Estudantes da UFPA ganham premiação nacional de jornalismo com a produção do documentário “Vozes Amazônidas: Barcarena Resiste”

Com a intenção de dar visibilidade aos descasos ambientais causados por mineradoras no município de Barcarena, os alunos do curso de Comunicação Social - Jornalismo, da Universidade Federal do Pará, Ana Vitória Gouvêa, Jambu Freitas e Leandra Souza, orientados pela professora Célia Amorim, produziram o documentário intitulado “Vozes Amazônidas: Barcarena Resiste”. Com a criação dessa peça jornalística, os jovens receberam o “Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão (PJJFPJ)”, realizado pelo Instituto Vladimir Herzog, no início desta semana, na cidade de São Paulo. 

O prêmio contemplou quatro pautas de trabalhos, entre as 120 propostas enviadas de todo o Brasil, com base na temática “Os gritos que o mundo dá e que o jornalismo precisa ouvir”. O objetivo era escolher propostas que expressassem problemáticas atuais da sociedade, como os desdobramentos da emergência climática, da pandemia e dos ataques à democracia. Dos quatro trabalhos selecionados, o documentário “Vozes Amazônidas: Barcarena Resiste” foi o único representante da Região Norte. 

“Eu acho que a Região Norte e a região amazônica são muito distantes do jornalismo produzido na Região Sul. Então, poder participar dessa premiação e mostrar para o Brasil o que acontece aqui é engrandecedor. Trabalhar com televisão acaba nos viciando em certos assuntos e certos formatos da criação de videotape, então pensar isso de maneira ampliada e mais humanizada que o jornalismo cotidiano mostra que se tem muito mais o que falar para além do formato fechado personagem/dados/especialista. Isso muda a minha perspectiva dentro do fazer jornalístico e a minha perspectiva como jornalista”, afirma a aluna da UFPA Ana Vitória Gouvêa.

Além da reportagem dos estudantes da UFPA, as outras três produções premiadas foram: “A terra que grita por vida”, da estudante Bruna Santos, da Universidade Federal do Cariri (UFCA); “Da lama ao caos: a dor que não tem nome – mas tem cor - e a tragédia anunciada das mudanças climáticas em Pernambuco”, dos estudantes Carina Lins, Paulo Mota e Gabriela Andrade, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ; e o “Cultivo Nocivo – trabalhadores rurais da Região Centro-Sul do Paraná sofrem com intoxicações por agrotóxicos que se refletem em urgência na saúde pública”, dos estudantes Mayala Fernandes, Lucas Lima e Izabela Morvan, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). As produções tiveram cerca de três meses para a execução do projeto e contaram com o apoio financeiro do Instituto Vladimir Herzog no valor de R$ 1.500 (mil e quinhentos reais) para o desenvolvimento de seus produtos.

Para a professora Célia Amorim, que orientou a equipe da UFPA na execução da reportagem, o papel do Instituto Vladimir Herzog e da universidade pública é importante para garantir a formação de novas gerações de jornalistas. “Este ano, a 14ª edição do prêmio contou com quatro produções jornalísticas que revelaram o desprezo e os ataques à Mãe Terra e aos povos que nela habitam, fundamentalmente os mais vulneráveis e oprimidos, pela atual gestão do país e pelas grandes empresas globais, mas também apontaram muita resistência e outros caminhos possíveis para um mundo de direitos para todos e todas”, afirma a professora. 

Vozes Amazônidas: Barcarena Resiste - A produção “Vozes Amazônidas: Barcarena Resiste”, dos alunos de Jornalismo da UFPA, retrata as constantes contaminações causadas, principalmente, pelos projetos de mineração e exportação presentes na região de Barcarena, no Pará. A reportagem apresenta entrevistas com moradores da região para abordar as inseguranças de quem habita um local que sofre com os impactos da exploração e dos desastres ambientais e levanta o debate sobre as possibilidades de futuro que esses moradores enxergam para o seu município.

Para a produção da reportagem, os estudantes viajaram para Barcarena para realizar a coleta de entrevistas dos moradores e a captação de imagens do local que seria destaque na obra audiovisual. O documentário também conta com  entrevistas de especialistas e autoridades que estudam e analisam os problemas enfrentados pelos moradores da área. “Acredito que nossa maior dificuldade foi com as fontes, foi achar pessoas dispostas a falar sobre os problemas de uma região, tendo consciência de que estamos mexendo com empresas multinacionais muito poderosas e questões que envolvem a exploração da terra”, comenta o estudante Jambu Freitas. 

Mas, segundo Jambu,  o trabalho foi recompensado,  porque permitiu o alcance de um reconhecimento tanto profissional quanto acadêmico não só para a equipe, mas também para quem contribuiu com a construção do trabalho. “A produção deste projeto proporciona um peso ao nosso currículo, é claro. Mas, acima de tudo, dá visibilidade a pessoas da nossa região que, por vezes, são invisibilizadas em outras plataformas de jornalismo. São causas por que lutamos juntos, pela vida e história das pessoas da região de Barcarena, como residentes da região amazônica e de um planeta que sofre com o abuso de seus recursos naturais”, destaca o estudante. 

Além da orientação da professora da Faculdade de Comunicação da UFPA Célia Amorim, os estudantes premiados também contaram com o apoio do estudante de Jornalismo Bruno Roberto, na edição da imagem e do som do documentário; do estudante de Publicidade e Propaganda Felipe Gomes, pela criação da identidade visual apresentada; e do mentor Paulo Oliveira, indicado pela organização do evento. 

Prêmio Jovem Jornalista - O Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, do Instituto Vladimir Herzog, carrega a luta de Vladimir Herzog (Vlado) e de Fernando Pacheco pela defesa dos direitos humanos e da liberdade de expressão, incentivando jornalistas ainda em formação a pensarem suas produções de maneira mais humanizada, com atenção às necessidades daqueles que têm suas vozes silenciadas.

Texto: Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Foto: Alice Vergueiro - Instituto Vladimir Herzog e Arquivo pessoal