Álbum físico com canções de Paulo André e Ruy Barata é lançado com apoio da UFPA

Uma noite emocionante e de muita música em homenagem a dois dos maiores compositores da música popular paraense. Foi assim o lançamento da mídia física “Música de Paulo André e Ruy Barata”, que celebra o trabalho aclamado da dupla de pai e filho. O evento foi realizado no Teatro Estação Gasômetro e reuniu grande público.

Com direção geral do jornalista Tito Barata, irmão de Paulo André e filho de Ruy Barata, o CD duplo tem selo da gravadora Biscoito Fino e reúne 27 intérpretes brasileiros: Alba Mariah, Alexandre Gois, Andréa Pinheiro, Artur Espíndola, Áurea Martins, Dona Onete, Doriene Luna, Eudes Fraga, Fafá de Belém, Jane Duboc, José Milton, Joyce Moreno, Leila Pinheiro, Lia Sophia, Lucinha Bastos, Marcos Lessa, Maria Rita, Mônica Salmaso, Natália Matos, Padre Fábio de Melo, Pinduca, Quarteto do Rio, Sandra Duailibe, Vital Lima, Zé Renato, Zeca Baleiro e Zeca Pagodinho. Ao todo, são 24 canções, incluindo a inédita Litania, uma prece de Paulo André e Ruy Barata.

“Este disco foi projetado por mim e por Paulo André para fazer uma síntese sobre a obra musical da dupla Paulo André e Ruy Barata. Paulo percorreu vários caminhos melódicos e harmônicos que estão representados neste disco. Tem merengue, valsa, lundu, samba e muito mais. Fiquei muito entusiasmado com este projeto e, dentro dele, sem dúvida, tem um pouco de mim”, revela, orgulhoso, Tito Barata.

O trabalho que havia sido lançado nas plataformas de streaming em setembro, pouco antes da partida de Paulo André, que participou de toda a construção do álbum como consultor, agora, pode também ser adquirido na loja Ná Figueiredo, em Belém, ou diretamente no portal da gravadora Biscoito Fino.

A produção musical tem assinatura de José Milton e realização da Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio da Escola de Música, com apoio da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) e da Fundação de Amparo ao Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp). “A Universidade Federal do Pará agradece a confiança da família em nos deixar conduzir esse projeto que tanto nos honra e que nos entregou tantos resultados. Temos certeza de que esta é uma obra que vai ficar como uma referência para todos aqueles que apreciam a arte de Paulo André e Ruy Barata “, destacou o reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho.

“Eu me sinto muto honrado em participar deste projeto. Tive a oportunidade de conviver com o Ruy e ser amigo do Paulo André, e essa convivência me fez sentir de perto a latência da Amazônia tão bem retratada por eles. A Amazônia nativa, mas também a Amazônia urbana. Sem dúvida, são duas figuras importantíssimas para a cultura paraense e brasileira”, frisou Luiz Pardal, professor da Escola de Música da UFPA, que colaborou com os novos arranjos e as regências do disco.

Público - A homenagem a Paulo André e Ruy Barata lotou a plateia de admiradores. Artistas, familiares, amigos, todos fãs da dupla que deixou um legado consagrado à cultura paraense. “O Ruy é um poeta em nível nacional, alguém que continua a crescer mesmo após a morte, e isso só acontece com os grandes nomes, com os gênios. E o Paulo André foi um compositor que me faz ouvir não somente o tronco submerso, mas também a floresta, as folhas, os galhos. Tudo isso pra dizer que nós não estamos diante do trabalho de uma dupla qualquer, mas de uma dupla que culturalmente foi fundadora de um país que se chama Pará”, metaforizou o compositor e poeta Emanuel Matos.

Presente ao evento, o compositor e multi-instrumentista paraense, um dos principais nomes na cena do samba regional, Artur Espíndola fez questão de destacar a importância da dupla como referência para sua carreira como músico. “A gente não pode falar de quem a gente é, sem falar de quem a gente ouviu e, principalmente, de com quem a gente aprendeu. É impossível alguém da minha geração falar de música sem assumir que carrega fragmentos da música de Paulo André e Ruy Barata”, destacou o artista que também participa do projeto interpretando a canção Pacará. “A gente nasceu ouvindo e tendo os dois como referência musical. Pra mim, fazer parte de um projeto como este é aquele check verde no currículo”.

Quem também não escondeu o entusiasmo com o projeto foi a cantora e compositora Lia Sofia, que, no álbum, interpreta o clássico Baiuca’s Bar. “Eu tive a chance de conhecer bem de perto o Paulo André, e ele era simplesmente genial. Um cara que estudou muito e que me incentivou demais a ler e estudar também para fazer música. Ele era um professor”, relembra. “Eu tenho uma carreira muito recente perto da carreira de muitas pessoas que estão neste disco, por isso é uma grande honra fazer parte deste time tão estrelado”, disse a cantora, um pouco antes de, animada pelo público, subir ao palco e iniciar a série de apresentações improvisadas que animou o público e contou com outras participações de peso, como a de Andréa Pinheiro e Alba Mariah, que também participam do projeto, com Canção Antiga e Cantiga da Correnteza.

Futuro - O álbum “A Música de Paulo André e Ruy Barata” integra o Programa de Extensão “Ruy Barata: Letra e Música”, lançado em 2019, em homenagem ao centenário de nascimento de Ruy Barata, comemorado em 2020, mas interrompido em virtude da pandemia da covid-19.

“Trata-se de um grande e importante programa que tem seus projetos. Estamos felizes em entregar agora o CD, mas há bastante ainda pela frente. Nós estamos com a biografia do Ruy Barata quase finalizada, devendo ser publicada no início do ano. Teremos o musical ‘Foi Assim’, que deverá estrear em Belém, no final do mês de junho, e também o songbook com 80 canções”, antecipou o pró-reitor de Extensão, Nelson de Souza Junior. “Esta é uma forma de reconhecermos, reafirmarmos e homenagearmos este legado único e singular para a cultura paraense, amazônica e para a cultura popular brasileira”, finalizou.

Texto: Edmê Gomes - Ascom UFPA
Fotos: Alexandre de Morase - Ascom UFPA