Seminário debate memórias, histórias, tecnologias e arquivos digitais 50 anos depois de 1968
A Universidade Federal do Pará abre espaço para mais um debate sobre o período histórico de lutas e resistência ocorrido na década de 60 e nos dias atuais, com a realização do “Seminário de Ensino de História - 1968, 50 anos depois: memórias, histórias, tecnologias e arquivos digitais”. O evento reunirá, até esta quarta-feira, 28 de março, no auditório do Centro de Eventos Benedito Nunes, no Campus Guamá, em Belém, pesquisadores e estudantes de várias instituições públicas de ensino superior que irão discutir resultados de pesquisas, bem como rememorar os 50 anos de inauguração do Campus Universitário da UFPA.
A programação foi aberta na manhã desta segunda-feira, dia 26, com a presença do reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho; do vice-reitor, Gilmar Silva; do deputado federal (PSOL/PA), Edmilson Rodrigues; do coordenador do Campus de Ananindeua, Francivaldo Nunes; da coordenadora do Programa de Mestrado Profissional em Ensino de História (ProfHistória/UFPA), Edilza Fontes; do coordenador do Programa de Pós-Graduação em História/UFPA, Maurício Costa; da coordenadora do PPGCIMES/UFPA, Marianne Kogut Eliasquevici; a representante do Sindicato dos Professores e Professoras das IFES do Pará (SindProifes/PA), Socorro Coelho; e da representante do Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino Superior no Estado do Pará (Sindtifes), Taís Raniere.
Emmanuel Tourinho destacou a compreensão do ano de 1968 como um período de lutas por direitos, contra a discriminação, contra regimes autoritários e em favor da liberdade. Segundo ele, rever esse momento histórico é importante para pensar os desafios que as sociedades contemporâneas enfrentam, com agendas conservadoras e políticas de supressão de direitos. “O nosso País vive um momento crítico, em que conquistas que vinham sendo acumuladas como resultado das lutas políticas e sociais têm sido ameaçadas, inclusive o direito à educação pública”. Ainda segundo o reitor, como em 1968, as universidades, sobretudo as universidades públicas, têm um papel importante a desempenhar na atual conjuntura. “As lutas sociais na década de 60 foram lutas em que as universidades tiveram um papel importante de organização e resistência. Do mesmo modo, as universidades de hoje precisam constituir-se como ambiente de debate crítico e de defesa dos direitos conquistados”.
Para o vice-reitor, Gilmar Silva, o Seminário abre um espaço importante para o debate porque “serão três dias de diálogo não só sobre o momento histórico de 1968, mas de todo o processo que vem se desenvolvendo até o ano de 2018. É um desafio muito grande, mas sobretudo é um momento importante para nós compreendermos, planejarmos e deslumbrarmos um futuro diferente”.
Durante seu pronunciamento, a coordenadora do ProfHistória e organizadora do evento, Edilza Fontes, falou dos trabalhos realizados pela Comissão da Verdade, os quais resultaram na coleta importante de material para a construção de um acervo digital. “A intenção da Comissão da Verdade é entregar o relatório dia 13 de dezembro de 2018, quando se completa 50 anos do AI-5, e neste momento também vamos lançar o acervo digital que vai conter todos os dossiês de pessoas que fizeram oposição aos regimes militares vinculados à Universidade”.
Para a construção do acervo digital foram disponibilizados R$ 60 mil reais de emenda parlamentar do deputado federal Edmilson Rodrigues. O acervo será composto de mais de 12 mil fotogramas de jornais, correspondências dos reitores com os governos militares e com o FMI, além de todos os 52 depoimentos coletados até o momento de pessoas que viveram as experiências do regime militar.
Programação - O Seminário é uma realização da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); do Mestrado Profissional em Ensino de História (ProfHistória/Ananindeua); do Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia (PPHIST/Belém); Programa de Pós-Graduação Criatividade, Inovação em Metodologias de Ensino Superior (PPGCIMES/AEDI-UFPA/Belém); do Grupo de Pesquisa do CNPq – “Os governos militares na Amazônia: Memórias e História”, além do apoio do Gabinete da Reitoria, Editora da UFPA (EDUFPA) e da Comissão “César Leite” de Memória e Verdade da UFPA.
Após a mesa de abertura, foi exibido o documentário sobre 1968 no Pará. O trabalho consiste na apresentação de depoimentos de pessoas que vivenciaram o período de opressão e de luta por direitos na década de 60 no Pará.
A primeira conferência do dia foi apresentada pela professora Edilza Fontes, intitulada "1968 no Pará": A história de uma geração". À tarde, foram formadas duas mesas-redondas, uma sobre "O movimento Estudantil da UFPA e o ano de 1968: A reforma universitária e as ocupações das faculdades" e a outra "1968, as memórias, a história e a construção de arquivos digitais”, apresentada pelo conferencista Daniel Aarão Reis, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF).
A programação segue nesta terça (27) e quarta (28), em vários locais da Universidade, composta de mesas-redondas, simpósios temáticos, conferências, oficinas e minicursos.
Texto: Ericka Pinto – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Alexandre Moraes
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