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Dia da Árvore: mandioca é uma das árvores mais importantes para a população da Amazônia

  • Publicado: Quarta, 20 de Setembro de 2017, 14h53

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Iguarias muito tradicionais no Pará, como o tucupi e a farinha, têm algo em comum: os dois vêm da mandioca. A planta natural Amazônia é considerada uma ‘árvore da providência’, pois todas as suas partes têm algum aproveitamento. A planta in natura pode ser comida cozida; o tubérculo processado dá origem à farinha; as folhas são a matéria-prima da maniçoba; e das raízes, são extraídos a tapioca e o tucupi. Outras partes da planta também podem ser aproveitadas na produção de bebidas alcoólicas e de biocombustíveis.

O professor e antropólogo da Universidade Federal do Pará (UFPA) Romero Ximenes explica que a mandioca é uma das principais plantas da Região Amazônica. “Todo o sistema alimentar da Amazônia é calcado nos derivados da mandioca. Existem os diversos tipos de farinhas, as polpas, existem a tapioca, o tucupi, entre outros.”

mandioca e aipim 373X212Romero Ximenes também detalha que a mandioca crua é um veneno e os índios aprenderam a manipular o vegetal. “A planta é o alimento mais universalizado nas culturas indígenas, pois foram os índios que domesticaram a planta. Eles descobriram que torrando, assando ou fervendo, o ácido cianídrico evapora e vira uma ótima comida. É uma das grandes descobertas da cozinha indígena”, ressalta. 

Alimento sagrado – O professor e antropólogo do Campus da UFPA de Altamira Uwira Domingues explica que a mandioca é considerada pelos indígenas como um alimento sagrado. “A mandioca é considerada por todos nós como uma dádiva, um presente de deus”. O pesquisador, que é indígena, destaca que a mandioca é para os índios um alimento básico. “É da mandioca que se faz o alimento principal para nós: a farinha”, friza.   

mandioca2 373x212O professor Uwira conta que na cultura indígena há um mito para explicar o surgimento da planta. “Existe um mito tupi que diz que a mandioca veio de uma mulher, que morreu, e onde ela foi enterrada, nasceu a árvore da mandioca que sustenta o povo”. O antropólogo detalha que existem mais de 300 povos indígenas no Brasil e que esse mito pode variar de povo pra povo, mas que a característica da mandioca como alimento central dessas culturas permanece.  

Rica em nutrientes - Seja acompanhando açaí, peixe frito ou qualquer outro prato, a farinha d’água está sempre presente na alimentação do paraense. E ter farinha na mesa significa ter também vários nutrientes na mesa. Uma pesquisa da UFPA constatou a presença de elementos como ferro, potássio, manganês, sódio, fósforo e zinco nas farinhas produzidas no Pará.

“Cada um desses elementos contribui de forma importante para o bom funcionamento do organismo do ser humano, porém devem ser consumidos em quantidades diárias pré-estabelecidas”, ressalta a professora da Faculdade de Química da UFPA, Kelly Dantas, que realizou a pesquisa.   

mandioca 373X212Potencial energético - Além de oferecer todos esses derivados, a mandioca também pode ser utilizada na geração de energia. É o que constata a pesquisadora Brígida Ramati, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e da Computação da UFPA. De acordo com dados obtidos em diversas regiões do Estado, restos da mandioca, como cascas, entrecasca, cepas, caule e folhas, podem gerar energia para famílias da zona rural.

A pesquisa detectou que o potencial calorífico da mandioca é de 15,76 MJ/Kg e em 68% das regiões estudadas, há um excedente de produção de energia vinda da planta, ou seja, com base na mandioca, pode ocorrer a manutenção da agroindústria familiar ou até mesmo na organização de cooperativas de produtores rurais. Em 31% das regiões, não há excedente e, para cobrir a demanda de energia, além da mandioca, poderiam ser usados outros resíduos agrícolas.

“A utilização otimizada da produção da mandioca em uma agroindústria formada para o beneficiamento de produtos, pode promover o bem-estar comunitário, pois, além da satisfação, gera empregos, renda e agrega valor ao produto, já que a prática da agricultura familiar proporciona o desenvolvimento rural sustentável”, destaca a professora Brígida.

Texto: João Pedro Bittencourt – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Reprodução / Google

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