Filme Marighella é sucesso de público em exibição gratuita na UFPA
A comunidade universitária e membros de movimentos sociais lotaram o auditório do Centro de Eventos Benedito Nunes da Universidade Federal do Pará na exibição do filme "Marighella" (2019), dirigido por Wagner Moura, na última segunda-feira, 6 de dezembro. O evento, que teve entrada franca, foi organizado pelo mandato da vereadora Lívia Duarte, pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), com o apoio da Prefeitura de Belém e da UFPA. Após a sessão, houve debate com a participação do ator Luiz Carlos Vasconcelos, que interpretou Joaquim Câmara Ferreira, guerrilheiro e melhor amigo de Carlos Marighella.
Comandando um grupo de jovens guerrilheiros, Marighella (Seu Jorge) tenta divulgar sua luta contra a ditadura para o povo brasileiro, mas a censura desacredita a revolução. Seu principal opositor é Lúcio (Bruno Gagliasso), policial que o rotula como inimigo público. O filme, adaptado da biografia Marighella: O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo, de Mário Magalhães, estrearia nos cinemas do país em 20 de novembro de 2019, Dia Nacional da Consciência Negra, mas foi adiado para 2020 devido a problemas com a Agência Nacional do Cinema. Com a pandemia de COVID-19, a exibição do filme foi novamente adiada pela Paris Filmes e Downtown Filmes, tendo o lançamento ocorrido apenas em 4 de novembro de 2021, data em que se completaram 52 anos da morte de Marighella.
Resistência - Em entrevista coletiva, o ator Luiz Carlos Vasconcelos disse que o filme, além de abordar o contexto sociopolítico da ditadura militar no Brasil, conta também histórias de amor, como entre Marighella e o amigo por ele interpretado, Marighella e o filho Carlinhos, entre outras relações pessoais e políticas do revolucionário. Segundo o ator, houve uma tentativa de impedimento de circulação do filme no país, mas, apesar disso, o filme ganhou o público no momento certo, representando também um ato político, “um bastião de resistência e luta”.
Sobre exibir o filme no contexto universitário, em Belém, Vasconcelos ressaltou a importância de referir-se ao roteiro como “aula de história”, uma lembrança do que ocorreu no país durante a ditadura para registrar a memória do que não deveria se repetir nunca mais. Luiz Carlos Vasconcelos juntou-se à plateia para assistir à sessão, na companhia do reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho, do prefeito municipal de Belém, Edmilson Rodrigues, e da vereadora Lívia Duarte. Em seguida ao filme, foi aplaudido de pé pelos presentes.
Antes da exibição do filme, os representantes do MAB e do MST realizaram uma mística sobre o período do regime militar no Brasil, resgatando os acontecimentos do golpe de 1964 e destacando a importância da mensagem de esperança que o filme traz em relação à luta em favor da democracia no país.
Marcas na história - O debate pós-sessão foi conduzido por Lívia Duarte e contou com a participação do prefeito Edmilson Rodrigues, do reitor Emmanuel Tourinho, do coordenador nacional do MAB, Yuri Paulino, da diretora nacional do MST, Jane Cabral, da coordenadora da Assessoria de Diversidade e Inclusão Social da UFPA, Zélia Amador de Deus, e da deputada estadual Marinor Brito.
Lívia agradeceu à produtora a oportunidade de exibição gratuita do filme, e à UFPA, “casa calorosa, onde se faz ciência e cada vez mais aberta para o povo”. Marinor Brito e Zélia Amador comentaram sobre Marighella ser um filme necessário à história do país, que traz a história de lutadores e lutadoras que vieram antes dos que vivem o momento presente e que reanimam a luta atual. Lívia Duarte lembrou, ainda, que o filme foi freado no Brasil, mas foi brindado em Cannes, o que revela também sua qualidade artística.
Edmilson Rodrigues destacou a importância das artes para a expressão do sentimento sociopolítico e cultural das pessoas ao longo do tempo e recordou a luta de muitos revolucionários que viveram histórias parecidas também no Pará, a exemplo de Quintino, a quem se referiu como o “lampião paraense”, do cônego Batista Campos e de tantos outros líderes cabanos. Para ele, a Cabanagem foi a “única experiência revolucionária em que o povo realmente governou”. Sobre o filme Marighella, ele definiu como um “instrumento pedagógico de conscientização da nossa juventude”.
Ao falar de arte e cultura, o prefeito aproveitou a ocasião para anunciar a criação de um teatro popular em Belém a ser sediado no Solar da Beira, casarão histórico localizado no complexo turístico do Ver-o-Peso, que levará o nome do teatrólogo Nazareno Tourinho.
Memória - O reitor Emmanuel Tourinho falou da emoção de ver o auditório da UFPA lotado e disse que a Instituição é uma casa do povo paraense e de todos que lutam por uma sociedade melhor. Segundo Tourinho, o filme Marighella toca a mente e o coração dos espectadores. “A mente porque nos fala da história do Brasil, do que temos feito como sociedade e dos desafios que temos para construir uma nação justa e democrática, e o coração porque emociona e traz esperança para os que lutam contra a barbárie, buscando escrever um novo capítulo da nossa história”.
Texto: Jéssica Souza - Ascom UFPA.
Fotos: Alexandre de Moraes - Ascom UFPA, Assessoria Vereadora Lívia Duarte e Acervo da UFPA
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