Pesquisadoras apresentam estudo sobre imigração judaica no Marajó
O que você sabe sobre a imigração de judeus no arquipélago do Marajó? Esse foi o assunto desenvolvido na palestra realizada pelas pesquisadoras marajoaras Iria Chocron e Karine Sarraf, realizada no dia 16 de setembro, no Centro de Internacionalização da Universidade Federal do Pará (UFPA). O evento apresentou o tema “Histórias da Beira do Rio: Imigrantes Judeus no Marajó”, tendo como base o livro de mesmo nome, produzido pelas palestrantes junto a Sergio Simon, presidente do Museu Judaico de São Paulo.
A pesquisa desenvolvida para a produção do livro foi motivada pela vontade de preservar suas histórias familiares, pois ambas são descendentes de imigrantes judaico-marroquinos, como também para compartilhar a história de mais famílias, localizadas em diversos municípios do arquipélago marajoara, como Portel, Breves, Muaná e outros.
“Eventos como este nos permitem ter acesso a histórias de grupos sociais diversos, de culturas diversas, que nos trazem a possibilidade de pensar os nossos problemas, os nossos desafios de um modo diferente e de desenvolver esse sentimento de tolerância e de respeito pela diversidade”, lembrou o reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho.
Motivada pela necessidade de produzir um pré-projeto para desenvolver durante o seu curso de mestrado, a palestrante e historiadora Iria Chocron acabou se deparando com muitas histórias que a fizeram aprofundar ainda mais a pesquisa inicialmente planejada. “Fui motivada pelo desejo de conhecer mais sobre a história da minha família e essa descendência de judeus marroquinos, mas, ao longo da pesquisa, eu fui me deparando com outras famílias com ascendência judia e histórias emocionantes, que me motivaram a continuar tecendo a produção”.
Imigrantes judeus no Marajó - A palestra teve como base o livro de mesmo nome, escrito por Iria Chocron, Karine Sarraf e Sergio Simon, que apontam que a imigração judaica foi motivada pela fome, pelas guerras e pela perseguição religiosa enfrentada em outros países. Segundo os autores, muitos desses imigrantes encontraram na região amazônica brasileira uma terra de fantasias e promessas, e, assim, algumas famílias se deslocaram para cidades como Belém e Manaus. Durante a Belle Époque e o auge do Ciclo da Borracha, essas famílias começaram a se interiorizar para a região do arquipélago do Marajó e múltiplas histórias, de famílias judias que se especializaram no comércio de subsídios para os borracheiros, começaram a surgir.
“Com o desenvolvimento do comércio no regatão, essas famílias foram adentrando o Marajó e se fixaram ao longo do rio, onde construíram um barracão. É a partir dessa fixação que vão se formando as histórias que nós reunimos para inserir neste livro. Minha família, por exemplo, se fixou próximo de Breves, no Rio do Macaco, sendo o primeiro a se alocar nesse lugar”, contou a coautora do livro, Karine Sarraf.
Além do livro, a pesquisa também deu origem a um canal do YouTube Marajó Sefardi, no qual a historiadora Iria Chacron divulga os resultados da pesquisa e a história das famílias de imigrantes judeus que estão presentes no Marajó. Essas histórias têm sido contadas em apresentações em escolas de ensino médio e universidades do Pará, bem como em estados como São Paulo, para que mais pessoas possam superar preconceitos e compreender a complexidade de identidades que se fazem presentes na Amazônia.
“Quando eu cheguei até a UFPA foi também um período em que me aproximei muito da minha identidade judaica, mas não tinha quem falasse sobre esses tópicos assim. Então eu acho que falar sobre isso aqui abre essa possibilidade para que eu tenha um referencial de identificação e outras pessoas também, que talvez tenham se sentido isoladas durante esse percurso. Eu acho que o importante desse debate não é somente para chamar atenção para o judeu em específico, mas para chamar atenção para essa diversidade e as alteridades com as quais a gente precisa conviver”, comentou a psicóloga Raquel Costa, que esteve presente à audiência da apresentação.
Outras informações sobre o projeto estão disponíveis nas redes sociais.
Texto: Jambu Freitas - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Fotos: Heloisa Torres - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
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