UFPA terá Cátedra do Instituto Camões
Em reunião realizada na Embaixada de Portugal em Brasília, da qual participou também o conselheiro Cultural e representante do Instituto Camões no Brasil, João Pignatelli, o embaixador de Portugal no Brasil, Jorge Cabral, comunicou ao magnífico reitor da UFPA, professor Emmanuel Tourinho, ter sido aprovada a criação, na Universidade Federal do Pará, da Cátedra do Instituto Camões João Lúcio de Azevedo. A assinatura do protocolo de cooperação com esse fim ocorrerá na próxima sexta-feira,29 de setembro, na Universidade Federal do Pará, em Belém, com a presença do embaixador de Portugal.
“Portugal e Brasil vivem um momento singular de redescoberta mútua, que se traduz, entre muitos outros aspectos, na concretização de múltiplos projetos comuns por todo o Brasil, de que se destacam parcerias e convênios nas mais diversas áreas, nomeadamente acadêmica, científica e cultural”, diz o embaixador Jorge Cabral.
De acordo com o representante português, “a criação da Cátedra João Lúcio de Azevedo - a primeira na Região Norte do Brasil – é, pois, um exemplo ímpar do que acima se refere, consubstanciando mais um passo decisivo na afirmação do nosso interesse comum em ampliar e desenvolver a investigação e a pesquisa em áreas específicas tão importantes para nós, como são as da cultura, história e literatura de Portugal e da Amazônia, incluindo as suas relações com as culturas de expressão portuguesa, expressão da união e dos laços estreitos e fortes que historicamente unem o Pará, a vasta Região Amazônica e Portugal. É, pois, o culminar de um intenso trabalho desenvolvido pela UFPA e pelo Camões, que contou sempre com o empenho dedicado do reitor Emmanuel Tourinho, esforço conjunto graças ao qual este projeto pode agora concretizar-se. Esta cátedra será, sem dúvida alguma, um exemplar espaço aberto e de integração entre meios acadêmicos, associações e comunidade portuguesa residente no Brasil.”
Para o reitor da UFPA, com a cátedra, serão fortalecidos os laços da comunidade amazônica com a cultura e a ciência de Portugal e de todo o mundo lusófono. “É uma grande honra para a UFPA receber essa cátedra e tornar-se parceira de instituições centenárias na promoção da língua e da cultura portuguesas, da cooperação científica e cultural entre instituições da Amazônia e de Portugal. Estamos muito felizes e gratos pela confiança em nós depositada pelo governo português, por meio do Instituto Camões. Será, também, uma honra para a UFPA receber em sua sede administrativa o embaixador de Portugal no Brasil para a celebração do protocolo de criação da cátedra”, afirmou o reitor.
Camões - Vinculado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, de Portugal, o Instituto Camões atua na promoção da língua e da cultura portuguesas, em sintonia com a política externa de cooperação para o desenvolvimento. Tem como objetivos propor e executar a política de cooperação portuguesa; coordenar as atividades de cooperação desenvolvidas por outras entidades públicas; propor e executar a política de ensino e divulgação da língua e cultura portuguesas no estrangeiro; assegurar a gestão da rede de ensino português no estrangeiro, em níveis básico, secundário e superior; apoiar a colocação de docentes locais por meio de parcerias com instituições de ensino superior e organizações internacionais e promover a internacionalização da cultura portuguesa. Atualmente, o Instituo Camões mantém cátedras em países de todos os continentes. No Brasil, são cinco cátedras, vinculadas à USP, UnB, UNEB, PUC-MG e PUC-RJ. A sexta cátedra está sendo criada na Universidade Federal do Pará.
A proposta de criação da cátedra foi, inicialmente, apresentada à senhora presidente do Instituto Camões, professora Ana Paula Laborinho, pelo magnífico reitor da UFPA, em maio deste ano, em Lisboa. Após o acolhimento inicial da intenção da UFPA, uma equipe constituída pelos professores Maria Adelina Amorim, da Universidade Nova de Lisboa, Maria de Nazaré Sarges, e Aldrin de Moura Figueiredo, da UFPA, elaborou um detalhado projeto para a concretização de tal objetivo. Em agosto passado, a proposta obteve aprovação do Conselho Diretivo do Instituto Camões.
O interesse comum subjacente à criação desta cátedra é estreitar os laços de colaboração com vista à pesquisa e difusão da História, Cultura, Literatura de Portugal e da Amazónia, incluindo as suas relações com as culturas de expressão portuguesa. Sendo objetivo comum dos signatários a formação, a integração e o fortalecimento de uma rede de intercâmbio cultural e científico internacional, que contemplem investigadores da Amazônia e de Portugal, incluindo ações de campo em Portugal, no Brasil e nos países de expressão portuguesa. E, ainda, desenvolver, junto da Universidade e da cidade que a acolhe, um conjunto de iniciativas de caráter científico e cultural que visem às seguintes linhas de investigação: cultura e literatura luso-afro-brasileira; história da língua portuguesa.
João Lúcio de Azevedo, que dá nome à cátedra, foi um dos mais reconhecidos historiadores lusitanos com atuação no mundo amazônico. Nasceu na vila portuguesa de Sintra, no distrito de Lisboa, em 1855. Aos dezoito anos, após concluir o ensino secundário e o curso técnico de comércio, embarcou para Belém do Pará, onde se tornou caixeiro na célebre Livraria Universal, propriedade dos irmãos Eduardo e Avelino Tavares Cardoso. De caixeiro a gerente da livraria, João Lúcio de Azevedo inicia, ainda em Belém, sua carreira de escritor e historiador com Estudos de História Paraense (1893). Publica Nova York: notas de um viajante (1897), com base em sua viagem aos Estados Unidos, e O Livre Amazonas: vida nova (1899), resultado de seus artigos publicados no jornal A Província do Pará. Residiu posteriormente em Paris e depois regressou a Lisboa, onde continuou a sua obra historiográfica com diversas e importantes publicações, como O Marquês de Pombal e a Sua Época; História de Antônio Vieira; A Evolução do Sebastianismo; História dos Cristãos-Novos Portugueses e Os Jesuítas no Grão-Pará – obra clássica luso-amazônica, com várias edições em Portugal e no Brasil. Organizou, ainda, a melhor edição das cartas do Padre Antônio Vieira, que foram publicadas parcialmente. Colaborou na edição da História de Portugal, dirigida por Damião Peres e, a partir daí, consolidou sua obra na historiografia luso-brasileira. Faleceu em 1933, em Lisboa.
A criação da cátedra coroa um frutífero processo de diálogo entre a UFPA e o governo português, por intermédio da Embaixada de Portugal no Brasil, do Instituto Camões, do Vice-Consulado de Portugal em Belém e das entidades representativas da comunidade luso-brasileira, no Pará.
A Cátedra João Lúcio de Azevedo ficará diretamente vinculada à Pró-Reitoria de Relações Internacionais (Prointer) e ao Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia. Terá como coordenadora na UFPA a professora doutora Maria de Nazaré Sarges, docente do Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia, da UFPA. Suas atividades serão desenvolvidas em parceria com a Universidade Nova de Lisboa e com instituições da comunidade luso-brasileira no Pará, de renome no campo acadêmico, cultural, social e do desporto, em especial a Sociedade Beneficente Portuguesa do Pará, fundada em 1854, o Grêmio Literário e Recreativo Português, fundado em 1868, e a Tuna Luso-Brasileira, fundada em 1903, todas elas com sede em Belém do Pará.
Texto e fotos: Divulgação / Reprodução-Google
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