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Gestação de “boto” em Mocajuba é confirmada por pesquisadores durante check up nos animais

  • Publicado: Segunda, 09 de Julho de 2018, 15h13

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Uma nova mamãe deixou animados os pesquisadores do Grupo de Biologia e Conservação de Mamíferos Aquáticos da Amazônia (BioMA), que une pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Uma das fêmeas do grupo de botos vermelhos (Inia araguaiaensis), que vive na orla da cidade de Mocajuba, no nordeste do Pará, está grávida, e o novo filhote deve nascer em 2019.

“Cara cortada”, como foi batizada a mãe-boto, já vinha sendo acompanhada pelos biólogos e veterinários há mais de três anos e já teve um filhote. “Percebemos alguns sinais de que ela poderia estar grávida, e um exame de ultrassonografia confirmou a gestação, que nos botos dura cerca de dez a onze meses, e o filhote anterior, uma fêmea, já está emancipada. Ela continua frequentando a orla da cidade, mas agora vem desacompanhada”, anuncia Gabriel Melo Santos, integrante do BioMA.

A gestação foi comunicada para o poder público local e comentada com os moradores da cidade. A gravidez de um dos integrantes “é um bom sinal do ponto de vista que esses animais reproduzem mesmo nestas condições e porque é mais um indivíduo para o grupo. Mas é preocupante, porque o filhote certamente será mais incomodado pelos humanos. Por isso é ainda mais importante as ações educativas que evitem situações que causem sofrimento a esses espécimes”, explica o biólogo.

boto4Com a palavra, o boto - Do rio para o imaginário, no último domingo, 8 de julho, durante uma tarde lúdico-educativa na Praça Matriz da cidade, foi um boto quem explicou a crianças e adultos a importância dos mamíferos aquáticos e orientou sobre  os cuidados com o meio ambiente e sobre o convívio com os animais selvagens que já são parte da comunidade de Mocajuba.

O arte educador Leonel Ferreira, vestido a caráter como “boto” - o ser mítico que se transforma em homem, seduz e engravida jovens durantes festas às margens dos rios da região - usou bonecos de peixe-boi, tartaruga e baleia para explicar mais sobre a fragilidade dos mamíferos aquáticos da Amazônia. Os botos sempre se relacionaram com os moradores da cidade e, principalmente, há uma relação com os feirantes do Mercado de Mocajuba e com as crianças e os jovens do município.

boto6Segurança dos botos ainda é preocupação – Para os pesquisadores do BioMA, a interação entre os botos e os humanos deve ser preservada e cercada de cuidados. A fêmea grávida, “Cara cortada”, recebeu esse nome após ter sido cortada no “melão”, num local que é usado para emissão de sons, que, por sua vez, são importantes para a localização dos animais enquanto nadam. Além dela, um macho me machucou no bico após ter sido amarrado com fios de náilon, na orla da cidade. Ambos correram risco de perder a vida.

Outra fêmea, conhecida pelos pesquisadores como “Viti”, por sua descoloração próximo aos olhos, foi encontrada com uma ferida recente. “A outra fêmea apareceu machucada, sem parte da mandíbula. Sabemos que não foi no Mercado de Mocajuba e, provavelmente, ela se machucou em artefato de pesca”, conta Gabriel Melo Santos.

Outro incidente também marcou a expedição. Uma moradora de Mocajuba foi mordida no fim de semana por botos, após tentar dar vários peixes a eles e ter colocado a mão na boca de um dos animais, o que é desaconselhável pelos pesquisadores. “Estamos alertando sobre como deve ser a interação e explicando que os animais não são pets, são animais selvagens, que nunca devem ser tocados, especialmente, próximo à região da boca e de seu orifício de respiração”, orienta o doutor em Teoria e Pesquisa do Comportamento pela UFPA.

Texto: Glauce Monteiro – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Ricardo Calazans e Gabriel Melo Santos/BioMA.

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