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Professoras da UFPA ensinam português para refugiados venezuelanos

  • Publicado: Segunda, 21 de Maio de 2018, 15h07

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Depois de  enfrentar as dificuldades para atravessar a fronteira entre Venezuela e Brasil, ao chegarem aqui, os refugiados do país vizinho ainda têm outra barreira para enfrentar: a língua. E pensando em ajudar esses venezuelanos, um grupo de professores da Universidade Federal do Pará (UFPA) está realizando aulas de português gratuitas em um abrigo que recebe os refugiados. O trabalho voluntário iniciou-se em janeiro deste ano e atualmente atende a indígenas da etnia Warao.

A iniciativa é da professora do curso de Letras da UFPA, Ana Paula Brandão, com as professoras Marilia Freitas, Gessiane Picanço e Karina Gaya e com o pesquisador Joshua Birchall, do Museu Paraense Emílio Goeldi. Alguns alunos do curso também ajudam nas aulas. A professora Ana Paula já desenvolvia um trabalho com indígenas e isso a motivou a ajudar os venezuelanos. “Eu trabalho com povos indígenas, então sei que a situação para esses povos já não é fácil aqui, no Brasil, imagina para eles que estavam migrando de outro país para cá”, diz.

Primeiros contatos - A professora diz que por ter tido contato com povos indígenas anteriormente e também por falar espanhol, os primeiros contatos com os Warao foram mais fáceis. “Logo no início, nos falaram que, como a cultura deles é diferente, seria um pouco difícil e levaria um tempo para eles terem uma confiança em nós. Mas hoje a gente vê que a nossa relação com os indígenas já é de confiança. Eles ficam bastante à vontade nas aulas”, conta.

Aulas - Nas aulas, os indígenas aprendem o português por temas como profissões, alimentos e outros vocabulários usados na comunicação diária. Segundo a professora Ana Paula, o objetivo não é fazer com que os indígenas tenham uma prática escrita do português, mas sim com que eles consigam se comunicar em atividades comuns, como ir ao supermercado, tirar documentos, entre outras.

“A língua nativa deles tem uma tradição oral, ou seja, eles não escrevem na língua deles, então seria muito difícil começar a querer que eles escrevessem em português. O nosso objetivo é fazer com que eles aprendam o português para se comunicar nas atividades do dia a dia com mais autonomia, sem a necessidade de um intérprete”, completa.

venezuelanos.jpgDe acordo com a professora Ana Paula, muitos indígenas desejam trabalhar aqui. Para isso, é ensinado ainda o vocabulário voltado para o mercado de trabalho. O venezuelano Jesús Paredes é um dos refugiados que participam das aulas e diz que deseja aprender português para conseguir um emprego. “Para mim, é importante estudar e aprender o português para poder falar com os brasileiros e também para conseguir trabalhar aqui."

Preservação da língua nativa - Um cuidado que a equipe de professores da UFPA teve ao ensinar uma nova língua aos indígenas foi fazer com que eles não substituíssem a língua nativa deles pelo português. A professora Ana Paula frisa que a língua faz parte da cultura e da identidade dos Warao, por isso é importante preservá-la.

“Os indígenas já não estão em seu ambiente tradicional, realizando suas práticas tradicionais, então o que ainda preserva alguma coisa da cultura deles é a língua. Se a língua começa a desaparecer, é uma perda de cultura e de identidade para eles, além de ser uma perda do ponto de vista científico, pois representaria que mais uma língua desaparece antes de ter uma descrição e documentação”, ressalta a professora.

Projeto de extensão – A professora Ana Paula conta que a iniciativa já foi oficializada como projeto de extensão da Universidade e deve seguir até o ano que vem. “A gente acredita que vão continuar chegando imigrantes, por isso, talvez a necessidade dessas aulas até aumente. Assim, nós vamos fazendo o que podemos para ajudar quem chega”, diz.

Texto: João Pedro Bittencourt – Assessoria de Comunicação da UFPA
Foto: Divulgação / projeto

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