Projeto da UFPA utiliza personagens lúdicos e regionais para desenvolver o ensino de Química para estudantes da Educação Básica
Como aproximar o Ensino de Química da realidade de estudantes paraenses que precisam de auxílio para o seu aprendizado? O Projeto de Extensão LudQuí, da Faculdade de Química do Campus Universitário de Ananindeua, tem trabalhado na produção materiais com foco em personagens de filmes/desenhos animados e lendas regionais para facilitar o aprendizado de estudantes da Educação Básica que estão hospitalizados para tratamento de saúde e, por isso, não podem frequentar a escola regular. A ação é desenvolvida na Classe Hospitalar, realizada em parceria com a Coordenadoria de Educação Especial da Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc/Pa).
Para desenvolver os materiais, as estudantes do Curso de Licenciatura em Química da UFPA, que integram o projeto, acompanham professores da Seduc e participam das aulas e da produção de materiais didáticos adaptados ao contexto dos estudantes em atendimento. . Personagens de filmes, desenhos e lendas compõem os materiais em associação com a Ciência Química e ilustram as principais ideias nos mapas conceituais que proporcionam a realização de exercícios para fixação das informações. Uma das produções, que teve o açaí como a temática central, valorizando a cultura amazônica, culminou na temática Alimentação, desenvolvida pela Classe Hospitalar.
“A classe hospitalar vem me inspirando a cada dia sobre um novo olhar para a forma em que é transferido o conhecimento técnico de ciências, principalmente com elementos de nossa região paraense. A produção do livreto é muito trabalhosa, mas quando você olha o material impresso, sente orgulho e faz sua dedicação ser motivacional. Foi emocionante ensinar ciências contando um pouco da história de um fruto tão importante para nossa região amazônica”, afirma Wanessa Leite, graduanda de Licenciatura em Química e estagiária da Classe Hospitalar, autora do primeiro material didático produzido pelo grupo “Lenda do Açaí: contextualização da composição química e nutricional desse fruto”.
No livreto, a “Lenda do Açaí", os hábitos alimentares são abordados e associados ao consumo do açaí no Pará e em outros estados, fazendo o uso de experimentos simples sobre misturas e jogos para associação/fixação de conteúdo. Além do conjunto de ações associadas para a abordagem lúdica da sequência didática, os estudantes recebem um material didático (livreto) com informações textuais, ilustrativas e perguntas sobre o assunto discutido.
Coordenadora da ação, a professora Janes Kened ressalta a importância dessa formação para os professores de química desenvolverem práticas de ensino fora do ambiente escolar, sendo uma forma de compromisso social potencializado pelo papel que a universidade tem na sociedade.
“Levamos conhecimento para quem está lutando pela recuperação nas primeiras décadas de vida. Proporcionar momentos de aprendizagem divertida e contextualizada é o combustível de nossas ações. Não é fácil observar a dor e o processo de quimioterapia, mas ver a felicidade dos estudantes com essas propostas didáticas lúdicas, transcende o status de paciente hospitalar. É um ânimo para lutar pelos sonhos de uma vida que passa pela educação como esperança e inspiração. Tenho convicção que a experiência também é transformadora para nossos estagiários possibilitando uma formação profissional dinâmica, criativa e humanizada ”, pontua.
Didática com viés amazônico - Dentre as diversas atividades lúdicas pensadas e desenvolvidas pela equipe do projeto, estão o jogo “Compondo o Açaí”, onde os alunos precisavam acertar qual elemento se faz presente no fruto; o jogo “Memória dos Alimentos Nutricionais”, que desafia a organizar os alimentos nutricionais de acordo com o seu elemento químico; e a atividade “Perguntados do Açaí”, na qual o jogador percorre um caminho no tabuleiro reciclável de acordo com os acertos de perguntas sobre o este fruto da Amazônia.
“O uso dessas metodologias investigativas com viés amazônico é muito inspirador não só para os alunos, que também compartilham seus conhecimentos e vivências, mas para nós educadores que somos desafiados a associar os saberes técnicos com o saber do aluno”, aponta Ester Gomes, estagiária do LudQuí.
Há, ainda, o experimento “Indicador de Ácidos e Bases a partir da Polpa do Açaí”, no qual a estudante de Licenciatura em Química Geane Souza explica aos alunos sobre substâncias ácidas e apresentou exemplos de frutas cítricas.
“Essa atividade é uma excelente alternativa para proporcionar uma demonstração de como o açaí pode ser utilizado na química, pois permite que o aluno adquira conhecimentos por meio de matérias-primas. Além disso, vivenciar essa experiência é algo marcante para minha vida acadêmica, pois presenciei um contexto educacional totalmente diferente do estágio supervisionado realizado nas escolas”, comenta Geane Souza.
Segundo a estudante Evani Damasceno, esse tipo de experiência pedagógica “proporciona conhecimento para além dos fatores nutricionais presentes no açaí, mas, também, como ensinar ciências de uma maneira fácil e lúdica”. “Sem dúvidas é uma experiência única que marcará minha trajetória”, finaliza a estagiária.
Atualmente, o projeto tem 15 livretos, materiais com orientação supervisionada pela coordenadora do LudQuí e produzidos pelas discentes Carina Oliveira e Nayara Santana. “A produção gráfica dos livretos me ajudou a utilizar ferramentas de edição e dominar recursos inéditos para mim. Adquiri habilidades técnicas que poderei usar na produção dos meus materiais didáticos. Esse projeto de extensão fez diferença inventiva na minha formação docente ”, pontua Carina.
Texto e fotos: Divulgação LudQui
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