Universidades federais do Pará vão receber o IV Encontro Nacional de Estudantes Kilombolas
Nesta quinta-feira, 3 de agosto, terá início o IV Encontro Nacional de Estudantes Kilombolas, um amplo e coletivo espaço de debate entres os estudantes quilombolas das universidades federais, estaduais e dos institutos federais de todo o país, a fim de discutir pautas relacionadas à realidade dos quilombolas no Brasil, dentro e fora do ambiente acadêmico. Organizado em conjunto pela Universidade Federal do Pará, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará e Universidade Federal do Oeste do Pará, é a primeira vez que o evento ocorre no Pará. As inscrições podem ser realizadas no site do Eneki.
Com o tema “Amazônia Quilombola: Rios de vozes que ecoam resistência”, a iniciativa vai proporcionar um ambiente de troca de experiências, conhecimentos e vivências além do âmbito acadêmico, promovendo discussões sobre as questões relacionadas às realidades quilombolas e aos desafios enfrentados por estudantes quilombolas no ensino superior. Além disso, o encontro pretende fortalecer a identidade quilombola e valorizar a cultura e a história das comunidades de todo o país. De acordo com Ailton Borges, estudante da UFPA e coordenador de comunicação da Associação dos Discentes Quilombolas (ADQ), o Eneki é um espaço de acolhimento e luta para a população quilombola, além de ser um espaço fundamental para a construção de políticas públicas dignas, dentro e fora da universidade.
“O Eneki é um espaço de aquilombamento dentro das universidades, onde frisamos a nossa existência e resistência, visto que espaços como esses, por anos, nos foram negados e, por isso, a universidade ficou em um olhar distante dos nossos quilombos. Hoje, graças aos nossos ancestrais e à luta do nosso povo, vencemos e acessamos a universidade e, através de iniciativas como o Eneki, podemos fazer ecoar as nossas vozes e construir saberes para políticas públicas dentro e fora do ambiente acadêmico”, detalha.
No Brasil, a UFPA é a universidade que possui o maior número de estudantes quilombolas na graduação e é pioneira na construção e realização de políticas de ações afirmativas que reservam vagas para indígenas e quilombolas em todos os cursos de graduação ofertados pela instituição e em alguns programas de pós-graduação. Além disso, a UFPA também tem sido destaque pela política interna de valorização e defesa das diversidades e pluralidades da região amazônica, especialmente em Belém.
“Realizar esta edição do Encontro Nacional de Estudantes Kilombolas no Pará, na UFPA, é uma forma de ressaltar não apenas a importância da Amazônia como patrimônio natural, mas também como um território ancestral profundamente enraizado nas raízes quilombolas. Afirmando, assim, que a Amazônia também é quilombola”, completa Ailton Borges.
Programação - Durante os três dias de realização, o evento estará voltado para a apresentação e valorização de trabalhos acadêmicos e experiências culturais, além de promover debates acerca de questões que perpassam a vivência quilombola, como religião, ancestralidade, raça e gênero.
Entre os temas que serão discutidos, estão: a valorização das influências ancestrais de matrizes africanas no processo de construção da identidade cultural e espiritual dos povos quilombolas do Brasil; mudanças climáticas e preservação dos Povos Amazônidas X Mercantilização do Estado - A insurgência dos quilombos nos debates frente aos problemas causados pelas mudanças climáticas; confluir para resistir - Estratégias de como utilizar as armas acadêmicas como instrumento de defesa para os territórios; um grito de revolta dos quilombos no Brasil - Um chamado à resistência; construção e Implementação de políticas públicas voltadas à saúde quilombola - Ênfase no adoecimento da população quilombola em decorrência dos impactos causados pelos grandes empreendimentos e a existência e luta dos corpos quilombolas LGBTQIAPN+, suas expressões individuais e coletivas referentes às próprias experiências dentro e fora das comunidades quilombolas.
Mais detalhes podem ser acessados aqui ou no instagram oficial do Eneki.
Texto: Isabelly Risuenho - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Arte: Divulgação
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