Projeto de Extensão realiza ações educativas voltadas para a preservação da cultura paraense

Em seus 60 anos, a UFPA sempre esteve comprometida em produzir conhecimento, especialmente sobre a nossa realidade paraense. Hoje, suas produções e projetos acadêmicos, desenvolvidos em seus 12 campi, são referência na educação superior da Região Norte e amazônica. Uma dessas iniciativas, voltada para a difusão da cultura paraense, é o Projeto de Extensão “Pisei na tua areia, Ilha de Marajó: cantos e encantos do carimbó Tambores do Pacoval para a Educação”, desenvolvido no Campus Soure da UFPA para o estudo, a preservação e a divulgação do carimbó, considerado patrimônio imaterial do Pará.

Iniciado em março deste ano, por meio do Edital “IV Prêmio PROEX de Arte e Cultura – Categoria Culturas Populares”, o projeto tem ações voltadas para a produção de uma cartilha educativa que relacione carimbó e conhecimentos ecológicos tradicionais para a educação ambiental no território marajoara. Para desenvolver essa cartilha, o projeto terá como base a promoção de três aulas-espetáculo com um dos principais cantores e compositores de carimbó da região do Marajó, o Mestre Dikinho, além de entrevistas com integrantes do Grupo Tambores do Pacoval, a fim de coletar um material histórico, com base em memórias e vivências da população, sobre a cultura paraense. 

“Nós sabemos que, em todo o Brasil, memória e patrimônio são fundamentais para as expressões das culturas populares e possuem vínculos profundos com os diferentes processos educativos, sejam eles escolarizados ou não. Aqui, no Pará, o carimbó, como forma de expressão da cultura popular, que é o nosso objeto de estudo, é marcado por conhecimentos ecológicos tradicionais que retratam o cotidiano das pessoas, a exemplo das festas de santo, as atividades de pesca, a vivência nos rios e igarapés, o trabalho dos vaqueiros, para citar alguns exemplos. E, quando se trata de um estudo territorial, é importante considerar a transversalidade que o tema aborda, como questões de memória local, patrimônios, identidade e ciência, e é exatamente isso que nós trabalhamos“, explica o professor Nivaldo Léo Neto, um dos coordenadores do projeto.

Papel educativo - Além da produção de conteúdo com foco no registro e na valorização cultural dos movimentos realizados no Marajó, as atividades do projeto também contam com a divulgação de conteúdos educativos sobre as temáticas abordadas durante a pesquisa e produção do material, para serem divulgados nas redes sociais, reforçando uma importante função da Universidade, na mediação e no reconhecimento de saberes que, historicamente, sofreram com as estratégias da colonização e do racismo. 

De acordo com Nivaldo Léo Neto, desenvolver processos educativos contextualizados aos territórios é uma forma de reparação social, que proporciona uma educação intercultural e auxilia na formação pessoal mais sensível à diversidade cultural e étnico-racial, um dos  mecanismos iniciais básicos para a preservação do patrimônio imaterial da Constituição Federal e dos planos educacionais da Ilha do Marajó, onde o projeto é realizado.

"A necessidade de inserir as manifestações da cultura popular nos estabelecimentos de ensino está prevista no Plano Municipal de Educação de Soure e no Plano de Manejo da Reserva Extrativista Marinha de Soure. Isso nos demonstra a importância de lidar com o carimbó como uma perspectiva de Educação Ambiental Crítica, formando as pessoas para estarem sensíveis à diversidade cultural”, comenta o professor.

O projeto possui a coordenação compartilhada do professor Nivaldo Léo Neto (FACBIO-Soure), da professora Cilene Rohr (ILC-Belém) e da produtora cultural Cilene Oliveira (Ampac). O projeto também se integra ao Programa de Extensão “Mbarayo: Encontro de Saberes” e ao Projeto de Pesquisa: “Culturas, Ciências e Educação na Ilha do Marajó: caminhos para uma Educação Intercultural”, ambos coordenados pelo professor Nivaldo Léo Neto. 

Como participar -  A participação nas aulas-espetáculo ocorre mediante inscrição em formulário divulgado nas redes sociais e as atividades ocorrem na cidade de Soure, na Ilha do Marajó. A primeira aula-espetáculo do projeto foi realizada no dia 8 de abril. A atividade ocorreu na Associação dos Moradores do Bairro do Pacoval (Ampac) e contou com a participação de 40 pessoas, entre participantes não vinculados à UFPA, discentes dos cursos de Licenciatura em Letras e Biologia do Campus Marajó-Soure, equipe técnica e integrantes do Tambores do Pacoval. A próxima aula-espetáculo está prevista para ocorrer no mês de maio.

Mais informações podem ser acessadas no instagram, ou nos e-mails Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. e Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

Tambores do Pacocal - O conjunto de carimbó Tambores do Pacoval é uma iniciativa da Ampac (Associação dos Moradores do Bairro Pacoval). Fundado em novembro de 2009, vem cumprindo a missão de valorizar os mestres da cultura popular de Soure, fortalecer a transmissão da cultura às novas gerações e promover a identidade marajoara por meio das ações culturais, educativas e de sustentabilidade na comunidade. No ano de 2022, o grupo grava mais um CD e disponibiliza-o gratuitamente para escuta, pela plataformas digitais.

Texto: Isabelly Risuenho - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Foto: Divulgação Projeto