Projeto de pesquisa da UFPA debate inovação territorial no Quilombo do Igarapé Preto, em Oeiras do Pará
Com um investimento de 626.630,62, a Comissão de Regularização Fundiária da Universidade Federal do Pará (CRF-UFPA) e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica do Estado do Pará (Sectet) apresentarão, entre os dias 16 e 19 de junho, o Projeto de Pesquisa e Extensão Inovação Territorial para Jovens e Adultos na Associação dos Remanescentes de Quilombo de Igarapé Preto e Baixinha (Arqib), Oeiras do Pará, que fica a 344 km de Belém pela PA-151. A primeira atividade ocorrerá dia 16 de junho, às 15h, na sede da associação.
Segundo RenatodasNeves, pesquisador do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará (ITEC-UFPA) e coordenador da parceria, o diálogo com o reitor da Universidade Federal do Pará, EmmanuelTourinho, foi realizado em dezembro de 2021, revelando as dinâmicas temporais construtivas dos projetos de cooperação entre as instituições públicas, a sociedade civil e as comunidades. O objetivo do projeto é promover o desenvolvimento humano e social equitativo da comunidade quilombola, por meio das famílias que desenvolvem as suas práticas culturais agroalimentares e têm vocação para integrar uma rede de empreendedores interessados em escoar a produção agroalimentar como um modelo de negócio inovador, de base comunitária. “Um olhar de geração de emprego, renda e inovação territorial”, afirma.
Nestas ações, já compartilhadas com a presidente da Associação dos Remanescentes do Quilombo de Igarapé Preto e Baixinha, Marinilva Martins, serão realizadas atividades de pesquisa e extensão envolvendo mobilização institucional, técnica e comunitária para o desenvolvimento de estudos e diagnóstico socioambiental.
“Respeitando os saberes locais, trabalharemos para formar empreendedores, fortalecer desenvolvimento sustentável e reduzir índices de conflitos socioambientais. As oficinas de aprendizagem compartilharão conhecimentos sobre o empreendedorismo comunitário voltado à competitividade e à inovação dos negócios mediante a realidade territorial”, informa Renato das Neves.
Como vai funcionar - O projeto terá 12 meses de execução e está centralizado em três núcleos estratégicos com as suas equipes interdisciplinares. O Núcleo I, lnclusão produtiva e desenvolvimento local, promoverá a capacitação da comunidade, por meio da oferta de cursos ministrados pelas equipes sobre empreendedorismo sustentável e tradicional, uma vez que parcela da população depende dos programas sociais.
No Núcleo II, lnfraestrutura e qualidade de vida, serão ministrados os conhecimentos para projetar melhorias na infraestrutura física de moradias do quilombo para que a comunidade tenha acesso a novos saberes construtivos e preserve as suas tradições arquitetônicas e culturais, tais como ambientes, cômodos e estilos habitacionais. Este núcleo desenvolverá um estudo fundiário, social, cultural e ambiental da comunidade em duas frentes. A primeira consiste em um estudo fundiário e territorial, que resultará num laudo técnico a respeito do território. A segunda será a construção de uma Cartografia Social do Território Quilombola de lgarapé Preto. Os estudos preliminares identificaram divergências entre a área descrita no memorial descritivo, que corresponde ao total de 24.880 hectares, e área reconhecida pelo Instituto de Terra do Estado do Pará (Iterpa), que seria de 17.352,0206 hectares. Todas as etapas serão aprovadas pela comunidade.
“O foco é ouvir a comunidade, levantar as suas expectativas e, posteriormente, de forma coletiva, utilizar materiais compatíveis com as construções existentes, mas fornecendo as potencialidades para as instalações hidrossanitárias, elétricas, lógicas e de comunicações eficientes e sustentáveis”, explica Kelly Alvino, vice-coordenadora do projeto e integrante da CRF-UFPA.
Tecnologia - Já no Núcleo III, Tecnologia e lnformação, será desenvolvido um aplicativo e um suporte operacional on-line para a divulgação das ações do Projeto e dar visibilidade às potencialidades culturais, turísticas e ambientais do território. Para André Montenegro, professor do ITEC-UFPA e coordenador de Pesquisa e Tecnologia do Projeto, a inclusão digital e o processo de democratização do acesso às tecnologias da informação quebraram a verticalização da produção de conhecimentos e horizontalizaram a inserção da sociedade no compartilhamento de informações e saberes por meio das múltiplas mídias sociais nas palmas das mãos.
A parceria, segundo André, gerará conhecimentos multiculturais e o empoderamento entre as equipes da UFPA e a comunidade quilombola, além de promover melhorias na qualidade de vida no território. “Para a CRF-UFPA, é uma alegria imensa abrir mais uma porta de produção de conhecimentos voltados para o ensino, a pesquisa e a extensão para além das suas experiências históricas envolvendo a gestão patrimonial institucional, a regularização fundiária e a superação de conflitos socioambientais em várias cidades da Amazônia Legal”, finaliza Montenegro.
Texto: Kid Reis – Ascom CRF/UFPA
Fotos: Renato das Neves
Redes Sociais