Microrredes sustentáveis são tema de conferência com professor da University of Bristol
O professor doutor Samuel Williamson, da Faculdade de Engenharia da University of Bristol (Reino Unido), foi o palestrante da conferência DC Distribution Microgrids: applications and perspectives (Microrredes de Distribuição em Corrente Contínua: aplicações e perspectivas), ocorrida nesta terça-feira, 19, no Auditório do prédio de Pós-Graduação do Instituto de Tecnologia (PGITEC) da UFPA. O evento foi parte da programação da Jornada de Cooperação Internacional UFPA e teve a presença de professores e estudantes dos cursos de graduação e pós-graduação do Instituto de Tecnologia (ITEC) da Universidade, contando, também, com transmissão ao vivo pelo site da Pró-reitoria de Pesquisa e Pos-graduação (Propesp).
O professor Samuel Williamson atua no Departamento de Engenharia Elétrica e Eletrônica da University of Bristol e faz parte do grupo de pesquisa em Gerenciamento de Energia Elétrica da mesma universidade. O pesquisador dedica seus estudos, principalmente, à engenharia para o desenvolvimento sustentável, com ênfase em microrredes voltadas à distribuição de energia em comunidades afastadas.
Energia limpa, renovável e acessível - Em sua apresentação, o professor falou sobre como os sistemas das chamadas microrredes podem ser utilizados para garantir energia limpa, renovável e acessível até nas regiões mais remotas. Para isso, exibiu dados de suas pesquisas e experimentos na área, com algumas soluções para melhor aproveitamento e eficiência desses sistemas. A utilização de tais sistemas possibilita inverter o processo de produção de energia de grandes usinas para geradores locais, trazendo autossuficiência para comunidades, que não mais dependeriam da rede de distribuição tradicional. Assim, com energia produzida localmente e de forma sustentável, pessoas que, possivelmente, não teriam acesso à eletricidade de outra maneira, ganhariam autonomia e qualidade de vida.
Porém, de acordo com o professor, ainda há vários desafios a serem vencidos até que microrredes em corrente contínua sejam mais utilizadas. Entre esses desafios, está o diálogo com o governo e entidades reguladoras para a adoção de padrões, por exemplo. Neste sentido, os profissionais e pesquisadores da área de Engenharia devem estar preparados para lidar não apenas com os aspectos técnicos. “Devemos trabalhar cooperativamente com gestores e governantes, cientistas sociais, geógrafos, economistas, empresários e, é claro, dialogar com as comunidades em si, entendendo suas necessidades e o tipo de geração e distribuição de energia adequada para cada localidade. Isso significa dar a essas pessoas capacitação, poder sobre si mesmas e sobre suas histórias, suas vidas. Não possuir acesso à energia é ter os direitos à informação, à comunicação, ao trabalho, praticamente negados. Intervir nessa realidade é o nosso maior desafio”, aponta o pesquisador.
Para o professor doutor Jerson Rogério Pinheiro Vaz, do curso de Engenharia Mecânica da UFPA, a visita de Samuel Williamson é muito significativa para a comunidade acadêmica local que atua na área de energia renovável e sistemas de energia. “No Brasil e na região amazônica, temos ainda muitas comunidades isoladas, que não possuem energia elétrica convencional. Então, proporcionar alternativas para que essas pequenas comunidades possam gerar energia a baixo custo é de suma importância”, comentou.
Projeto em cooperação - O evento foi promovido pelo Grupo de Estudos e Desenvolvimento de Alternativas Energéticas (GEDAE), vinculado ao Instituto de Tecnologia (ITEC) e à Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Pará (UFPA). O GEDAE foi fundado em 1995 pelo professor doutor João Tavares Pinho, líder do grupo, com o objetivo de promover o desenvolvimento e a aplicação de sistemas para o suprimento de energia elétrica em comunidades isoladas. Atualmente, o grupo, também, trabalha com aplicação em residências individuais, chamadas de solar home systems.
Por meio do Programa de Apoio à Cooperação Interinstitucional (PACI) – uma iniciativa da Pró-Reitoria de Relações Internacionais (Prointer) e da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesp) – o GEDAE inicia, ainda este ano, um projeto de cooperação internacional entre instituições de ensino e pesquisa do Brasil, Reino Unido e Bolívia. A proposta é desenvolver um sistema de microrrede em correntes contínuas. Os equipamentos serão elaborados na University of Bristol, com a colaboração dos pesquisadores do Brasil. Em seguida, os protótipos virão para a Universidade Federal do Pará. A ideia é aproveitar a infraestrutura da UFPA para aplicar o sistema experimentalmente e coletar dados, uma vez que o Laboratório de Minirredes da Instituição é considerado um dos melhores laboratórios, dessa área, no Brasil. Depois da consolidação dos dados, esses equipamentos serão transferidos para uma comunidade na Bolívia para que a etapa prática seja executada.
De acordo com o professor doutor Wilson Negrão Macêdo, coordenador do Laboratório de Sistemas Fotovoltaicos da UFPA, os grupos de pesquisa envolvidos estão estudando a possibilidade de aplicar, posteriormente, o sistema no Brasil. “O professor Samuel, inclusive, visitou a comunidade Ilha das Onças, localizada na baía do Guajará, no município de Barcarena, e pôde conhecer a realidade da nossa região. Temos certeza de que este projeto renderá bons frutos por um longo tempo. Não só para os pesquisadores, mas, também, para os discentes que terão a oportunidade de realizar intercâmbios, e para a própria população, que será diretamente beneficiada”, explicou.
Para se informar sobre as próximas conferências, acesse a página da Jornada de Cooperação Internacional UFPA no Facebook.
Texto e fotos: Divulgação
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