CRF-UFPA levantará perfil social, fundiário, econômico, cultural e turístico do quilombo de Igarapé Preto, em Oeiras do Pará
A Comissão de Regularização Fundiária da Universidade Federal do Pará (CRF-UFPA), por meio de parceria com a Associação dos Remanescentes do Quilombo de Igarapé Preto e Baixinha (Arqib), em Oeiras do Pará, e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica do Estado do Pará (Sectet), realiza, entre 16 a 19 de junho, visita técnica ao território quilombola para iniciar os trabalhos que tem como objetivo realizar uma pesquisa de campo para traçar o perfil social, econômico, cultural, fundiário, ambiental e turístico do território na região do Baixo Tocantins, onde está sendo desenvolvido o Projeto Inovação Territorial para Jovens e Adultos da Comunidade Quilombola de Igarapé Preto. Os primeiros diálogos com a comunidade foram realizados antes do início da pandemia de covid-19.
Para Renato das Neves, professor e pesquisador do Instituto de Tecnologia (ITEC) da UFPA e coordenador da parceria, o projeto promove o desenvolvimento humano e social equitativo da comunidade quilombola, por meio das famílias que desenvolvem as suas práticas culturais agroalimentares e têm vocação para integrar uma rede de empreendedores interessados em escoar a produção agroalimentar local como um modelo de negócio inovador de base comunitária e com hospitalidade.
O pesquisador explica que no dia 16 de junho, quinta-feira, a partir das 15h, ocorrerá o detalhamento dos objetivos, metas, produtos a serem alcançados e as atividades a serem desenvolvidas no Projeto. O detalhamento envolve equipes interdisciplinares de diversas áreas das instituições parceiras que atuarão nos três núcleos estruturantes, que são os de lnclusão produtiva e o desenvolvimento local, lnfraestrutura e a qualidade de vida e Tecnologia e lnformação, esclarece Renato.
Na sexta-feira, 17, a partir das 9h, o professor doutor Oberdan Medeiros, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), fará palestra sobre o tema Território e Identidade Quilombola, que será voltada para jovens e adultos da comunidade e promove o intercâmbio de conhecimentos entre os participantes, além de reforçar o fortalecimento dos laços da ancestralidade africana e da identidade com o território.
Construindo diálogos entre a Universidade e os Territórios Tradicionais: derrubando velhas muralhas será o tema da segunda palestra que será proferida pelo professor doutor Eduardo Gomes. A palestra ocorrerá às 14h, da sexta-feira, e mostrará à comunidade que a Universidade Pública, especialmente a Universidade Federal do Pará, tem se esforçado na construção de diálogos com os territórios tradicionais, em especial, com os territórios quilombolas, através da execução de projetos de extensão, políticas institucionais de acesso à universidade e pesquisas cientificas para desconstruir estigmas e preconceitos estruturais e reconstruir, coletivamente, um novo olhar de cidadania no território.
A partir das 18h, será realizada a apresentação Grupo de Dança Samba de Cacete, uma manifestação cultural preservada pela comunidade do Baixo Rio Tocantins e que envolve música, canto e dança com elementos dos batuques afro-brasileiros. O nome está relacionado ao uso de pequenos pedaços de cacetes de madeira utilizados pelos moradores da comunidade para bater no curimbó visando fazer a marcação e o contratempo durante a manifestação cultural. A atividade será um momento de integração cultural entre os jovens e adultos da comunidade e a equipe da CRF-UFPA, que é composta por professores, discentes, pesquisadores e estagiários. A atividade ocorrerá na sede social da Associação.
Integração - Conforme Kelly Alvino, vice-coordenadora do Projeto, no sábado, 18 de junho, pela parte da manhã, coordenadores e bolsistas realizarão a pesquisa de campo para coletar em formulário impresso o perfil social, econômico, cultural, ambiental e turístico da Comunidade de Igarapé Preto. Os dados levantados serão sistematizados e terão a função estratégica de embasar as etapas subsequentes do projeto no território. Pela parte da tarde, as lideranças quilombolas apresentam para as equipes da CRF-UFPA as diversas áreas do quilombo, as suas belezas naturais e a realidade habitacional, fundiária, cultural, sanitária e ambiental, entre outras características estruturantes do território.
Haverá, ainda, pela parte da tarde, uma Roda de Conversa denominada "Memórias resistentes" para resgatar o pensar étnico do território quilombola através das narrativas orais das lideranças mais antigas. Estas informações servirão de fontes de pesquisas e estudos para preservar a identidade da comunidade, assim como para transmiti-las para as novas e as futuras gerações. A visita técnica ao território terminará às 18h com uma interação entre os parcipantes, quando as equipes da CRF-UFPA retornarão para Belém visando sistematizar os dados coletados em campo para dar continuidade ao projeto.
Texto: Kid Reis - Ascom CRF-UFPA
Foto: Renato das Neves
Redes Sociais