Seminário apresenta resultados de pesquisa sobre o papel da universidade diante das alterações climáticas
Os impactos gerados pelo aquecimento global já são uma realidade e acendem um alerta vermelho para a urgência de se pensar meios de conter as alterações climáticas causadas. E qual será o papel da universidade nesse contexto? Esse é o tema que será discutido no Seminário Climate-U, evento realizado nos Campi Guamá e Cametá da UFPA e na Ilha do Capim, em Abaetetuba, nos dias 16 e 17 de junho. A ação tem como objetivo divulgar os resultados da “Pesquisa Ação Participativa sobre a Relação da Universidade com as Mudanças Climáticas”, desenvolvida no estado do Pará por pesquisadores de diferentes países que integram a Rede Climate-U.
A Rede Internacional Climate-U foi criada em 2020, com o objetivo de propor atuar em ações e pesquisas de enfrentamento das mudanças climáticas junto de universidades de diversos países, como: Brasil, Fiji, Moçambique, Quênia, Jamaica, Marrocos, Índia e Tanzânia. As universidades foram escolhidas para o desenvolvimento do estudo perante o importante papel do tripé ensino, pesquisa e extensão, que se desenvolve para além da pesquisa sobre as causas e consequências das mudanças climáticas, envolvendo também processos educativos e engajamento da sociedade sobre a questão.
“As universidades têm um potencial extraordinário para contribuir para o desenvolvimento sustentável e pautar a raiz das causas das mudanças climáticas, mas essa contribuição não é garantida e requer uma compreensão mais abrangente da instituição e de suas complexas interações com a sociedade. É isso que constitui o foco do nosso estudo”, informa Tristan McCowan, da University College London (UCL), que coordena a Rede Climate-U. No Brasil, foram escolhidas cinco universidades, em seus respectivos territórios de influência, para participarem do projeto: Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), na Amazônia; Universidade de Passo Fundo (UPF) e Universidade Federal do Paraná (UFPR), na Região Sul; e Universidade Federal de São Paulo (USP), na Região Sudeste.
Nesta etapa, a pesquisa já identificou inúmeros impactos dos projetos de exploração das riquezas da natureza realizados dentro da Amazônia Legal, como a modificação da paisagem, com o desmatamento para a produção de monoculturas e com a implantação de barragens ou empreendimentos ligados à mineração. Essas iniciativas alteram os meios de vida das comunidades tradicionais, quilombolas, camponeses, ribeirinhos e comunidades extrativistas, além de contribuírem para as alterações climáticas e seus impactos, que afetam principalmente os grupos economicamente vulneráveis.
Climate-U no Pará - No Pará, as atividades da Rede iniciaram por meio de uma Pesquisa Ação Participativa, que envolveu discentes e docentes da UFPA, dos Campi Guamá e Cametá; do IFPA, Campus Castanhal; além de lideranças de movimentos sociais e comunidades tradicionais, indígenas, ribeirinhas, camponeses, extrativistas e quilombolas do estado. A ação almeja a criação de Coletivos de Governança Territorial (Cogter), formados por representantes das comunidades locais e de organizações governamentais ou sociais, em parceria com a Universidade, de forma que possam promover medidas de caráter sustentável nos empreendimentos presentes nos territórios, bem como em novos projetos.
Até o momento, a Rede Climate-U apresenta três iniciativas no estado, que são: o Cogter da Amazônia Tocantina, que envolve os municípios de Cametá, Baião, Mocajuba, Oeiras do Pará, Limoeiro do Ajuru e Igarapé Miri, localizados nas proximidades do Rio Tocantins; o Cogter Inter-étnico dos Anambé e dos Quilombolas do Moju, que inclui a Comunidade Quilombola de São Sebastião e o Território Indígena Anambé; e a pesquisa “Empreendimentos Hidroviários no Rio Tocantins, Impactos Ambientais e Violação de Direitos Humanos: Estudo de Caso com os Povos e Comunidades Tradicionais da Ilha do Capim, no Estado do Pará”, que investiga as implicações dos empreendimentos hidroviários no Rio Tocantins.
”Nossa expectativa com a criação dos Coletivos de Governança do Território (Cogter) é reunir lideranças de comunidades locais, engajando-as em diálogo entre si e com professores e estudantes da Universidade, com a intenção de empoderá-los na defesa de suas comunidades e territórios, com a construção de estratégias coletivas, capazes de enfrentar os impactos ambientais e exigir medidas de caráter sustentável dos empreendimentos já existentes em seus territórios e dos poderes públicos”, afirma Salomão Hage, coordenador da Rede Climate-U no estado do Pará.
Seminário Climate-U - O seminário será realizado em três etapas. A primeira etapa ocorre no dia 16 de junho, das 8h30 às 12h, no auditório do Bloco B do Instituto de Ciências da Educação (ICED/UFPA), Campus Guamá. A segunda etapa será realizada no auditório do Campus Cametá da UFPA, também no dia 16 de junho, das 19h às 10h30, e no dia 17 de junho, das 8h30 às 12h. Já a terceira etapa do evento terá como sede a Comunidade da Ilha do Capim, em Abaetetuba, no dia 17 de junho, das 15h às 17h.
O evento tem como público-alvo os docentes de graduação e pós-graduação, pesquisadores de todas as áreas de conhecimento, gestores de instituições de ensino, agentes e defensores socioambientais, pessoas de comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas, e sociedade geral que tenha interesse no desenvolvimento sustentável e justiça climática na Amazônia. Para participar é necessário realizar a inscrição gratuitamente através da página do evento.
“Esperamos contribuir com o fortalecimento do papel e intervenção que a Universidade tem protagonizado com a justiça climática, seja em nível local, nacional ou global. Também se espera um maior engajamento da Universidade com o envolvimento e compromisso de estudantes e professores com os impactos ambientais e a justiça climáticas em seus territórios e o fomento de projetos de extensão sobre a justiça climática”, conta o coordenador Salomão Hage.
Durante o seminário serão apresentados vídeos produzidos com os resultados da Pesquisa Ação Participativa, desenvolvida nos territórios de comunidades tradicionais e camponesas que participaram do estudo e que enfrentam os impactos das alterações climáticas. A formação dos participantes para pensar a intervenção na realidade desses territórios, também será pauta de discussão no Seminário da Rede Climate-U no Estado do Pará.
Serviço:
Seminário Climate-U 2023
Data: 16 e 17 de junho de 2023.
Inscrições gratuitas até o dia do evento, via página de inscrição.
Saiba mais sobre os projetos desenvolvidos pela Rede Climate-U aqui.
Texto: Jambu Freitas - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Foto: Reprodução Climate-U
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