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UFPA exibe e discute filme alemão “Adeus, Lênin”

  • Publicado: Sexta, 27 de Abril de 2018, 16h14

FOTO ALEXANDRE DE MORAES

Na última quarta-feira, 25 de abril, foi exibido, no auditório do Centro de Eventos Benedito Nunes, o filme alemão Adeus, Lênin (2003), de Wolfgang Becker. A exibição foi seguida de um bate-papo com a professora Luzia Miranda Álvares e o crítico de cinema Marco Antonio Moreira. O evento é a terceira exibição de filme realizada pela Reitoria da UFPA e ainda houve o sorteio de 3 livros patrocinados pela Editora UFPA.

A produção retrata o período histórico marcante de 1989, pouco antes da queda do muro de Berlim. O filme apresenta, por meio dos personagens principais, o antes e o depois do fim da separação entre Oriente e Ocidente na Alemanha. Nele é retratado o processo de adaptação da RDA (República Democrática Alemã), com a entrada dos costumes ocidentais e do capitalismo na Alemanha socialista.

A história do filme gira em torno de Alexander Kerner e sua mãe, Christiane Kerner, uma dedicada defensora do socialismo. Após ver o filho em um protesto contra o governo, a senhora Kerner sofre um ataque cardíaco e desmaia, ficando oito meses em coma. Durante esse período, drásticas mudanças ocorrem no regime político em que viviam e, ao acordar, seu filho Alexander tenta, a todo custo, esconder a realidade, mantendo-a em uma ilusória Alemanha socialista.

Adeus Lenin FOTO ALEXANDRE DE MORAES 5 1 373x212Durante a exibição do filme e o bate-papo, estavam presentes a pró-reitora de Relações Internacionais, Maria Iracilda Sampaio; o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Rômulo Simões Angélica; e o pró-reitor de Extensão, Nelson Souza Júnior.

Premiações - O filme de 2003, escrito por Bernd Lichtenberg, recebeu mais de 30 premiações em festivais e eventos, entre eles o European Film Awards, o German Film Awards e o Goya Awards, além de ter sido o representante alemão na categoria “Melhor filme estrangeiro” na disputa do Oscar em 2004.

Debate - Após a exibição do filme, ocorreu um bate-papo com a professora Luzia Miranda Álvares e o crítico Marco Antonio Moreira. O debate levantou reflexões sobre o momento histórico e ideológico retratado no filme, as implicações das transformações ocorridas, além de análises e comparações com o contexto político atual.

Para Marco Antonio, o filme conseguiu sair da Europa e fazer uma carreira comercial, sendo distribuindo em vários lugares no mundo, além de receber mais de 30 premiações. “O diretor permitiu que o filme fosse amplamente discutido pela sua temática política, ao retratar a tentativa de um filho de criar uma situação política e social ilusória para que a mãe não sofresse o impacto das mudanças ocorridas, o que ainda rende muitas discussões mesmo após 15 anos desde que o filme foi lançado”, afirma o crítico.

Adeus Lenin FOTO ALEXANDRE DE MORAES 5 2 373x212De acordo com a professora Luzia Miranda, as dissonâncias ideológicas, políticas e os aspectos de mudança na política e na família são excelentes pontos de discussão do filme. “A narrativa levanta os seguintes aspectos: amor de família; história da família mesclada com a história de um país dividido física e ideologicamente; memória e história; crítica aos dois modelos políticos – socialismo real e capitalismo – com a unificação alemã e a queda do muro de Berlim, desmascarando as mazelas que a introdução do capitalismo traz – desemprego, subemprego, baixa assistência social, além da burocracia e do autoritarismo que mascara a sociedade igualitária do socialismo real”, explica a professora.

A professora ainda esclarece que o filme apresenta uma narrativa fantástica para a construção de situações pouco realistas ao desenvolver dois focos: criar o estado de reconhecimento de uma antiga realidade, ao recriá-la por meio de antigos programas de TV, embalagens de produtos já inexistentes etc.; e a discussão sobre o tempo, ao mostrar aprisionamento de uma pessoas em uma outra época. “Outro ponto é o revisionismo histórico: o trauma soviético proposto no filme reabre as feridas do passado alemão, mesclando, ainda, a comédia com o drama”, ressalta Luzia Miranda.

Texto: Matheus Luz - Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Alexandre de Moraes

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