Professoras(es) da UFPA são homenageados por suas atuações na promoção dos direitos humanos no estado

Para o desenvolvimento de uma sociedade igualitária, é importante a atuação dos diferentes agentes sociais em projetos e ações voltadas à garantia dos direitos humanos. Em reconhecimento a essas iniciativas, a Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) condecorou as(os) professoras(es) Ana Cláudia Pinho, Ana Cleide Moreira, Emmanuel Zagury Tourinho – reitor da UFPA -, Eunice Guedes, Flávia Lemos, Genylton Rocha, Leandro Passarinho, Manoel Ribeiro Júnior, Milene Veloso e Socorro Coelho com a Medalha de Direitos Humanos “Paulo Frota”. A premiação homenageia instituições, representantes da sociedade civil e personalidades que tiveram uma atuação significativa na promoção e defesa dos direitos humanos no Pará.

A professora Ana Cláudia Pinho, do Instituto de Ciências Jurídicas, discursou em nome de todas(os) as(os) homenageadas(os): "É um reconhecimento importante e eu gosto de lembrar da trajetória do juiz Paulo Frota, que foi um magistrado a frente do seu tempo e que empresta seu nome a essa homenagem sensacional da Assembleia Legislativa e que fez tanto pelos direitos das pessoas que mais precisavam, sobretudo na área da infância e juventude".

O professor Genylton Rocha é docente do Núcleo Estudos Transdisciplinares em Educação Básica, a professora Socorro Coelho é docente do Instituto de Ciências da Educação, o professor Manoel Ribeiro Júnior é professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia, o professor Emmanuel Tourinho, atual reitor da UFPA, é docente do Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento, e as(os) demais premiadas(os) são professoras(es) do curso de Psicologia da UFPA, onde atuam na defesa dos direitos humanos com foco na Amazônia, considerando as especificidades da região e as problemáticas que atingem a população que ocupa esse território.

Segundo a professora Flávia Lemos, uma das docentes condecoradas com a medalha, desde o início de sua atuação como docente na Instituição, a sua luta foi pautada por participações em movimentos sociais direcionados à defesa e garantia dos direitos na sociedade amazônida, tais como direitos da criança e do adolescente, direitos das mulheres e do meio ambiente.

“Eu venho participando ativamente de fóruns, de espaços de reivindicação de direitos, da luta pela implementação dos direitos já conquistados e pelo controle social da política pública em termos de avaliação. Além de ter integrado a Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia de 2017 a 2019, que me permitiu levar as temáticas da Amazônia em todas as interfaces dos direitos humanos: meio ambiente, ecologia política, vulnerabilidade dos povos tradicionais e situações específicas da região em relação aos grandes projetos de corporações internacionais que ocupam a Amazônia em termos de expropriação da biodiversidade”, declara Flávia Lemos.  

Para a professora Milene Veloso, outra homenageada com a medalha, ter o reconhecimento de seu trabalho é uma forma de proporcionar “visibilidade ao problema da violência contra crianças e adolescentes no Pará”. A professora estuda, desde 2011, sobre a problemática no estado e atua, intensivamente, na formação de profissionais que compõem a rede de proteção desse grupo vulnerável.

“Foi uma honra receber essa medalha, pois representa que nosso trabalho deve ser continuado, em especial por fazer parte de um grupo de profissionais que também atuam na luta pelos direitos humanos. Além disso, essa medalha é uma grande homenagem ao juiz Paulo Frota, que foi um dos maiores defensores dos direitos humanos de crianças e adolescentes”, ressalta Milene Veloso.

Direitos Humanos - A pandemia deixou muitas sequelas físicas e emocionais em grande parte da população de uma maneira que provocou o desamparo psicossocial de muitas pessoas por conta do distanciamento. Vários projetos foram criados para sanar ou diminuir os impactos do período, que afetou a saúde integral de populações vulneráveis. Um deles foi coordenado por um coletivo de professores do Programa de Pós-Graduação em Psicologia, convocado pelo professor Leandro Passarinho, que teve a iniciativa de propor para os colegas uma ação imediata, ainda em março de 2020, quando decidiu-se planejar e executar o projeto de criação da Clínica Psicológica Virtual da UFPA. Esta, que funcionou por dezoito meses durante o período de isolamento social, atendeu, gratuitamente, cerca de 1.250 usuários(as), sendo 1.083 usuários(as) da população em geral e 167 estudantes indígenas e quilombolas da UFPA e suas comunidades, e foi uma ação que se somou ao projeto extensionista da professora doutoranda Eunice Guedes, que também recebeu a comenda Paulo Frota. Outra pesquisadora que participou da coordenação da Clínica e foi contemplada com a honraria foi a professora Ana Cleide

Leandro Passarinho assegura que essa medalha mostra que o seu trabalho está no “caminho certo”. “Como Psicólogo sei do tamanho da contribuição que podemos dar na vida das pessoas que mais necessitam de atenção e dignidade humana”, completa o professor.

Eunice Guedes, que coordena, há oito anos, o projeto de extensão “Saúde, Cidadania e Direitos Humanos: atendimento a comunidades e estudantes indígenas e quilombolas”, declarou: “Muito nos honra essa Comenda, não por ter sido destinada individualmente, mas pelo trabalho e reconhecimento da importância da instituição universitária e dos seus membros estarem envolvidos em um projeto para a garantia dos direitos humanos“. E complementou: “Dedico essa Comenda a todos os povos e pessoas que são vulnerabilizadas e invisíveis no dia a dia há até bem pouco tempo na sociedade brasileira”.

Ser homenageada por uma cerimônia que lembra empenho para a manutenção e garantia dos direitos humanos é um feito grandioso, algo que a professora Ana Cleide Moreira, também agraciada, identifica como “uma honra”. “É o reconhecimento do meu trabalho como professora e educadora há 40 anos. Eu dediquei a minha vida ao ensino, à pesquisa e à prestação do serviço público à universidade. Após décadas de trabalho sigo comprometida com a coletividade e isso inclui a defesa dos direitos humanos como valor inalienável. A Psicologia brasileira tem como eixo a defesa dos direitos humanos, prevista, inclusive, em nosso Código de Ética. Compreendo o serviço público como o lugar de servir a coletividade, ou seja, a sociedade brasileira, que foi quem permitiu a minha formação universitária na UFPA, onde entrei como estudante em 1977. Hoje aposentada, continuo dedicada, voluntariamente, ao trabalho universitário na pós-graduação”, declara a homenageada.

O professor Emmanuel Tourinho, atual reitor da UFPA, representado pelo vice-reitor Gilmar Pereira da Silva na cerimônia, ficou honrado com o reconhecimento do seu trabalho e congratulou os colegas também premiados. “Esta premiação reconhece que nosso trabalho na UFPA, como pesquisadores e gestores, contribui com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, em que todas as pessoas tenham oportunidades e possam viver uma vida digna, com seus direitos respeitados. É uma grande honra ter esse reconhecimento ao lado de colegas de universidade que compartilham esses valores e compromissos”, declara.

Comenda Paulo Frota - A cerimônia celebra o Dia Internacional dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, e ainda faz uma homenagem à luta e esforços do juiz Paulo Frota, forte defensor do Estatuto da Criança e do Adolescente, além de membro da Comissão Judiciária de Adoção Internacional, presidente da Associação de Apoio à Pastoral da Criança e vice-presidente da Associação Brasileira de Magistrados e Promotores de Justiça da Infância e da Juventude. Em 1995, recebeu o Prêmio Criança e Paz, outorgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), e deixou contribuições como o “Guia do Adolescente Internado”, obra adotada no Centro de Internação e Tratamento para Adolescentes no Pará. No total, 77 pessoas e instituições foram agraciadas com a Comenda Paulo Frota em 2022.

Texto: Leandra Souza - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA, com informações da AID/Alepa.
Fotos: Celso Lobo - AID/Alepa.