Seminário sobre Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos tem ampla participação
O Seminário Estadual Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos e Educação Ambiental, que se encerrou na última quarta-feira, 23, contou com ampla presença de público. Durante dois dias, estudantes, pesquisadores, professores, representantes de instituições governamentais e associações de catadores de materiais recicláveis colocaram em debate a temática.
Na mesa de abertura do evento, o pró-reitor de Extensão, Nelson Junior, disse que a universidade pública brasileira provém da sociedade, portanto precisa olhar para ela e dela se aproximar, pois, em si, as instituições de ensino, pesquisa e extensão superiores não podem propor questões férteis, consistentes e contemporâneas.
"Precisamos construir um novo paradigma, um novo modelo. É precisamente na geração e elaboração difícil desse modelo que nós estamos agora empenhados. Esforços como este seminário revelam que nós estamos abertos aos problemas do meio ambiente. Essa temática deve residir em cada um e nós aqui tentaremos operar e produzir sínteses interessante, com os nossos aportes conceituais, metodológicos, nossos projetos de extensão e de pesquisa. Ficamos contentes de perceber que este tema, infinitamente explorável, conduzirá nossos passos daqui para frente", afirma Nelson.
O seminário foi uma oportunidade também de lançar o Grupo de Trabalho Resíduos Sólidos e Educação Ambiental, vinculado à Rede Paraense de Educação Ambiental (Rede PAEA). O GT foi formado em junho deste ano, conforme reuniões organizativas, com o objetivo de discutir e propor ações e debates sobre a transversalidade da educação ambiental na Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Ao longo do seminário, foi posto em debate a relação entre Educação Ambiental, Redes Sociais e Resíduos Sólidos, com a mesa “Gestão de Resíduos, Meio Ambiente e Sustentabilidade”, mediada por Lucas Aires, professor e funcionário da UFPA, e com a presença de Carlos Maneschy, ex-reitor da UFPA, e de Davi Lopes, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - Seção Pará (ABES-PA).
“Os termos Sustentabilidade e Educação Ambiental são conceitos que entendemos em teoria, uma grande parcela da população aceita, mas temos dificuldades em tirar a discussão do escopo teórico e fazer avançar para se tornar um pacto gerencial prático”, explica Maneschy.
Ao acreditar que comportamento e educação são conceitos conectados, Maneschy considera não ser possível esperarmos comportamento de primeiro mundo com educação de terceiro. Nesse contexto, é necessário pensar no consumo ético, consciente e sustentável em que exista um pacto de solidariedade para garantir inclusão social.
“Políticas Nacionais de Resíduos Sólidos e Educação Ambiental: transversalidade, aspectos comuns e conflitos” foi o tema de uma das mesas, mediado por Maria Lúcia Ohana, com a presença dos professores Thomas Mitschein, Maria Ludetana, Fidelis Paixão e Mauricio Leal.
O primeiro a contribuir foi o pesquisador do Programa Interdisciplinar Trópico em Movimento (UFPA), membro da facilitação da Rede Paraense de Educação Ambiental e Conselheiro Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), Fidelis Paixão, que destacou a importância das Redes Sociais na contemporaneidade.
“As Redes Sociais têm o poder e a capacidade de mobilização muito forte, conseguimos, de uma forma não hierarquizada, conectar diferentes atividades para gerar sinergia e ações potencializadas. Este seminário que estamos vivendo agora é um exemplo prático disso que estou falando”, afirmou.
Já o coordenador do Programa Interdisciplinar Trópico em Movimento, Thomas Mitschein, apresentou o cenário do lixão da cidade de Bragança, para mostrar que os problemas com a implementação da Lei dos Resíduos Sólidos não é algo distante da realidade do Estado do Pará.
“Estou convencido de que uma Educação Ambiental que quer copiar as formas pedagógicas elaboradas nos países do Hemisfério Norte da década de 1970 está fadada ao fracasso. Temos que pensar a nossa realidade”.
Na tarde do dia 23, representantes de instituições de ensino, pesquisa, extensão e órgãos governamentais apresentaram experiências de ações exitosas que vêm desenvolvendo no âmbito da educação ambiental, com gestão de resíduos sólidos. De maneira clara, o público pôde conhecer os mecanismos e as ferramentas criadas por esses órgãos, aplicáveis na gestão dos resíduos não apenas internamente, mas também ampliando suas contribuições para a sociedade, em geral.
A Planária da REDEPAEA, que encerrou o evento, aprovou o Grupo de Trabalho Modelagem Matemática e Educação Ambiental, que será coordenado pela professora da Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus Capanema, Neuma Teixeira dos Santos.
De acordo com a professora, a proposta do GT surgiu no III EPAEA – Encontro Paraense de Educação Ambiental, que ocorreu em junho deste ano. “Eu já desenvolvo atividades em Educação Ambiental na UFRA em Capanema, um projeto em parceria com o SIPAM desde 2013, no qual faço monitoramento de manguezais na região bragantina. Atualmente, coordeno um grupo de estudantes da UFRA, que trabalha com geoprocessamento como recurso didático, voltado para a Educação Ambiental. Com base nisso, seria interessante coordenar esse GT em Capanema e, posteriormente, ampliá-lo”, conclui Neuma.
Texto e foto: Assessoria de Comunicação do Programa Interdisciplinar Trópico em Movimento
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