciar, exaltando a importância do evento e o orgulho de a UFPA ser o território escolhido para este encontro e para o 10o Fórum Social Pan-Amazônico (Fospa), que ocorrerá em julho de 2022. Destacou também o papel da Universidade na luta por um projeto de desenvolvimento sustentável que valorize a diversidade de saberes e os povos que aqui habitam.
“A Universidade Federal do Pará está empenhada em contribuir com educação, ciência e tecnologia, para o desenvolvimento sustentável da região amazônica e em criar oportunidades para que todos os povos tenham acesso ao ensino superior. Temos buscado ocupar espaços para afirmar que a Amazônia não é um vazio demográfico, nem um vazio intelectual e científico, como muitos atores institucionais pensam ao formularem políticas públicas e projetos de desenvolvimento da Amazônia. O território da Amazônia é ocupado por nossos povos, com suas culturas e suas sabedorias. Nossas Universidades trabalham na fronteira do conhecimento. Dialogamos e cooperamos com a Ciência nacional e internacional, mas esperamos respeito recíproco e relações simétricas. Não podemos aceitar projetos na Amazônia que visem apenas gerar ativos ambientais e energéticos para o resto do país e para o mundo, deixando como rastros a violência, a pobreza, a fome e a exclusão. Lutamos, portanto, por um modelo de desenvolvimento com o protagonismo vivo dos povos da região”, enfatizou.
O vice-prefeito de Belém, Edilson Moura, representando o prefeito, Edmilson Rodrigues, reforçou a importância de as vozes amazônicas serem ouvidas para se pensar um projeto de desenvolvimento para a região. “Não dá para discutir Amazônia sem ouvir os povos tradicionais e os movimentos sociais que compõem esta região. Precisamos ouvir os homens e as mulheres da Amazônia, para estabelecermos um projeto de desenvolvimento de dentro para fora. E as Universidades têm um papel fundamental em todo esse debate, como centros de Ciência e de conhecimento”, pontuou.
Denunciando a devastação da floresta e a violência aos povos da Amazônia, o professor Luiz Arnaldo Campos, do Conselho Internacional do Fórum Social Pan-Amazônico, destacou: “Não é possível discutir o clima do mundo sem deter a devastação da floresta, sem deter a violência aos povos guardiães dessa riqueza. Precisamos construir um projeto de desenvolvimento nosso. O que nós queremos? Que caminho a Amazônia quer trilhar?”.
Encerrando as falas de abertura do evento, o procurador federal Felício Pontes, destacado defensor dos povos indígenas e tradicionais, enfatizou que as discussões no evento precisam chegar à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-26), que será realizada em Glasgow, na Escócia, a partir de 31 de outubro de 2021. “Se nós temos um consenso hoje, em termos mundiais, é de que as mudanças climáticas vieram para ficar e vão causar muitos danos sobre a humanidade. O que não temos consenso é de que esses efeitos foram causados pelo colonialismo, entre outras causas, que aniquilou o conhecimento dos povos e comunidades tradicionais que já estavam na América Latina antes dos colonizadores”.
O Balé Folclórico da Amazônia ainda se apresentou com muitos ritmos, movimentos, cores e tons, também saudando a água, o fogo, o ar e a terra. Pulsaram os sons das florestas e dos povos, com a força de um de seus maiores protetores, o Curupira, e a beleza da vitória-régia em sua forma humana, indígena.
Programação continua - A programação do Encontro de Saberes seguirá até o dia 23 de outubro. As atividades ocorrem de forma híbrida, com transmissão simultânea pelo Zoom e presencialmente no Centro de Eventos Benedito Nunes, no Campus da UFPA, no Guamá. O Encontro de Saberes é um espaço de troca de aprendizados tradicionais e científicos, que tem como protagonistas os detentores desses conhecimentos, bem como representantes de povos e movimentos sociais da Pan-Amazônia.
A programação conta com lideranças de povos tradicionais, movimentos sociais e pesquisadores. Na forma de círculos de debates, serão discutidos temas como: O Estado das Coisas - Perspectivas para a Humanidade; Mudanças Climáticas, Saúde e Soberania Alimentar; Mudanças Climáticas e Defesa dos Territórios; Mudanças Climáticas e Grandes Projetos; Mudanças Climáticas, Desmatamento, Destruição e Sociobiodiversidade; Financiamento das Resistências; Interculturalidade; Diálogo entre Amazônia e Povos do Mundo. Também haverá, ao longo da programação, várias intervenções culturais amazônidas.
Na conclusão do Encontro de Saberes Amazônia e Mudanças Climáticas, será elaborada uma Carta a ser enviada à COP-26.
Assista à Abertura do Encontro clicando aqui.
Serviço:
Encontro de Saberes Amazônia e Mudanças Climáticas
20 a 23 de setembro de 2021.
Local: Centro de Eventos Benedito Nunes - UFPA.
Acesse a programação.
Mais informações pelo site e pelo Instagram do evento.
Texto: Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Fotos: Alexandre de Moraes
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