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Projeto de pesquisa apresenta resultados alcançados no Quilombo de Igarapé Preto

  • Publicado: Segunda, 06 de Novembro de 2023, 15h38

Inovação Territorial

A Comissão de Regularização Fundiária da Universidade Federal do Pará (CRF-UFPA), a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica do Governo do Estado do Pará (Sectet-Pa) e a Comunidade Quilombola de Igarapé Preto realizam, nos próximos dias 10 e 11 de novembro, a Feira de Encerramento do Projeto de Pesquisa e Extensão: Inovação Territorial para Jovens e Adultos da Comunidade Remanescentes do Quilombo. Durante a programação, também haverá a inauguração do Portal de Entrada da comunidade quilombola e as instalações das placas horizontais de sinalizações para orientar o deslocamento pelas ruas históricas e as áreas de lazer do território. 

De acordo com Renato das Neves, engenheiro e pesquisador do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará (ITEC-UFPA), que coordena o projeto, as peças que serão instaladas foram projetadas pelas equipes interdisciplinares da CRF-UFPA e construídas pela comunidade local. Com as peças, será apresentada, ainda, a cartografia social construída pela comunidade e os projetos arquitetônicos de engenharia voltados para a edificação de uma biblioteca quilombola, que consistem em uma casa de cultura e um barracão comunitário, cujos projetos estruturantes foram construídos pelas equipes interdisciplinares da CRF-UFPA. 

Ainda no primeiro dia de evento, será divulgado o diagnóstico fundiário do território, além de ser realizada a abertura de uma exposição fotográfica como um instrumento documental do processo metodológico inovador, inclusivo e sustentável desenvolvido no território.

Já no dia 11 de novembro, sábado,  os participantes vão realizar visitas de reconhecimento ao quilombo e o deslocamento por trilhas locais, além de interações participativas e sociais para conhecer os produtos turísticos e o artesanato local, assim como saborear a gastronomia e conhecer os balneários  e os igarapés da região. O encerramento será marcado por um desfile de moda, cujas peças foram produzidas pelas equipes da comunidade, e uma programação com as tradições culturais, que perpassam pelo histórico samba de cacete, a ladainha e o ganzá, e outras manifestações plurais que marcam os rituais de africanidade no território, assim como as relações com os povos indígenas e os europeus.

Equipe da CRF UFPA e membros da comunidadeSobre o projeto - O Projeto de Pesquisa e Extensão: Inovação Territorial para Jovens e Adultos da Comunidade Remanescentes do Quilombo foi construído com base no tripé acadêmico de ensino, pesquisa e extensão e teve início em 9 de dezembro de 2021, com um investimento de R$ 626.630,62 de recursos públicos originados dos impostos recolhidos pela sociedade paraense. A estrutura humana e pedagógica do projeto é composta por uma coordenação geral e pelos integrantes dos três núcleos: inclusão produtiva e desenvolvimento local; infraestrutura, qualidade de vida, tecnologia e informação; e representações e lideranças da comunidade quilombola.  

Nestes dois anos, foram realizadas 15 capacitações no quilombo que mobilizaram nove educadores de instituições municipais, estaduais e federais de ensino, além de membros da comunidade. Entre os cursos ministrados na Escola Zumbi dos Palmares, estão: Conteúdos sobre o pertencimento ao território, Desenvolvimento e economia solidária, Formação em hospedagem familiar, Estratégias de abordagens de produtos turísticos, Planos de negócios, Levantamento cartográfico e Moda afrodescendente. Foram debatidos, também, roteiro turístico,  marketing digital, tecnologia social, economia circular, turismo, educação ambiental, primeiros socorros e os  múltiplos saberes gastronômicos do território. 

Outro curso importante debateu os efeitos nefastos das várias diásporas, desde o território africano até a construção do Quilombo de Igarapé Preto. Dados históricos revelam que o tráfico negreiro promovido por europeus durante 300 anos tenha escravizado mais de 11 milhões de africanos, dos quais mais de cinco milhões foram trazidos forçadamente para o Brasil. “Um desafio enfrentado é a desconstrução educacional do  padrão eurocêntrico  e a construção de uma visão com base no olhar afrodescendente e africano. A Lei10.639/03 representa um avanço e estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de  história e cultura afro-brasileiras dentro das escolas de ensino fundamental e médio. Porém é determinante um ensino da África na visão dos que lá vivem ou de seus descendentes e não pela ótica do colonizador europeu”, enfatiza o professor Renato das Neves.

Nos últimos dois anos, a parceria entre as instituições federal, estadual e a comunidade desenvolveu  uma metodologia que deu base ao  intercâmbio de múltiplos conhecimentos para construir  o desenvolvimento humano e social equitativo da comunidade quilombola, por meio das famílias que desenvolvem as suas práticas culturais agroalimentares e têm a vocação para integrar uma rede de empreendedores interessados em escoar a produção local como um modelo de negócio inovador de base comunitária. “A experiência é muito rica e pode ser repassada a outros quilombos.  Ela gera o resgate da ancestralidade com participação social comunitária, além de gerar emprego e renda, e constrói mais cidadania e autonomia para as famílias do quilombo”, finaliza Renato das Neves.

Serviço:

Feira de Encerramento do Projeto de Pesquisa e Extensão: Inovação Territorial para Jovens e Adultos da Comunidade Remanescentes do Quilombo

Data: 10 e 11 de novembro de 2023

Local: Sede da Associação dos Remanescentes de Quilombo de Igarapé Preto à Baixinha (Arqib), em Oeiras do Pará.

Texto e fotos: Kid Reis - Ascom CRF/UFPA 

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