Núcleo de estudos inicia curso de Aperfeiçoamento em Relações Raciais para a Educação Básica

O Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Formação de Professores e Relações Étnico-Raciais (GERA), junto ao Instituto de Educação Matemática e Científica (IEMCI) e com apoio do Ministério da Educação (MEC), realizou, na última sexta-feira, 19 de janeiro, a aula inaugural do Curso de Aperfeiçoamento em Relações Raciais para a Educação Básica. A aula, que teve como tema a Legislação e Saberes Escolares, foi ministrada pelo professor da Escola Básica, Rafael Saldanha, mestre em Currículo e Gestão de Escola Básica, com dissertação, defendida em 2017, sobre Legislação escolar brasileira.

O curso de aperfeiçoamento, oferecido gratuitamente, tem por objetivo capacitar professores a fim de trabalharem a temática étnico-racial no ensino da educação básica, tanto no ensino médio como ensino fundamental, de uma maneira prática e consubstanciada. Em sua 3ª edição, iniciada em 25 de janeiro e com término dia 8 de julho, participam 50 professores da educação básica, que irão publicar os artigos produzidos em coautoria com seus orientadores.

Estavam presentes na aula inaugural do curso a coordenadora Wilma de Nazaré Baía Coelho; a supervisora Nicelma Brito, o professor e a diretora do IEMCI, Carlos Aldemir Farias da Silva e Isabel Cristina Rodrigues de Lucena, respectivamente; além do palestrante Rafael Saldanha e outros professores presentes que atuarão no curso: Jane Felipe Beltrão, Breno Magalhães, Felipe Santiago, Raquel Amorim e Túlio Vasconcelos.

Para a coordenadora, Wilma Coelho, o curso representa mais uma ação concreta do Núcleo GERA, sobretudo, no tocante à formação continuada de professores e na ampliação do diálogo necessário entre a Universidade e Educação Básica, garantindo o direito de que a oferta da educação básica esteja no âmbito das preocupações da Universidade como um dever social. A Universidade, deste modo, consubstancia as exigências legais nas quais a questão étnico-racial encontra-se presente.

“O grupo de pesquisa ao qual este curso está vinculado tem a oportunidade e responsabilidade de consubstanciar essas ações para que possamos qualificar estudantes da pós-graduação da UFPA e que são professores da educação básica, e professores da educação básica que desejam aprimorar o seu trabalho na escola”, completa a professora do Núcleo GERA/UFPA.

Aluno - Radanés Vale, professor da escola básica, ressalta a necessidade de participar de um curso como este, com os melhores professores, conteúdos, orientações e referências. “É importante que a gente sempre vá aprendendo mais sobre a temática das relações étnico-raciais porque é um tema bastante delicado, que precisa saber ser trabalhado, então um curso como esse nos dá base para que possamos trabalhar de forma adequada na educação básica”, declara.

Ao longo do curso serão ofertadas 12 disciplinas: “A questão étnico-racial e a educação brasileira”, “Identidade e educação”, “História da cultura brasileira”, “História da escravidão no Brasil e na Amazônia”, “História da África contemporânea”, “História da África antiga”, “História indígena e do indigenísmo”, “Recursos didáticos e educação étnico racial” I e II, “Direito a diversidade e relações sociais”, “Livro didático e a questão étnico racial” e  “Relações étnico-raciais e pratica escolar”.

Professor – Na 3ª edição do curso o trabalho dos professores continua. A professora Jane Beltrão afirma que colaborar com a formação de professores da rede municipal e estadual é um dever da Universidade, que os formou e precisa dar continuidade ao seu trabalho, renovando os cursos e aceitando novos alunos

“Faz parte do nosso dia-a-dia, da nossa experiência, e é uma inserção social necessária para a universidade, sua versão para fora é importante. Em geral, o curso termina com a edição de um livro feito por nós e pelos discentes que participaram do curso, ou seja, a gente estabelece uma parceria que é inclusive de autoria sobre a temática do curso”, conta Jane.

Segundo a professora Isabel Lucena, a temática não é específica e perpassa por outras disciplinas, isso permite que o corpo docente contribua para a questão com seus olhares de pesquisa e de formação. “A temática sobre relações étnico-raciais perpassa por todo um manancial de disciplinas, ela não é específica, então, nós, como corpo docente também nos efetuamos a este curso para contribuir, a partir dos nossos olhares de pesquisa e de formação”, explica.

“É muito bom ter a oportunidade de estar próximo com o público de chão da escola, poder ouvir e trabalhar conjuntamente, sem uma perspectiva individual ou hierarquizada; a Universidade tem um campo de conhecimento e estudos e os professores da educação básica tem as práticas de trabalho, vivências e experiências. Juntando essas coisas, nós só temos a ganhar!” finaliza Isabel.

Núcleo Gera - O Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Formação de Professores e Relações Étnico-Raciais (GERA) tem sua trajetória iniciada no ano de 2006 a partir dos trabalhos de pesquisa e ensino, relacionando sua consonância com a missão da Universidade e com o disposto no Plano Nacional de Implantação das Diretrizes Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana.

Desse modo, o objetivo precípuo do Núcleo reside no aprofundamento do conhecimento sobre relações étnico-raciais na análise de questões relacionadas à formação educacional e cultural contemporânea a partir da realidade amazônica. Nesse sentido, o GERA integra e colabora na consolidação de discussões e análises mais amplas no processo de reflexão sobre as relações étnico-raciais e sua inserção e importância no universo da escolarização e da formação humana.

Para tanto, promove a reunião de professores da Educação Básica da rede pública e particular de ensino, de pesquisadores, de especialistas, de estudantes de graduação e de pós-graduação de diversas áreas do conhecimento, provenientes de diferentes instituições de ensino superior, especialmente do campo educacional, com o objetivo de debater questões que, atualmente, estão sob o impacto das representações acerca do preconceito e discriminação racial e suas implicações no processo educacional, especialmente quando relacionadas à Formação de Professores.

Texto: Elizandra Ferreira – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Alexandre Moraes